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Brasília

Dividido por regiões, acampamento pró-Lula reúne de crianças a idosos

Arquivo Geral

14/08/2018 15h41

Passeata do MST apoiando a candidatura do Lula. Eixo, Torre. 14-08-2018. Foto: Matheus Albanez/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes
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Os cerca de cinco mil manifestantes ligados ao Movimento Sem Terra (MST) que marcham por Brasília nesta semana levantaram acampamento no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson. Estão programados eventos culturais para o fim do dia, antecedendo o maior ato do grupo. Nesta quarta-feira (15), prazo para registro de candidaturas, eles devem realizar manifestação pró-Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As marchas e o acampamento dividem trabalhadores rurais em três frentes. A Coluna Prestes tem representantes dos estados do Sudeste e do Sul. A Tereza de Benguela, reúne o povo do Centro-Oeste e da Amazônia. A Coluna Ligas Camponesas é composta pelos estados do Nordeste. Na manhã desta terça-feira (14), após longas caminhadas e bloqueios de faixas em três rodovias que complicaram o trânsito na capital, eles se encontraram na Torre de TV e partiram rumo ao acampamento.

Movimento acampa em apoio a candidatura de Lula.  Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

Entre tendas e barracas, crianças e idosos se aglomeram em espaço pré-determinado junto aos órgãos de segurança da capital. Há baldes coletivos para tomar banho e banheiros separados por sexo. Eles vieram munidos de malas, colchões e alimentos e dizem que não receberam um centavo para estar ali.

Amanhã, o grupo deve voltar a impactar o trânsito, já que sairá em direção ao TSE, no Setor de Administração Federal Sul (próximo à Esplanada). Na tarde desta terça, as forças de segurança se reúnem para definir esquema de acompanhamento e segurança.

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De norte a sul

“A reforma agrária popular e o que produzimos em mais de 30 anos servem para construir isso. O MST é autônomo em relação às decisões. Não precisa do PT, que não faz parte da marcha. É o nosso movimento. Eles acreditam na política. A gente acredita no povo”, diz Michelle Capuchinho, 33. A assistente social é de Campo do Meio (MG) e se emociona ao falar da “capacidade de colocar o povo em marcha”.

Ela acredita que registrar a candidatura de Lula à presidência será uma vitória. “Representa disputar um projeto de sociedade, negar o golpe e toda essa tomada de direitos. Acabaram com a democracia quando tiraram uma presidente eleita, e o Lula candidato representa esperança. Ele foi o presidente que mais fez pelo povo brasileiro e ninguém vai tirar isso”, opina. Para Michelle, o ex-presidente é “um preso político”.

De Laranjeiras do Sul (PR), veio Márcio Moreira Passos, 23 anos. O militante e agricultor conta que trabalha na roça e que percorreu mais de 1,5 mil quilômetros para “defender o governo Lula”. “Ele foi preso sem prova de crimes e continua preso por isso. Um grande defeito foi tentar fazer aliados errados”, diz. Para ele, uma possível impugnação da candidatura apenas fortalecerá a luta.

Márcio Moreira Passos: “Um grande defeito foi tentar fazer aliados errados”. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

Assentado na ilha de Mosqueiro há 15 anos, em Belém (PA), Adilson da Silva Assunção, 62 anos, afirma que é a 12ª vez que participa de um ato do MST em Brasília. Ele trabalha com pequena horta de lavoura branca, onde planta mandioca e frutas típicas da região. “Acho que está tudo errado neste País”, opina. Ele crê que o impeachmeant de Dilma Rousseff, em agosto de 2016, e que a prisão de Lula foram fruto de uma armação.

“Isso revoltou o povo camponês e periférico, que agora grita. Muitos nem votariam mais nele. É preciso considerar que a vontade do povo é soberana. Quem manda é o povo brasileiro. Quem está no poder é empregado do povo”, afirma o homem.

Do Nordeste, Lúcia Alves, 57 anos, saiu há seis dias. Agricultora de um assentamento em Campo Formoso (BA), ela é mãe de três filhos adultos, criados com a mão na terra. “Acho que só através do movimento e da luta conseguimos que nossos filhos e netos não se tornem escravos. Estão tirando os nossos direitos podemos virar escravos”, acredita.

 

Movimento acampa em apoio a candidatura de Lula. Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

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