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Brasília

A guerra de Luís Miranda nos tribunais

Deputado e denunciante trocam processos. Indiciado após acusação de extorsão, youtuber Mário Cavanha contesta ação alegando litigância de má-fé

Marcus Eduardo Pereira

18/09/2019 5h54

Mauro Cavanha – youtuber que denuncia possíveis golpes de Luis Miranda foto : arquivo pessoal

Guerra judicial no caso Miranda

Indiciado após acusação do deputado, Mauro Cavanha o acusa de “litigância de má fé”

Pedro Marra
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A disputa entre o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e aqueles que o acusam de ter aplicado um golpe virou uma verdadeira guerra judicial. Acusado de cometer golpes de investimento contra supostos sócios no Brasil e Estados Unidos, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) entrou com requerimento policial contra os denunciantes alegando sofrer extorsão, difamação e incitação ao crime de ameaça. Em razão das reclamações de Miranda, os acusadores chegaram a ser indiciados e respondem a inquérito na Polícia Civil do Distrito Federal.

Uma das pessoas que publicou vídeos com reclamações aos negócios de Miranda foi o advogado Mauro Cavanha, 34 anos, que mora em Los Angeles (EUA). No dia 11 de junho de 2018, ele fez uma contestação contra o parlamentar na 1ª Vara Cível do Foro Regional de Campo Largo, instância da região metropolitana de Curitiba (PR).

Cavanha não é uma das supostas vítimas de Miranda. Ao Jornal de Brasília, ele afirmou que não investiu dinheiro com o atual parlamentar. Quando, porém, começou a receber denúncias desses investidores, considerou que deveria usar seu canal no Youtube para dar publicidade ao caso.

“Eu comecei a fazer críticas sobre esses negócios, e dizia (nos vídeos) que investimento com lucro certo não existia em nenhum lugar do mundo. Não sofri nenhum golpe e nem fui lesado materialmente pelo Luis Miranda. Mas comecei a sofrer intimidações e ameaças, além do processo que também a gente percebe que se deu de uma maneira intimidatória”, relata.

Flores

Segundo Cavanha, um homem chamado “Flores” – que segundo ele, trabalhava com Luis Miranda –, ofereceu dinheiro a ele com o intuito de pagar todo o lucro que estaria tendo com os vídeos do YouTube, em que ele reclamava dos negócios do hoje deputado federal. “Ele me pediu que eu desse um valor a isso e passasse para ele, que ele me pagava o valor que fosse. Mas ele nunca me ofereceu um valor fixo, e eu nunca tentei negociar valor algum”, afirma.

“O Luis Miranda, pessoalmente, nunca me ofereceu dinheiro. Mas perguntou qual era o meu preço. Obviamente eu nunca dei preço para ele, e nunca me dispus a tirar vídeo do ar por qualquer valor que fosse”, completa.

Na ação que move contra Cavanha e seus demais acusadores, o deputado pede uma indenização por danos morais.

Já na contestação que fez, Cavanha inverte o pedido. Alega que ele e os demais denunciantes é que teriam direito a indenização por danos morais.

Cavanha também acusa na contestação o deputado de “litigância de má fé”, porque, segundo ele, fatos teriam sido distorcidos para produzir a versão da extorsão.

Leia a íntegra da contestação

 

“Tira os vídeos do ar agora”

Num áudio, gravado em 23 de maio do ano passado, Luis Miranda pede para Mauro Cavanha retirar as reclamações feitas no YouTube.

“Tira os vídeos do ar agora, bloqueia os vídeos. Eu estou te tratando como vítima. Porém, se você continuar f**** com a minha vida igual você está (…). Mas eu quero que você faça isso agora, bota (o vídeo) só para você. Daí, você conversa comigo. (…) Mas eu acho que você tem que dar uma chance para a gente se entender. Só estou te tratando assim porque você para mim é um trunfo”, diz o deputado.

Ouça o trecho completo da conversa

Em outro áudio, de 21 de maio de 2018, Cavanha diz que o deputado conduziria o processo no Brasil porque aqui haveria mais chance de êxito do que nos Estados Unidos, onde a Constituição e as leis seriam mais precisas quanto à liberdade de expressão.

No inquérito aberto pela Polícia Civil, Cavanha foi indiciado. Isso não significa necessariamente que é culpado ou mesmo réu, apenas que está sendo investigado.

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