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Brasília

“Ela o amava demais, cuidava demais”, diz vizinha de médica suspeita de matar o filho

Arquivo Geral

28/06/2018 11h26

Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília/Cedoc

Jéssica Antunes
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A médica suspeita de ter matado o filho de 3 anos com suposta overdose de medicamentos controlados teria depressão, segundo quem a conhecia. Funcionária da Secretaria de Saúde, ela é lotada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e atua em Sobradinho. Nas últimas semanas, ela teria ficado mais reclusa. O amor pelo filho era evidente, segundo vizinhos e conhecidos. O que realmente aconteceu ainda é mistério.

A mulher ainda tentou tirar a própria vida, provocando ferimentos nos pulsos e no pescoço. Ela foi internada no Instituto Hospital de Base (IHBDF), onde permanece sob supervisão  e custódia da Polícia Civil na ala psiquiátrica. Não há informações sobre o estado de saúde. A criança faleceu na noite de quarta-feira (27), no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

Mistério

Na janela do banheiro ensanguentado no quarto andar do bloco J da 210 Sul, uma camisa infantil da seleção brasileira está pendurada e a luz, ainda acesa. Nesta quinta-feira (28), ninguém esteve no apartamento, dividido por filho, mãe e avó. O local já foi periciado pela PCDF, que levou as chaves da residência.

Funcionários que trabalham no bloco contaram que o menino e a avó brincavam no pilotis do prédio horas antes do ocorrido. “Ele era brincalhão, alegre, esperto. A mãe era tranquila. Ela e a vó faziam tudo pelo menino, amavam demais, cuidavam demais. Não tem como entender o que aconteceu”, conta uma mulher, que pediu para não ser identificada.

Muito próxima da avó da criança, a funcionária relata que, há cerca de duas semanas, houve tentativa de internar a suspeita do crime. “Ela já não descia mais, só para trabalhar. A mãe dela veio de Goiânia para ajudar a cuidar da criança e nem queria viajar para não deixar a filha sozinha, porque estava doente”, diz.

Camisa da seleção brasileira pendurada em janela. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília

Testemunha relata socorro

Morador do 3º andar do prédio, o aposentado Gilberto Santos, 55 anos, foi surpreendido pela campainha e pedidos de socorro no fim da tarde de quarta-feira (27). “Quando desci na portaria, a vi ensanguentada”, conta. Ele e o síndico levaram mulher e criança para o hospital no carro da própria médica. “Pegamos o menino no quarto, e parecia que ele estava dormindo. Não tinha nada de anormal, só no banheiro, onde havia muito sangue. Peguei ele no colo e fomos buscar socorro”, relata.

A notícia da morte do menino chegou por volta das 20h. “Tentaram reanimar, mas vi quando os médicos deram a notícia. Agora estamos esperando por informações do sepultamento da criança”, diz. Gilberto não tinha intimidade com a médica. A conhecia de vista.

Remédio e mamadeira

Ao lado da criança, foram encontradas uma mamadeira e remédios de uso controlado.  O pequeno chegou a ser socorrido e levado ao Hmib, mas não resistiu. O pedido de socorro foi feito às 17h37. A 1ª Delegacia de Polícia Civil, na Asa Sul, investiga o caso como homicídio e tentativa de suicídio.

Uma coletiva de imprensa foi convocada para a tarde desta quinta-feira. Procurada pelo Jornal de Brasília, a Secretaria de Saúde informou que, a pedido da família, não divulgará informações sobre o caso.

Laudo

Somente o laudo do Instituto Médico Legal (IML) vai confirmar a hipótese de overdose levantada pelos investigadores. A médica deve responder por homicídio qualificado, com agravante por ter matado um menor de 14 anos.

O pai da criança, que não teve o nome divulgado, prestou depoimento à polícia ainda na quarta. O casal é separado há quase dois anos, período em que, segundo vizinhos, a médica vive no apartamento da Asa Sul.

A mulher, de 34 anos, se graduou em medicina pela Universidade de Brasília e fez residência em pediatria pelo Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Em 2012, ela foi aprovada no concurso da Secretaria de Saúde para a área de clínica médica. No ano seguinte, foi convocada para atuar no Samu. De acordo com a Polícia, ela estava afastada para tratamento de depressão.

 

 

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