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Brasília

Vacinação de gestantes contra bronquiolite começa nesta quarta no DF

Doses já estão nas UBSs e protegem recém-nascidos nos primeiros meses de vida

Redação Jornal de Brasília

03/12/2025 17h59

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Fotos: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

Por Carliane Gomes

O Distrito Federal começou nesta quarta-feira (3) a vacinação de gestantes contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), principal agente causador da bronquiolite em bebês. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) recebeu, nesta terça-feira (2), um lote inicial de 9.465 doses do imunizante, que já estão sendo distribuídas para todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital. O objetivo da campanha é proteger recém-nascidos da bronquiolite, uma infecção viral grave das pequenas vias aéreas dos pulmões, por meio da transferência de anticorpos maternos. A meta é vacinar pelo menos 80% do público-alvo de gestantes no DF.

A vacina é destinada a mulheres a partir da 28ª semana de gestação, sem restrição de idade materna. O esquema é de dose única a cada gestação. Tereza Luiza Pereira, gerente da rede de frio central, orientou que todas as gestantes busquem as UBSs a partir de quarta (3) para iniciar a proteção. “Nós temos outras vacinas como Influenza, dTpa, Covid-19 e Hepatite B. Todas elas disponíveis nas nossas unidades básicas de saúde”, reforçou. O Ministério da Saúde adquiriu 1,8 milhão de doses, sendo o lote enviado ao DF parte do primeiro envio nacional, de 673 mil imunizantes.

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Fotos: Matheus Oliveira/Agência Saúde DF

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que a bronquiolite é uma das doenças mais comuns em bebês e crianças pequenas. É uma infecção viral que acomete as pequenas vias aéreas dos pulmões. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o principal agente, mas outros vírus, como rinovírus e adenovírus, também podem estar envolvidos. De acordo com a SES-DF, os registros da bronquiolite e de outras infecções respiratórias severas são monitorados dentro da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No Distrito Federal, em 2024, foram registrados 6.552 casos, neste ano, o número já subiu para 7.694 casos. 

A vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) durante a gestação representa um avanço decisivo para a proteção dos recém-nascidos. É o que explica o ginecologista e obstetra, Fábio Santana dos Passos, que destaca o impacto da nova estratégia no combate à bronquiolite, doença que continua sendo uma das principais causas de internações e óbitos em bebês. O processo se baseia na estimulação do sistema imunológico da mãe para produzir anticorpos específicos. Esses são transferidos ativamente pela placenta para o feto. “Assim, o bebê já nasce com um arsenal de defesas prontas no seu organismo, que o protegerão contra infecções graves nos primeiros e mais vulneráveis meses de vida. Trata-se de uma forma de imunização passiva natural”, reforçou.

O esquema vacinal preconiza uma dose única por gestação. O professor de Medicina na Universidade Católica de Brasília (UCB) ressalta a necessidade de reaplicação em futuras gestações. “Se a mulher engravidar novamente, mesmo que em um curto intervalo, ela precisará sim de uma nova dose em uma próxima gestação”, frisou. O período ideal para a aplicação é crucial. A vacina deve ser aplicada entre a 24ª e a 36ª semana da gestação. Esse intervalo permite o tempo necessário para que a mãe produza a quantidade robusta de anticorpos e, mais importante, para que eles sejam transferidos de forma eficiente para o bebê antes do parto.

Em geral, para vacinas incluídas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a gestante não precisa de uma prescrição médica para a aplicação e pode buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS). Contudo, o acompanhamento pré-natal é fundamental para a orientação. “É importante que a gestante esteja em acompanhamento para saber todas as vacinas indicadas e o período ideal para cada uma, garantindo que o calendário vacinal seja seguido de forma segura e eficaz. O diálogo com seu obstetra é sempre a melhor bússola”, destacou o especialista. Além disso, adverte que a proteção conferida pela vacina é um complemento e nunca um substituto para outras medidas preventivas, como higiene das mãos, evitar aglomerações e manter ambientes ventilados. “A vacinação é uma ferramenta poderosíssima que fortalece as defesas do bebê de dentro para fora, mas as práticas de higiene e bom senso continuam sendo essenciais”.

De acordo com Thallys Ramalho, pediatra do Hospital Santa Helena, a idade de maior risco para a bronquiolite é entre 2 e 6 meses. A especialista explica que os grupos mais vulneráveis incluem bebês prematuros, com menos de 3 meses, ou aqueles que têm doenças cardíacas ou pulmonares crônicas. “Fatores como baixo peso ao nascer, tabagismo materno, imunodeficiência e exposição a ambientes com muitas crianças também aumentam a suscetibilidade a complicações”, afirma.

Ela ressalta que o principal foco das vacinas não é a prevenção de 100% da infecção, mas sim reduzir de forma expressiva a gravidade da doença, o risco de hospitalização e o risco de morte. Além da vacina para gestantes, outras formas de imunização e prevenção diária são recomendadas. “Evitar contato com pessoas doentes, limitar contato nos primeiros meses de vida, e evitar o tabagismo passivo (do bebê). Além disso, o estímulo ao aleitamento materno é crucial, pois fortalece o sistema imunológico do bebê. É também muito importante manter o calendário de vacinação em dia, visto que as vacinas previnem diversas doenças”.

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