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Brasília

DF registra, em média, 7,5 mil multas aplicadas por dia

Arquivo Geral

28/01/2019 7h00

Atualizada 27/01/2019 22h36

Fotos: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasilia

Manuela Rolim
e Brenda Abreu
[email protected]

Uma média de 7.508 multas foi aplicada por dia no DF somente em 2018. O número total de infrações registradas pela Polícia Militar e pelos departamentos de Trânsito (Detran) e de Estradas de Rodagem (DER) em todo o ano passado foi de 2.740.685.

Nas principais avenidas do DF, é fácil ver motoristas desrespeitando o trânsito. No Sudoeste, por exemplo, o JBr. flagrou, em menos de 20 minutos, um condutor passando no sinal fechado e outro que não respeitou a faixa de pedestres. Os motociclistas também estão na lista dos que desobedecem o Código de Trânsito Brasileiro. Frequentemente, são vistos fazendo manobras irregulares.

Consequentemente, o governo arrecada milhões por ano com a aplicação elevada de multas. Segundo o Detran, até novembro do ano passado, os recursos provenientes de infrações de trânsito chegaram a R$ 109.407.131,17. Já em 2017, o total arrecadado foi de R$ 130.900.822,28.

Para José Maurício de Brito, de 46 anos, açougueiro, “falta sinalização dos pardais. Eles colocam radares que são praticamente escondidos”. Ele reclamou também da quantidade de semáforos na cidade. “Para quê? Tem lugares que têm de mais e onde precisa tem de menos. Nos cruzamentos, por exemplo, quem tem noção de trânsito para, mas quem não tem… passa um motorista embriagado e não para”.

“As multas de trânsito são caras demais. Tudo relacionado ao Detran é caro”, protesta. “Sempre tomo multa em pardal. E o valor das multas, que giram em torno de R$ 130, é muito abusivo”, completa.

Para o entregador de móveis de escritório e escola Raimundo Pereira, 38 anos, um dos problemas é o radar escondido. “A última multa que tomei foi em pardal. Muitas vezes nem vejo que tomei”, diz. E faz um protesto: “tem vias que não têm sinalização correta. Uma hora a placa indica 40km, você anda mais um pouco e já mudou para 60km. Às vezes não dá nem para entender”.

As multas mais recorrentes são: excesso de velocidade (1.784.417), estacionar em lugar proibido (174.038), avanço de semáforo (149.564) e transitar na faixa exclusiva (112.006). Os dados são referentes a todas as categorias da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Em 2017, o número de infrações foi ainda maior: 2.968.918. Naquele ano, as multas mais frequentes foram as mesmas de 2018. São elas: excesso de velocidade (1.866.497), estacionamento irregular (237.512), avanço de semáforo (157.788) e transitar na faixa exclusiva (102.237).

Entregador Raimundo Pereira põe a culpa nos ‘radares escondidos’.


Números

2,7 mi
número total de infrações aplicadas em 2018 no Distrito Federal
109 mi
valor arrecadado pelo Detran com multas até novembro último
1,7 mi
de multas registradas por excesso de velocidade


Educação a longo prazo

Para o Detran, a diminuição discreta do número de infrações de 2017 para 2018 foi devido a presença de viaturas nas ruas. “Os agentes inibem, fazem com que os condutores cometam menos erros. Para este ano, vamos aumentar a quantidade de viaturas nas ruas”, afirma o assessor de comunicação do Detran, Glauber Peixoto.

Para o motorista Alcides Amâncio, 51 anos, não mudou muita coisa. “Todo ano eu levo multa em pardal. Eu acho que a sinalização da via deveria ser a mesma de fora a fora. A mudança da velocidade engana as pessoas”, opina. “Toda hora a gente vê alguém cometendo infração no trânsito, principalmente de semáforo e pardal. Alguma coisa tem que mudar, isso é só pra arrecadar dinheiro mesmo”, salienta.

“Todo ano eu levo multa em pardal. Eu acho que a sinalização da via deveria ser a mesma de fora a fora. A mudança da velocidade engana as pessoas”, Alcides Amâncio, motorista.

O assessor do Detran destaca o que o órgão tem feito para tentar diminuir as multas. “Vamos continuar apostando em ações de educação no trânsito, principalmente, na volta às aulas, no Carnaval e também nos eventos pré-carnavalescos. A ideia é intensificar as campanhas educativas na mídia e colocar as equipes nas portas das escolas e das festas”, explica.

Para o especialista de trânsito Márcio de Andrade, a solução para a diminuição das multas e dos acidentes é só uma: a conscientização da população a longo prazo. “Na minha opinião, hoje, a conscientização é zero. Por que as pessoas insistem em infrigir o Código de Trânsito Brasileiro mesmo com a mídia divulgando, todos os dias, os inúmeros riscos? Porque as campanhas educativas do Detran são somente em situações pontuais, como nas férias, na volta às aulas ou no Carnaval. Isso está errado. As ações precisam ser continuadas”, afirma o especialista.

Folgados: estacionar em lugar proibido rendeu aos motoristas mais de 174.038 multas no ano passado. Fotos: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasilia

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