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Brasília

Comunidade judaica festeja o Hosh Hashaná

Com sinagogas fechadas, famílias da comunidade celebram virtualmente

Vítor Mendonça

18/09/2020 7h34

A celebração judaica do Ano Novo judeu – Rosh HaShaná -, que acontece hoje, e o Dia do Perdão – Yom Kipur -, em 27 de setembro, terão de ser adaptadas para as celebrações on-line durante a pandemia do novo coronavírus.

No Distrito Federal, assim como em grande parte do planeta, as solenidades tradicionais, comumente repletas de membros da comunidade, serão comemoradas de dentro das casas das 250 famílias presentes na capital federal.

“Estamos fechados desde março. Nosso primeiro desafio foi o Pessach [celebração da páscoa judaica]. Resolvemos fazer a veiculação das grandes festas de forma on-line e teremos uma pequena reza com o máximo de 20 pessoas presentes [nas sinagogas presentes no DF]”, explica a presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília (Acib), Tamara Socolik. Este é o planejamento para a festa do ano novo.

A Torá – livro sagrado do Judaísmo – será aberto e lido na solenidade. O livro sagrado dos judeus ortodoxos só pode ser aberto com no mínimo 10 judeus presentes.

“Tomaremos todas as medidas de segurança para poder tornar isso possível. Está sendo um desafio, mas são as novas contingências que temos que enfrentar para manter as tradições de quase 6 mil anos nesse acontecimento de agora [pandemia]”, afirmou Tamara.

Estas costumam ser algumas das maiores festividades do calendário judaico, quando mais pessoas vão à sinagoga – não só em Brasília, como em todo o Brasil e mundo -, principalmente o Yom Kipur, segundo Tamara. “Pela primeira vez vamos ver como será sem a comemoração presencial, com todas as pessoas que estamos acostumadas a ver pessoalmente, se encontrarem pelo Zoom, veiculada à distância pela internet”, disse.

“Então é um aprendizado para todos nós. Não deixaremos de sentir a importância desses dias, porque são solenes. Ao mesmo tempo que comemoramos com expectativa o ano novo, é um momento de reflexão e julgamento próprio. Não deixaremos isso de lado, mas vamos nos adaptar.”

Representações

O Rosh Hashaná – que significa cabeça (Rosh) de ano (HaShaná) – celebra a criação do homem e da mulher, que segundo a tradição judaica, foram criados há 5.781 anos. Este é o número celebrado na data de hoje, por volta das 18h. É o momento, de acordo com Tamara, para desejar um ano novo “bom e doce”, por isso a simbologia do dia é feita com alimentos doces.

“O principal e mais simbólico é a maçã com mel, justamente para entrar no ano novo com muita doçura e leveza. A gente tem a Challah também [um pão de formato redondo nesta solenidade, que representa a infinita continuidade das bênçãos de Deus].”

Sarah Behar, 71 anos, uma das judias apaixonadas pela pátria judaica no Brasil, explica que esta costumava ser uma data em que celebrava com muitos amigos e familiares, sempre ressaltando os costumes de sua nacionalidade. Ela se lembra de receber as maçãs com mel. São lembranças especiais, segundo ela.

“Também existe a tradição de colocar a cabeça de peixes na mesa para que sempre lembremos que Deus nos chamou para ser cabeça e não cauda [como é relatado no último livro da Torá, Deuteronômio, no capítulo 28, versículo 13]. Também me lembro que os professores nos davam romã com mel, já que pelas muitas sementes, significam prosperidade para o novo ano”, comentou.

Já o Yom Kipur, comemorado no 10º dia seguinte ao ano novo, ainda não tem definição de como será celebrado, mas provavelmente se dará da mesma forma. “Veremos como será porque é um dia inteiro de jejum sem água e comida para refletir sobre quem fomos e o que fizemos. Pedir perdão, perdoar outros, se perdoar. É uma coisa do homem com Deus e do homem com o próximo”, relatou a presidente da Acib.

No Brasil, são aproximadamente 80 mil pessoas participantes da comunidade judaica que também participarão da solenidade de forma remota. Tamara aproveita para transmitir a todos a vontade da comunidade para o novo ano: “Desejamos, não só aos judeus, mas a todos os brasileiros e ao mundo, que todos tenhamos um ano bom e doce, com muita saúde e equilíbrio para todos”.

Em outras palavras, neste caso hebraicas, as felicitações são expressas como “Shaná Tová uMetuká!”, isto é, “Um ano bom e doce”.

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