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Brasília

Vítima denuncia servidora em outro caso de venda de cirurgia no HRT

Em março, Ruby Lopes teria cobrado R$ 1.250,00 de uma idosa para uma cirurgia no HRT. Novas gravações, obtidas com exclusividade pelo Jornal de Brasília, reforçam denúncia

Arquivo Geral

28/05/2019 12h30

Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Foto: João Stangherlin/Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues
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Após um esquema de vendas de cirurgia dentro do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) se tornar alvo de um processo administrativo instaurado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, uma nova denúncia envolvendo a supervisora de emergências do HRT, Ruby Lopes, expôs outra negociação de cirurgia realizada por ela. Segundo uma fonte que preferiu não se identificar, em março deste ano, a servidora pública cobrou R$ 1.250,00 de uma idosa para uma cirurgia no HRT de retirada de pedras na vesícula. Novas gravações, obtidas com exclusividade pelo Jornal de Brasília, reforçam denúncia.

De acordo com a fonte, sua mãe, de 76 anos, precisava realizar o procedimento com urgência e, após indicação de um amigo, procuraram por Ruby para conseguir a marcação da cirurgia. “Minha mãe estava com pedra na vesícula e tinha que fazer a cirurgia, só que a gente não estava conseguindo. Aí ela estava no hospital e falou que poderia arrumar. Isso no Hospital de Taguatinga”, contou.

“A gente pegou e foi conversar com ela. Só que ela falou que precisava de 1.250 reais para comprar um tal de um material que estava faltando. Mas ela falou que não era para a gente acertar isso no hospital, que era para acertar na casa dela”, completou.

Segundo ela, foi necessária que a família fizesse uma “vaquinha” para conseguir o dinheiro. No entanto, mesmo após o pagamento, a cirurgia não foi realizada. “Eu mesma fui lá entregar na casa dela 1.250 reais. Aí depois ela falou que tinha que fazer um risco cirúrgico e não sei o que, pedia mais exames. Sei que ela enrolou a gente, até que minha mãe não fez cirurgia nenhuma, e ela não devolveu o dinheiro”, relatou.

Após não conseguir o procedimento no HRT, a fonte contou que sua mãe só pôde fazer a cirurgia porque obteve autorização do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizá-la no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). “A Ruby ia arrumar para ela fazer no HRT, só que ela enrolou, enrolou e não fez. Só que saiu pelo SUS, no Hospital de Ceilândia, aí minha mãe fez lá. Aí até hoje a gente cobra pelo dinheiro e ela enrola”, disse.

Segundo a mesma, a servidora pública justifica a não devolução do valor alegando que já comprou o material e que agora tem que vender para outra pessoa que for fazer a cirurgia. “Falou que a gente tem que esperar, até que a gente desistiu”. Ainda segundo a fonte, a família não denunciou a mulher por medo.

Questionada pela reportagem se a família sabia da irregularidade na negociação, a fonte afirmou que sim, mas que acabaram pagando porque a supervisora de emergências informou que, neste caso de não haver instrumentos cirúrgicos, seria preciso que comprassem. “Eu ainda falei com ela, mas ela disse que é porque estava com falta de material e precisava comprar”, completou.

Ouça, a seguir, os áudios desta negociação:

Exonerada

O governador em exercício do Distrito Federal, Paco Britto (Avante), assinou, nesta segunda-feira (27), a exoneração da servidora pública Ruby Lopes, que atua como supervisora de emergências do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). O ato foi anunciado após a Secretaria de Saúde do DF instaurar um processo administrativo contra a servidora. A exoneração foi publicada ontem, em edição extra no Diário Oficial do DF (DODF).

Como Ruby é uma mulher trans, sua nomeação para o cargo que ocupava no HRT, publicada no dia 6 de fevereiro de 2019, aparece no DODF como Edson dos Santos, seu nome de registro. Segundo o Governo no Distrito Federal (GDF), ela será substituída agora, na Supervisão de Emergência do HRT, pelo servidor Luiz Ricardo Mota do Nascimento.

Outras exonerações

Ao Jornal de Brasília, uma fonte sigilosa informou que Ruby já foi exonerada do HRT pelo menos três vezes. Procurada pela reportagem e questionada quanto a estas exonerações, ela inicialmente negou. Durante entrevista, porém, disse que trabalhava como servidora pública no local há dez anos e que “sempre que muda de deputado, ele exonera todo mundo do cargo, porque é cargo comissionado”.

Ainda segundo a mesma, os motivos das exonerações passadas decorreram de “fofoca” e da tentativa de alguns servidores que estariam querendo derrubá-la. “Fui exonerada, mas não foi sobre isso [vendas de cirurgias], foi fofoca, o povo com inveja fica fazendo fofoca”, afirmou. “Eu conheço muita gente que quer me derrubar”, completou.

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