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Brasília

Galões de combustível: recipiente é vendido e recusado em postos do DF

Arquivo Geral

28/05/2018 12h06

Breno Esaki

Jéssica Antunes
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Em tempos de desabastecimento, o medo de ficar com tanque seco mobiliza motoristas pelo Distrito Federal. Eles chegam a ficar mais de seis horas em filas quilométricas em busca de qualquer quantidade de combustível para fazer o motor funcionar. Nos últimos dias, os brasilienses passaram a buscar gasolina também a pé, munidos de galões. Nesta segunda-feira (28), oitavo dia de greve dos caminhoneiros, o Jornal de Brasília flagrou a venda do recipiente, mas postos começam a recusar a venda.

Erimar Dantas, comerciante de 30 anos, diz que a intenção é ajudar, já que vende abaixo do preço de custo. “Estou tentando amortecer meu prejuízo por pagar tão caro na gasolina com a venda de galões. Ao mesmo tempo, ajudo o pessoal que precisa ser socorrido ou tem a intenção de socorrer a família”, conta.

Em menos de 24 horas, 80 recipientes foram vendidos por R$ 6. Nos postos, os galões de cinco litros são comercializados por até R$ 20. Nesta segunda, Erimar saiu do Gama, onde mora, e passou por estabelecimentos na Estrutural, em Taguatinga e no Guará. Se convertesse tudo em gasolina, vendida a R$4,88, o lucro do comerciante seria de 98 litros de combustível.

Restrição a galões

Após confusões, postos de combustíveis começam a parar de vender para pedestres com galões. No trecho 3 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o último cliente era o técnico em comunicações José Ivani, de 49 anos. No fim de semana, ele chegou a ficar sete horas em Planaltina para abastecer a R$ 5. “Tenho meio tanque, vou pegar mais 15 litros para garantir que não vou ficar sem. Essa situação é toda complicada. O salário não aumenta”, reclama.

Breno Esaki

De acordo com gerentes de postos ouvidos pela reportagem, havia motoristas que buscavam gasolina em galões para abastecer nas filas, o que prejudicava toda a cadeia de produção. Em Taguatinga e no Gama, pedestres chegaram a brigar. Para evitar transtornos, eles decidiram deixar de vender nos recipientes. Nas bombas de combustíveis de postos na Asa Sul, Guará, SIA e EPTG, o aviso foi colado.

Para o militar Diego Cavalcante, 30 anos, isso deve ajudar na organização dos estabelecimentos. “Existe uma preferência para quem está com galão, e sofre quem enfrenta a fila”, diz. Antes da mobilização que causou desabastecimento, ele chegou a pagar até R$ 4,53. Agora, ele deve completar o tanque do veículo por 0,30 a mais por litro.

Manifestação

Em apoio a greve dos caminhoneiros, veículos do transporte escolar do Distrito Federal se concentram no Setor de Inflamáveis no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), na manhã desta segunda-feira (28), próximo à distribuidora da Petrobras. A expectativa é que 700 carros participem do ato até o fim do dia. O grupo pede redução das alíquotas de todos os combustíveis na capital.

Eudenice Nascimento, presidente da Cooperativa de Transporte Escolar e Turismo do DF (Cootetur) conta que as 3,5 mil veículos que fazem o transporte de estudantes não circulem nesta segunda-feira. A estimativa é que ônibus e vans saiam de todas as Regiões Administrativas do DF e de municípios da Região Metropolitana, como Luziânia, Valparaíso, Cidade Ocidental e Águas Lindas.

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