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Brasília

Cidadania como forma de prevenir a violência nas escolas

Arquivo Geral

08/07/2016 6h15

Kleber Lima

João Paulo Mariano
Especial para o Jornal de Brasília

A escola deve ser um local de aprendizado e desenvolvimento humano. Mas não é tão simples assim. Ano passado, dois colégios em Ceilândia paralisaram as aulas devido a ameaças de traficantes. Para evitar mais casos como esses, ontem, um acordo de cooperação foi assinado para implementar o programa “Um por Todos, Todos por Um!”. O objetivo é levar conscientização aos alunos.

O projeto distribuirá aos alunos kits contendo gibis da Turma da Mônica, livros e cadernos para que professores possam trabalhar a cidadania de forma interdisciplinar. O programa foi lançado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2014. No DF, envolve as secretarias de Segurança e de Educação junto à Controladoria Geral do DF (CGDF), o Ministério Público e o Instituto Maurício de Sousa.

Neste ano, a ação atingirá dez mil alunos do 4º ano, de 88 escolas consideradas mais vulneráveis à violência e aos problemas sociais.

A previsão é de que todas as escolas sejam contempladas no ano que vem. Cerca de 350 professores serão treinados até agosto, via internet. O primeiro módulo abordará a autoestima. O segundo falará sobre o tema “ser diferente é legal”, e, o último, “Brasil, meu Brasil brasileiro”.

De acordo com o controlador-geral do DF, Henrique Ziller, é preciso fazer uma revolução na educação, pois, se o brasileiro quer um país desenvolvido e civilizado, é preciso trabalhar com as crianças. “Nosso foco tem a ver com o cuidado com a coisa pública. Desenvolver as noções de cidadania e ética nas crianças desde a tenra idade”, afirma. Para o secretário de Educação, Júlio Gregório, a forma mais importante de combater a violência é trabalhar o respeito à diversidade.

Segundo o diretor do Sindicato dos Professores, Cláudio Antunes, a violência já ultrapassou os muros da escola. A presença de drogas e armas e os acertos de contas são cada vez mais comuns. “Desde 2007, quando retirou-se o Batalhão Escolar dos colégios, enfrentamos mais violência. Perdemos essa forma de prevenção”, afirma Antunes.

Versão oficial

A secretária de Segurança, Márcia Alencar, afirma que o projeto é uma face da estratégia do governo contra a violência e que  faz parte dos programas Escola Compartilhada e Viva Brasília.

Sobre o Batalhão Escolar, a secretária promete: “Vamos continuar com o fortalecimento dele, fazendo a ampliação de sua capacitação. Vamos fazer ações de segurança com cidadania em várias dessas escolas, envolvendo todo o sistema de segurança pública. O Núcleo de Defesa Civil Jovem (Nudec Jovem) e o Bombeiro Mirim vão continuar nos colégios para que a gente potencialize a crença de que Brasilia é um lugar de paz e a capital da esperança”.

As cidades que mais enfrentam problemas são Ceilândia, Planaltina, Plano Piloto, Guará e Gama.

Professores engajados

Neuzina Guimarães, orientadora educacional da Escola Classe 415 de Samambaia, trabalha na rede pública há 20 anos. Seu colégio fica em uma região cercada por problemas. O histórico da escola inclui invasões de assaltantes, roubo de material escolar e acerto de contas entre estudantes devido a drogas. Ali, há o projeto Pequeno Cidadão, que aborda os problemas sociais que a escola enfrenta.

“O programa do governo em si não muda a atitude das crianças. Não deve ser só uma aula. É preciso fazê-las pensar, participar e entender a importância do que é explicado”, diz o pedagogo Otávio Prado, da Escola Classe Mestre d’Armas, em Planaltina, uma área de vulnerabilidade social. Ele desenvolve um projeto chamado “Eu critico”, que consiste em uma reunião semanal para que as crianças discutam problemas em relação à escola ou à família. Os estudantes escrevem o problema em um papel, o professor lê para a turma e todos ajudam a resolver.
“Já houve momentos em que evitamos brigas na porta da escola porque ficamos sabendo do problema pelo projeto”, diz Prado.

Segundo a Polícia Militar, de janeiro de 2015 a janeiro deste ano, o Batalhão Escolar patrulhou mais de mil escolas. Houve 27.455 visitas preventivas com palestras, conversas e reuniões junto à comunidade. No mês passado, a PM criou o Comando de Policiamento Escolar, que ampliou as possibilidades de ações de segurança.

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