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Brasília

Em Ceilândia, alunos aguardam reforma do CEM 10 há um ano

Arquivo Geral

06/06/2017 7h00

Atualizada 05/06/2017 22h05

Foto: Myke Sena

Manuela Rolim
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A reforma geral do Centro de Ensino Médio 10 (CEM) no Setor P Sul, em Ceilândia, permanece sem data para sair do papel. Há pouco mais de um ano, o local segue desativado devido às falhas estruturais que comprometem o prédio e ao risco que oferecia aos alunos.

A transferência dos estudantes, funcionários e servidores do CEM 10, localizado na QNP 30, para o Setor de Indústrias de Ceilândia foi uma medida paliativa e sequer amenizou o problema. Pelo contrário, os pais reclamam da distância e do tempo que os filhos levam para chegar à unidade, apesar de o GDF ter disponibilizado ônibus. Agora, o colégio funciona no espaço onde seria o Centro de Ensino Fundamental 29.

Pai de um aluno do 1º ano, o comerciário Dyhone Sena, 46, está revoltado. “Eu moro em frente ao prédio desativado, poderia desfrutar do conforto dessa excelente localização. Meu filho deveria ir a pé para o colégio, mas perde mais de 20 minutos todo dia até chegar ao Setor de Indústrias. Além disso, a violência na região é absurda, fico com o coração apertado quando ele vai para a aula”, diz.

Dyhone ressalta ainda a falta de segurança dentro dos ônibus. “Só tem um instrutor. Até eles estão correndo risco”, completa. O comerciário se sente lesado diante do problema. “Já perdi a esperança. Não acredito que essa reforma saia tão cedo. Pago meus impostos em dia e não tenho direito ao básico”, acrescenta.

Para o filho dele, Brynner Sena, 15, os problemas não param por aí. “Nosso tempo de aula foi reduzido por causa dos atrasos. Antes, os professores começavam por volta das 13h15. Agora, só depois das 13h40. Também saímos mais cedo que o normal, às 17h45, para evitar que escureça e fique ainda mais perigoso”, lamenta.

De acordo com o estudante, o prédio é grande, mas não tem laboratórios, lanchonete e quadras cobertas. “Hoje (ontem), tivemos que fazer as atividades no sol quente”, declara. Brynner nunca estudou no CEM 10 da QNP 30. “Não deu tempo, ele fechou antes. Eu estou mais ansioso pela reforma do que os meus amigos. Preferia estudar perto de casa, mas entendo que a unidade não tinha mais condições de funcionar. Meu colegas contam que as paredes estavam rachadas, as portas estragadas e as pias dos banheiros quebradas”, detalha.

Saiba mais

  • No Setor P Sul, o muro do CEM 10 está completamente pichado. O local aparenta abandono, mas conta com um serviço de segurança 24 horas. Segundo um dos vigilantes, são quatro funcionários no total com plantões de 12 horas cada.
    Com frequência, a comunidade escolar faz manifestações para pedir a volta do colégio.
  • De acordo com o vice-diretor da unidade, Conrado de Souza Ferreira, há cerca de um mês, os cartões de transporte dos alunos foram cortados. O problema é que os ônibus contratados pela secretaria somente pegam e deixam os estudantes no endereço antigo da escola. Eles, portanto, não têm como ir para suas casas.
  • Segundo a Prefeitura Comunitária do P Sul, em 1980, houve um projeto para construir o CEM 10. Em 1983, foi montada a estrutura do prédio e, durante 11 anos, a comu- nidade aguardou a conclusão da obra, ocorrida em 1994.

Vizinha do CEM 10 original, a aposentada Laídes Rocha Rosa, 65, compartilha da mesma opinião. Ela tem uma neta de 14 anos que estuda na unidade. “Essa transferência dificultou nossa vida, inclusive nos dias de chuva. Gostaria de poder levá-la e buscá-la. Se qualquer coisa acontecer, não conseguimos socorrer tão rápido. Os pais ficam indignados”, afirma.

No Setor de Indústrias, o vice-diretor da instituição, Conrado de Souza, pondera que não houve uma junção de dois colégios. “O espaço é usado pela secretaria para abrigar uma unidade por vez que esteja passando por dificuldades. Agora, somente a comunidade do CEM 10 está instalada aqui”.

Adaptações necessárias na rotina

Atualmente, a unidade conta com aproximadamente 780 alunos. Assim que houve a mudança de lugar, eram cerca de 900 matriculados. “Alguns conseguiram ir para outras unidades”, informa o vice-diretor Conrado de Souza. Antes disso, porém, a instituição chegou a ter 1,4 mil estudantes, incluindo o período noturno, que foi fechado por falta de demanda, pouco antes do local ser desativado. Segundo Souza, 280 pessoas frequentavam as aulas à noite.

Para evitar uma redução maior das aulas, foi preciso diminuir o intervalos. “Tínhamos duas pausas de dez minutos cada. Por causa da mudança, fazemos apenas uma. A ideia é que os alunos não percam mais tempo”, declara o vice-diretor, ao lembrar da dificuldade enfrentada pela comunidade na edificação antiga. “Problemas elétricos e hidráulicos, além de vazamento no telhado. Tinha dia que pingava nos corredores. Os pilares externos também estavam todos comprometidos”, completa.

Versão oficial

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação informa que nenhuma obra foi realizada no prédio, tendo em vista que a escola vai passar por reforma geral. No entanto, a pasta “pretende abrir a licitação no segundo semestre deste ano”. O órgão destaca ainda que os projetos arquitetônicos estão prontos, mas faltam os complementares. Questionada sobre os custos da ação, a secretaria não soube informar os valores. “Os projetos estão em elaboração, apenas ao final será possível realizar o orçamento da obra. Enquanto isso, os alunos são transportados por uma empresa de ônibus contratada pela secretaria”, alega a pasta, por meio da assessoria. Em Ceilândia, somente o CEM 10 carece de reforma geral e oferece risco, garante o órgão.

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