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Brasília

Acidente de trabalho: quando o serviço vira perigo

Arquivo Geral

16/10/2018 7h00

DIVULGAÇÃO

Raphaella Sconetto
Lígia Vieira
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Riscos de acidentes de trabalho no DF alcançam 12% nos hospitais; 6,57% nos correios; 5,13% na construção civil; 4,14% no comércio varejista e 3,5% na coleta de lixo. As informações, do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, sinalizam alerta.

“São setores que apresentam um grau de risco maior de acidentes, que acontecem em ritmo corriqueiro”, avalia o técnico em segurança do trabalho Kelvison Vieira da Rocha, que também atua como advogado trabalhista.

Na construção civil, aponta, os casos mais comuns são de quedas – humanas e de material. Na indústria, o caso mais recente ocorreu em uma fábrica de adubo. José Nilson Martins de Oliveira, 34 anos, fazia a manutenção em equipamento triturador quando teve o braço esquerdo decepado.
Socorrido por um helicóptero do Corpo de Bombeiros do DF, ele foi encaminhado ao Instituto Hospital de Base (IHB) para tentativa de reimplante do membro.

Leia Mais: Acidente de trabalho: oito se machucam por dia no DF

Contaminação

O setor de saúde também oferece riscos graves. “O profissional pode se furar com uma agulha, sofrer um corte de bisturi e até contrair HIV, hepatite ou uma outra doença contagiosa”, adverte o especialista em segurança do trabalho.

Foi o que aconteceu com o técnico em auxiliar de enfermagem Gabriel Sousa, 38 anos. Enquanto fazia a desinfecção de mangueiras destinadas a um procedimento cirúrgico, uma delas caiu no chão, ele tentou pegá-la e as outras caíram em seu rosto. Gabriel não usava óculos de proteção, equipamento que, segundo conta, não estava disponível para todos os operadores.

“Veio um jato de secreções e sangue na minha boca e nos meus olhos”, relembra. Poucos meses depois, ele descobriu que contraíra o HIV. Além da falta dos óculos de proteção, o prontuário do paciente, conta, não indicava que ele tinha o vírus causador da aids.

Gabriel tentou voltar a trabalhar, mas foi impedido, pois o ambiente hospitalar oferece mais riscos de contrair outras doenças e infecções. Atualmente, evita até entrar em hospitais. “Eu tenho crise hipertensiva quando vejo sangue.”

Segurança

Com essa experiência trágica que mudou sua vida, Gabriel aproveita para alertar os profissionais de sua área: “Eu sei que quem está em hospitais trabalha com o improviso e que você só quer ajudar o paciente, mas você deve pensar na sua segurança também. Anote tudo nos relatórios e realize os protocolos quando algum acidente acontecer”.

Kelvison Rocha indica que é preciso investir na cultura de prevenção. “A iniciativa deve partir do empregador, do governo e dos trabalhadores. Todos têm que entender os mecanismos de prevenção”, diz.

Ele destaca a necessidade de aumentar as ações preventivas. “Precisamos ter mais campanhas educativas, implementar a discussão nos cursos, de nível básico, superior ou técnico. A responsabilidade não é única dos trabalhador; essa visão é dos anos 1990”, aponta. O Estado tem de ter mais políticas públicas de segurança no trabalho.”

Correios em destaque

No DF, os Correios também ganham destaque entre os setores com mais registros de acidente de trabalho – a categoria aparece em segundo lugar nesse ranking. Carteiros, em especial, estão sempre expostos a riscos, como assaltos, ataques de animais e acidentes de trânsito.

Com base nessa constatação, a Empresa de Correios e Telégrafos diz promover campanhas de conscientização – como uma semana inteira destinada à prevenção de acidentes. Por meio de nota, a empresa informa que acompanha e dá assistência em caso de acidentes no ambiente de trabalho.

“Todas as medidas preventivas e corretivas são adotadas visando à investigação do acidente e o acompanhamento da saúde do empregado”, explica o material informativo divulgado pelos Correios.

Carteiros aparecem em segundo lugar no ranking: riscos de assalto, ataque de animais e acidentes de trânsito. Foto: RAFAELA FELICCIANO/CEDOC


Saiba Mais

Também são considerados acidentes de trabalho aqueles que ocorrem no trajeto residência-trabalho-residência. Nesses casos, são denominados de acidente de percurso. Em 2015, o DF teve ao menos 1.405 ocorrências desse tipo. Em 2016, esse número saltou para 1.551.

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