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Brasília

Unidades de saúde oferecem práticas para cuidar de profissionais de saúde e comunidade

Os anseios relatados por trabalhadores vão desde o medo de ser infectado até o sentimento de impotência quando um paciente morre

Agência UniCeub

09/09/2021 20h25

A prática de tai chi chuan é oferecida tanto para profissionais de saúde como para a comunidade.Divulgação/ Foto: Arnaldo Brandão

Maria Eduarda Bacellar, Maria Paula Meira e Maria Tereza Castro
Colaboração de João Pedro Nunes
Agência UniCeub

Além dos desgastes físicos, os profissionais de saúde sofrem impactos psicológicos que ganharam novo significado com a pandemia. Segundo a psicóloga Sílvia Furtado, chefe da Unidade Psicossocial do Hospital Universitário de Brasília (HUB), os anseios relatados por trabalhadores da unidade de saúde vão desde o medo de ser infectado até o sentimento de impotência quando um paciente morre. Ademais, o receio de contaminar pessoas próximas e o impacto da perda de familiares ou amigos podem causar uma sobrecarga no desempenho profissional. Em função de cenários como o diagnosticado no HUB, responsáveis por unidades públicas têm procurado reforçar práticas integrativas para saúde mental dos profissionais.

Ansiedade, quadros de depressão e estresse pós-traumático são, de acordo com a especialista, algumas das patologias mais comuns no momento. “Uma pessoa que está tomada pelo medo não consegue trabalhar”, afirma. Funcionários eficientes sob grande estresse podem acabar tendo uma queda de rendimento.

Cuidar

Com o objetivo de melhorar as condições profissionais, em vista da atual situação, a chefe da Unidade, junto a duas colegas, desenvolveu o “Projeto Cuidar” no fim de março de 2020. O projeto iniciou-se com atendimento psicológico e psiquiátrico, relaxamento e massagens.

Devido ao interesse de novos envolvidos, as ações se estenderam a técnicas como acupuntura, reiki (prática japonesa que consiste na imposição de mãos para reequilibrar as energias), auriculoterapia (estimulação mecânica de pontos específicos no pavilhão auricular) e radiestesia (método natural de adivinhação para encontrar objetos, seres vivos ou elementos da natureza).

“A pandemia era algo muito novo, acabou gerando uma sensação de angústia, então o intuito era propiciar um local de atendimento aos profissionais dentro do próprio ambiente de trabalho”

O impacto da iniciativa, segundo a unidade avalia, foi positivo, tanto nas áreas integrativas quanto nos atendimentos psicológicos. Eles atendem a todos que atuam no hospital, desde funcionários, até alunos, internos e terceirizados.

A gestão do HUB auxilia na manutenção da atividade e na compra dos materiais necessários. Também foi oferecido todo o apoio para os teleatendimentos por parte da área de TI. Além disso, outros recursos são obtidos por meio das doações de quem utiliza o serviço.

O Reiki

Arte: Paulo Nóbrega

Imposição das mãos

A prática de origem japonesa consiste no toque terapêutico baseado nos chacras, promovendo um equilíbrio físico e mental. De acordo com a visão oriental, que trabalha com os corpos sutís, uma pessoa possui diversos chacras, porém o reiki trabalha com os sete principais: coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico.

“Não existe controle no Reiki, você simplesmente faz e a natureza é quem vai dizer e levar a sensação de bem-estar para onde precisa chegar, onde está bloqueado”, afirma a enfermeira, Thaís Pardo, que atua como reikiana no “Projeto Cuidar”.

Relaxamento

Ela ressalta que para exercer bem a profissão, que afeta diretamente o próximo, além de estar saudável, também é preciso estar em equilíbrio energético, principalmente no caso daqueles que estão na linha de frente. Em estado de tensão, o estresse é acalmado pelo Reiki, os bloqueios energéticos são desfeitos e as células agitadas relaxam.

A duração de uma sessão do Reiki varia, se a situação for de urgência, pode demorar em média 20 minutos, se souber o lugar específico que a pessoa necessita. Entretanto, o ideal seria uma hora. Pacientes respondem à prática de maneiras distintas, as reações são únicas, podendo liberar memórias ou sentimentos atrelados ao local.

Tai Chi Chuan

O médico Aristein Woo é instrutor de uma das práticas integrativas disponibilizadas pela Secretaria de Saúde do DF, o tai chi chuan, que é voltado tanto para profissionais de saúde como para a comunidade. A atividade, que foi desenvolvida na China, tem como princípios a boa saúde e o equilíbrio mental. Os exercícios aeróbicos são leves e realizados, geralmente de forma coletiva e lenta, ajudando no aspecto contemplativo, para acalmar a mente.

As aulas voltadas para o bem-estar duram em média uma hora e os grupos são divididos por faixa etária. No início, é recomendado que haja uma orientação mais próxima, mas com a experiência, o aluno pode atingir maior independência, com acompanhamento periódico. O ambiente ideal para a prática é aberto e bem ventilado. Além disso, os exercícios são adaptados de acordo com o condicionamento físico e aptidão dos praticantes.

Equilíbrio

Dentre os relatos, os adolescentes revelam mudanças na concentração e os idosos descrevem maior mobilidade e equilíbrio, a melhoria no sono foi notada por todos. Aristein afirma que a prática interfere na saúde física por meio do controle e consciência corporal, através dos movimentos lentos e também impacta na saúde mental.

“Os idosos que praticam Tai Chi Chuan têm menores índices de queda, não só porque eles têm mais equilíbrio, como também, menos medo de cair, devido a questão psicológica”, menciona. Para mais informações sobre a oferta da atividade, acesse aqui o site.

Projetos gratuitos para a comunidade

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES DF) informa que oferece o Programa Acolher o Servidor (PAS), direcionado ao suporte psicológico de todos os servidores do órgão. A iniciativa visa valorizar os profissionais, promover a prevenção em saúde e precaver o surgimento de transtornos mentais e desgastes causados pela pandemia de Covid-19, através da orientação sobre os cuidados com a saúde mental.

Arte de divulgação produzida pelo GDF. Criação: Érick Alves

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