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Brasil

Conheça a linda história de amor vivida por um neto e uma avó diagnosticada com Alzheimer

Colaborador JBr

09/01/2017 16h11

Atualizada 10/01/2017 12h36

Foto: Reprodução Facebook

Ícaro Andrade
icaro.andrade@jornaldebrasilia.com.br

Benedito Aarão, 29 anos, e Adelina de Sousa Sales, 84, comovem corações de milhares de brasileiros diariamente. Moradores da cidade de Águas Claras, no Distrito Federal, todos os dias eles mostram para diversos internautas o cotidiano de duas pessoas que, apesar das dificuldades, encontram motivos para sorrir. Benedito e a avó, diagnosticada com Alzheimer há nove anos, vivem juntos uma “novelinha” no Youtube e no Facebook, onde o jovem mostra aos telespectadores como é a convivência com a doença.

A ideia dos vídeos surgiu pouco depois que a família descobriu a doença. O rapaz abriu mão do emprego e de outras oportunidades para cuidar da avó. Inicialmente, a intenção das publicações era mostrar para os amigos de escola e do serviço, o quanto a vózinha era legal e divertida.

“Todos os meus amigos já se apaixonaram por ela logo depois do primeiro vídeo. Em determinado dia, meu Facebook amanheceu com sete mil seguidores e isso foi só aumentando”, conta Benedito. “Eram vários relatos de pessoas que eu nem conhecia dizendo que amavam a vózinha. Gente com depressão, pessoas que perderam um ente querido. Não esperava por isso e nem imaginava que poderia ajudar outras pessoas em situações difíceis”, complementa. Atualmente, o canal tem mais de 500 mil seguidores no Facebook, quase 100 mil inscritos no Youtube e 200 mil na Fanpage.

Convivência 

Ao falar da infância com a dona Adelina, o youtuber diz que foi um neto muito paparicado, tinha tudo nas mãos e amor acima de tudo. “A preocupação era demais comigo. Era comida no prato e ela não podia me ver descalço. Sempre tivemos um contato muito de perto e agora estamos mais próximos ainda”, emociona-se.

Com o tempo, a família percebeu que a idosa apresentava falhas na memória. Frequentemente ela esquecia os nomes dos filhos, o caminho de volta pra casa ou onde havia colocada a bolsa. Com o tempo, isso passou a preocupar os familiares.”O estranho é que ela não se esquece de coisas do passado, mas somente as do cotidiano”, relata o neto. “Ela se lembra de coisas que aconteceram há muito tempo, mas se perguntar se ela já tomou banho hoje ou se comeu, ela não se lembra”, reforça.

Benedito pontua que o amor tem sido essencial para conviver com a avó. “Tenho uma ligação muito forte com ela, gosto de estar no mundinho dela e com isso venho aprendendo muita coisa, vou carregar para a vida toda”, garante.

A doença

O chefe do Centro de Medicina do Idoso (CMI), doutor Marco Polo, explica que o Alzheimer é um tipo de demência específica neurodegenerativa, cujas causas diretas e imediatas ainda não foram identificadas. Segundo ele, a doença tem a ver com a hipertensão não tratada na meia-idade, diabetes, tabagismo, sedentarismo e colesterol elevado. Dois fatores socioambientais relacionados ao Alzheimer podem também ser o baixo nível de escolaridade e depressão não tratada na juventude.

De acordo com o médico, a evolução da doença pode ocorrer em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infartos silenciosos. Ele ainda alerta que os primeiros sinais ocorrem quando a pessoa apresenta lapsos de memória em situações cotidianas.

“O problema começa quando a pessoa deixa de fazer coisas que fazia antes sem perceber. Diante disso, é necessário ficar em alerta, pois o indivíduo pode também começar a diminuir as atividades mais elaboradas do cotidiano. Problemas de locomoção, perda de capacidades aprendidas e dificuldade em lidar com o próprio dinheiro são sinais para ficar em alerta”, orienta.

Marco Polo revela que ainda não há atividades para retardar ou evitar o agravamento da doença. “A família deve se apropriar de conhecimentos adequados e buscar orientação de uma equipe médica sobre o Alzheimer”, diz o especialista.

“Nosso diagnóstico também é para a família, um suporte para o paciente. Os familiares precisam aprender a lidar com a doença. Quando a participação e empenho são feitos, tudo fica mais fácil de lidar. Costumo dizer que se você não pode curar, é necessário, antes de tudo, ter atenção, amor e carinho. O resultado será muito mais gratificante para todos” conclui.

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