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Brasília

Escola particular Marechal Duque de Caxias funciona ilegalmente em Brasília

Lindauro Gomes

16/04/2019 14h30

Escola de modelo militar funciona ilegalmente em Brasília

Márcia de Amorim Torres
Especial para o Jornal de Brasília

Com a chegada do capitão do Exército Brasileiro Jair Messias Bolsonaro ao poder nas últimas eleições, abriu-se uma janela para o reconhecimento do ensino militar, onde se prega a disciplina e uma moral ilibada.

Em Brasília, desembarcou no dia 11 de outubro de 2018 a Rede de escolas colégio Marechal Duque de Caxias em uma cerimônia com toda pompa e circunstância. Seus princípios são fruto da convicção e do pensamento de pessoas que acreditam no civismo e na educação como meios de desenvolvimento de uma nação. Não é bem isso que vem acontecendo na Capital da República e 4.300 alunos cursando desde o ensino básico até o médio estão com o ano levito em risco.

A rede da escola Marechal Duque de Caxias abrange quase todo o Distrito Federal, com unidades em Vicente Pires, São Sebastião, Gama, Samambaia, Taguatinga Norte, Taguatinga Sul, Areal, Recanto das Emas, Ceilândia, Asa Norte, Asa Sul e uma unidade em Valparaíso de Goiás.

Com um sonho de educação de qualidade e um bom preço, milhares de pais matricularam seus filhos e estão se dando conta que podem ter caído num verdadeiro conto do vigário.

Segundo a Secretaria de Educação do GDF (SEEDF), foram recebidas inúmeras denúncias com relação à situação das unidades da rede de colégios Marechal Duque de Caxias.

As denúncias podem ser constatadas nas redes sociais da instituição. Vários pais denunciam que na unidade da Asa Sul as cadeiras são insuficientes para os alunos. A escola ficou faltando água por uma semana, goteiras no teto  e até mesmo fiação exposta estão colocando os alunos em risco.

Em nota divulgada pela Secretaria, foi informado que as unidades da instituição foram inspecionadas e as seguintes irregularidades foram constatadas:

As unidades localizadas na Asa Norte e na Asa Sul não possuem credenciamento nem autorização de funcionamento. Elas vêm funcionando de forma irregular.

A unidade de Vicente Pires não possui autorização de funcionamento do ensino médio. Foi solicitado junto à secretaria a mudança de denominação da mantenedora. O nome oficial da escola é Centro Educacional Vicente Pires e não houve um pedido de mudança de nome para Escola Marechal Duque de Caxias

Em São Sebastião, o nome real da unidade é Escola Fundamental Paraíso. Foi solicitado apenas para mudança de denominação da mantenedora.

Em Taguatinga Norte, o nome real da unidade é Colégio Conexão e não existe  processo  para mudança de nome, nem de mudança de denominação de mantenedora.

Em Samambaia e em Águas Claras, há processo para mudança de mantenedora, porém, as providências para a regularização da mudança não foram realizadas.

A Secretaria de Educação do DF concedeu prazo até 17 de abril para que a mantenedora tome todas as providências para a regularização das unidades inspecionadas.

Atraso no pagamento

Pais da unidade de Taguatinga Sul foram surpreendidos na última quarta-feira (10) ao chegaram na unidade e constatarem que os professores estavam fazendo uma paralisação por falta de pagamento dos seus salários.

O professor Rodrigo de Paula, diretor jurídico do Sindicato de Professores de Escolas Particulares do DF (Sinpro-DF) e o advogado Jean Ricardo informaram que a rede de escolas já foi notificada diversas vezes pela falta de pagamento dos professores e o registro em carteira de trabalho. Mas até hoje a rede de escolas não se pronunciou.

Segundo a direção da rede, foi pedido aos funcionários no momento de sua contratações que abrissem uma conta salário no banco Santander.  Mas eles alegaram que muitos funcionários ainda não providenciaram sua conta.

“Existe uma dificuldade enorme de fazer este pagamento porque é preciso sacar o dinheiro, ir no banco onde o funcionário tem conta para fazer o depósito”, informou a direção das redes da escola.

Por falta de resposta, o sindicato denunciou a escola para o Ministério Público do Trabalho (MPT).  A audiência de conciliação entre a entidade e o estabelecimento de ensino está agendada para o dia 24 de abril com o procurador Marici Coelho de Barros Pereira.

Falta de Comunicação

Muitos pais reclamaram que não existe um canal de comunicação com a direção da rede de escolas. Alegam que até o momento não foram chamados para uma reunião sobre os problemas que diariamente vêm sendo denunciados. Os alunos fizeram uma avaliação diagnóstica mas até o momento não receberam o resultado.

Muitos reclamaram que o WhatsApp anunciado nas redes sociais da escola não funcionam. Por meio de um comunicado nas redes sociais da instituição, foi solicitado que se dirijam à unidade em que seus filhos estão matriculados para receberem maiores esclarecimentos. Muitos pais consideram impossível essas reuniões acontecerem por causa da quantidade de alunos.

Respostas às denúncias

Segundo a direção da rede de escolas Marechal Duque de Caxias, os problemas que estão aparecendo são porque alguns prédios da rede foram alugados, como o da unidade da Asa Sul.

A diretoria informou à reportagem que já reformou o telhado da unidade da Asa Sul e que tenta resolver os problemas que aparecem diariamente.

A direção informou ainda que o WhatsApp divulgado não está funcionando em virtude da quantidade de mensagens que chegam todos os dias e que o aplicativo anunciado também não está funcionando. Segundo a direção da rede da escola, a ouvidoria ainda está sendo estruturada.

Comunicado publicado pelo colégio em suas redes sociais. Foto: Reprodução/Instagram

Em comunicado divulgado nas redes sociais, a direção informou que as denúncias serão apuradas. Mas solicitaram que os pais se dirijam a unidade de seus filhos e agendem uma reunião com a direção.

A direção da rede da escola admitiu sua inexperiência e falou que aprende diariamente. “Estamos tentando trocar um pneu com o carro andando”, afirmou. Conforme a diretoria, até a primeira quinzena de janeiro, eram 1.000 alunos matriculados. Hoje, já são quase 4.300 e as matrículas ocorrem diariamente.

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