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Brasília

Feminicídio: ‘Como ele a sustentava, achava que a mulher era propriedade dele’

Arquivo Geral

10/12/2018 14h49

Franciele da Silva Moreira. Foto: Divulgação.

Ana Karolline Rodrigues
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“Era um homem extremamente ciumento”. A definição dada pelo delegado Adval Cardoso de Matos se refere ao vigilante  Cláudio da Silva Rosa, 43 anos. Com a ajuda do filho, ele teria matado Franciele da Silva Moreira, 22 anos. Ela foi assassinada na chácara em que o vigilante vivia, próxima à BR-080, em Brazlândia, em dezembro de 2016. A prisão preventiva dos agressores ocorreu nesta segunda-feira (10).

Segundo o delegado-chefe da 18ª DP, Franciele manteve um relacionamento com Cláudio por quatro anos, e havia rompido com ele pouco antes do ocorrido. Por não aceitar a decisão da jovem, o vigilante a matou. “Como ele a sustentava, achava que Franciele era propriedade dele. Criava perfil falso no Facebook para acompanhá-la, enviava outras pessoas para observá-la durante o dia. Era doente”, constata.

Matos explica que Franciele havia terminado o relacionamento devido a recorrentes ações agressivas de Cláudio. A jovem teve que abandonar o emprego em um atacadão em Taguatinga por conta de uma crise ciúme do então companheiro. “Ele fez um escândalo no supermercado. Ameaçou funcionários porque ela tinha feito amizade com eles”, disse.

 

Cláudio da Silva Rosa. Foto: Divulgação.

O assassino teve a ajuda do filho, o comerciante Wilker da Silva Rosa, 24 anos, para concretizar o crime. O delegado conta que Cláudio chamou Franciele para um encontro na chácara, afirmando que queria reatar o relacionamento. No entanto, tudo já havia sido planejado. Após discussões, o vigilante e Wilker asfixiaram a jovem e a levaram em um carro rumo ao Poço Azul, área rural de Brazlândia, para enterrá-la.

Franciele havia chegado à chácara de motocicleta. Segundo a polícia, veículo teria sido enterrado junto ao corpo da vítima – embora até agora nada tenha sido encontrado. De acordo com o delegado,  Wilker era bastante próximo ao pai, mas tinha raiva de Franciele por ela ter sido o pivô da separação dos pais, que ficaram casados por cerca de 30 anos.

Wilker da Silva Rosa. Foto: Divulgação.

De acordo com o delegado, ambos os acusados negam os crimes afirmando não haver provas, uma vez que o corpo ainda não foi encontrado. Entretanto, Matos confirma que a polícia reuniu ‘provas de sobra’, além dos vários testemunhos de pessoas próximas a eles.

Premeditação

Cláudio também é acusado de falsidade ideológica. Antes de cometer o feminicídio, o vigilante habilitou dois números de telefone de terceiros para conversar com Wilker e planejar o assassinato. “Foi totalmente premeditado porque ele habilitou estes dois números antes do crime e foi uma forma de desviar o foco das investigações”, afirmou o delegado.

Alguns meses após o registro de desaparecimento de Franciele, a polícia passou a investigar o acontecimento como assassinato. Matos explica que como os acusados usavam outros números de telefone para se comunicar, a polícia teve dificuldades em chegar até os agressores. Neste ano, após o andamento das investigações, conseguiram identificar os suspeitos. “A gente já tinha certeza da autoria, mas faltavam mais provas para a prisão, que conseguimos agora”, informou.

Cláudio já tinha passagens na polícia por furto e ameaças de agressão a outras pessoas. Por conta dos crimes, pai e filho podem pegar uma pena de até 40 anos de prisão, caso sejam condenados.

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