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Brasília

Após 38 anos de buscas, mãe encontra filho perdido

Arquivo Geral

25/04/2019 9h00

Atualizada 26/04/2019 11h45

Foto: Vitor Mendonça/Jornal de Brasília

Ana Karolline Rodrigues
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Mais um capítulo da impressionante história de Sueli Silva, 56 anos, passou a ser escrito nessa quarta-feira, dia (24). Em 1981, ela teve seu filho, Luiz Miguel, roubado na porta do Hospital Regional do Gama (HRG). Com grande ajuda de investigações da Polícia Civil do Distrito Federal, após 38 anos de buscas, Sueli, hoje, aposentada, recebeu o resultado positivo para o parentesco atestado pelo exame de DNA. Logo após a tão esperada resposta, mãe e filho conversaram pela primeira vez por videoconferência nessa quarta. “Eu não consigo dimensionar, não tenho como medir esse sentimento”, disse, emocionada.

Ao Jornal de Brasília, Sueli relatou que seu filho foi levado, no dia 11 de fevereiro de 1981, por um casal que a mesma conhecia. Ela, que, junto aos quatro irmãos, foi deixada pelo avô em um orfanato em Corumbá de Goiás ainda quando tinha 9 anos, cresceu no abrigo sofrendo diferentes formas de abusos por parte de membros do local. Segundo Sueli, um casal que trabalhava no chamado Instituto Corumbá que sequestrou a criança naquela data. “Eu fui ganhar o neném no dia 9 de fevereiro. No dia 11, eu tive alta e amamentei o meu filho. O mesmo casal que me levou para o hospital foi o mesmo que foi me buscar e com eles tinha uma terceira pessoa sentada no banco de trás. Eles falaram para eu entregar o neném e ir fazer uma ligação. Quando eu voltei, meu filho já não estava mais lá”, narrou.

Por depender financeiramente da vida que tinha no orfanato, Sueli contou que após perder o filho ainda continuou vivendo naquele ambiente por necessidade. No entanto, assim que conseguiu uma independência financeira, tirou os irmãos do local e passou a procurar pelo filho. Em 2013, ela enviou uma carta pedindo ajuda à PCDF. Após profundas investigações, a mãe descobriu, no dia 8 de abril deste ano, que o filho estava vivo e morava na Paraíba. Hoje, ele leva o nome de Ricardo Araújo.

“Em alguns momentos eu confesso que tinha dúvida, me perguntava se ele estaria vivo mesmo. Mas algo dentro de mim muito mais forte me dizia para continuar procurando, para continuar insistindo. Foi isso que me fez procurar a Justiça em 2011. Então, escrevi uma carta pedindo ajuda para a polícia”, disse. “A minha esperança foi aumentando de forma paulatina em meados do ano passado, quando o delegado me ligou para pegar mais informações e começou a fazer perguntas que outros não tinham feito. Ele me disse que estava emocionado com meu caso, pegou esse caso com paixão mesmo. E até que tive essa notícia agora. Não tenho palavras para direcionar sobre esse dia, foi muito forte. Eu estou em estado de êxtase, parece que estou levitando”, completou.

Foto: Vitor Mendonça/Jornal de Brasília

Polícia Civil investigava desde 2013

De acordo com o delegado Murilo de Oliveira, da 14ª DP, responsável pelo caso, as investigações para encontrar o filho de Sueli se dão desde 2013. “Independente dessa responsabilização penal dos envolvidos, o que a motivou foi uma busca por resposta sobretudo humana. Essa senhora fez um pedido de socorro em 2013 por meio de uma carta de próprio punho. A investigações prosseguiram ao longo dos anos, com muita dificuldade, mas no final conseguimos encontrá-lo no estado da Paraíba, no município de Arara. Atualmente se encontra naquela localidade”, afirmou.

“Ela teve seu filho subtraído de forma covarde por um casal enviado a mando da dona do orfanato. Foram muitos anos de investigação, afinal não tinha nenhuma chave de pesquisa”, acrescentou.

No final do ano passado, a polícia constatou a morte de uma mulher no interior da Paraíba que estava entre os suspeitos do caso. A partir deste momento, todas as investigações foram direcionadas para o município de Arara. “Quando foi questionada a idade do filho mais velho do casal, eles falaram 38 anos. A partir daí, os indícios foram válidos e conseguimos, então, realizar o exame de DNA de forma conclusiva”, finalizou Murilo.

Saiba Mais

Segundo o delegado do caso, os envolvidos no crime não podem mais ser detidos pela época em que o sequestro ocorreu. “Em razão da data em que os fatos ocorreram, muitos deles já tinham a punibilidade extinta, ou seja, não eram alcançados pela lei, seja pelo decurso do tempo, porque nós estamos a falar de mais de quatro décadas, ou até mesmo por conta da morte dos principais atores envolvidos”, disse.

Segundo Sueli, ela e Ricardo agora planejam se encontrar pessoalmente na próxima semana, após ele finalizar um curso que faz em João Pessoa.

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