Uma plataforma de corridas feita para as mulheres, delas e para elas, está crescendo em Brasília. O aplicativo BelasCar surgiu em 2024 e está conquistando o público feminino cada vez mais, com a segurança de estarem com motoristas mulheres à frente do volante. Segundo Lorrany Andrade, a CEO da plataforma, uma motorista do empreendimento, inclusive, chegou a faturar mais de 4 mil reais em 124 corridas, realizadas em 92 horas.
De acordo com Lorrany, a plataforma conta atualmente com 300 motoristas mulheres cadastradas. “São só mulheres. Eu faço a seleção das motoristas e a análise de cadastro, porque elas têm que mandar toda a documentação que é exigida pela Secretaria de Mobilidade Urbana do Distrito Federal”, afirmou. Entre a documentação exigida, Lorrany cita que é necessário o envio de fotos do veículo, para verificar se o mesmo está apto para poder atender as clientes. “E automaticamente as passageiras também são selecionadas por causa do preço da BelasCar. Nós não cobramos o mesmo valor de outros aplicativos de corrida”, explicou.
Ela também descreveu como funciona o modelo de preço e remuneração da plataforma. Segundo a proprietária da empresa, uma corrida que custaria R$ 7 em outros aplicativos pode chegar a R$ 16 na BelasCar. Entretanto, ela declarou que os valores não são exorbitantes, a diferença principal está no repasse às colaboradoras: as motoristas recebem 100% do valor pago pela passageira. O lucro da empresa vem através de um sistema pós-pago, onde a motorista faz uma recarga no aplicativo e, ao finalizar cada corrida, é descontada uma taxa de 15% em cima daquele saldo. “A nossa taxa da central é de 15%, justamente para poder valorizar a motorista, o tempo dela, o que ela gasta com manutenção e combustível”, justificou.
Lorrany ressaltou que as motoristas precisam saber trabalhar conforme as regras da plataforma. Ela explicou que não se trata apenas de ligar o aplicativo e esperar o movimento. “As motoristas passam por uma avaliação e um treinamento também.” O primeiro treinamento foi realizado em outubro, com a participação da Secretaria de Segurança Pública do DF e da Secretaria da Mulher.
Lorrany pontuou que as regras de conduta são focadas no respeito mútuo, sendo a falta de respeito algo não tolerado com nenhuma das partes. Entre as proibições mais graves para as motoristas está receber pagamentos por fora do aplicativo e qualquer forma de agressividade. “Eu prezo muito para até mesmo a passageira não se sentir constrangida com qualquer tipo de grosseria ou coisa do tipo”, comentou. Para as clientes, o cadastro no aplicativo é restrito e obrigatório: exige o envio de uma foto de perfil e utiliza um sistema de validação que permite solicitar corridas apenas para CPFs do sexo feminino. Homens podem baixar o app, mas são direcionados para a opção de entregas, serviço que a empresa ainda não desenvolveu totalmente.
Em Brasília, algumas regiões têm alta demanda. As cidades que mais acionam o aplicativo BelasCar são: Paranoá, Itapoã, Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste, Noroeste, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Gama, Riacho Fundo, Vicente Pires e Guará. Além disso, a plataforma já registra grande movimentação em cidades do Entorno, como Valparaíso e Águas Lindas, o que garante um bom fluxo de corridas.
A criação do aplicativo
Antes de ser aplicativo, Lorrany contou que a BelasCar começou através de um grupo de WhatsApp, onde ela foi administrando as motoristas e passageiras, para saber se o negócio ia dar certo. Esse grupo alcançou 1.500 mulheres, só de passageiras. Nossa. “Como era um atendimento muito personalizado e seguro, porque eu tinha um controle de tudo, era muito bem organizado. E aí foi dando certo”. Mas chegou o momento em que ela sentiu a necessidade de lançar o aplicativo, já que o serviço havia chegado ao conhecimento de mulheres de outras cidades do DF, além do Paranoá e Itapoã, que eram onde ela inicialmente administrava as corridas. “Mas para expandir o negócio, eu precisava de um aplicativo para eu ter mais controle das coisas”, comentou.
Ela apontou que no ano de 2024, as coisas foram difíceis para deslanchar, mas felizmente, no ano de 2025 as coisas melhoraram. “Graças a Deus, muitas coisa mudou.” Atualmente, a plataforma faz cerca de 1.300 corridas por mês, com 8.700 passageiras.
A fundadora da plataforma destacou o compromisso que ela tem e leva muito sério, com a segurança de motoristas e passageiras. Ela reforçou essa missão, após a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) focado na segurança das mulheres. Segundo Lorrany, a rigorosa organização do serviço impediu problemas comuns em outros aplicativos, como o não recebimento de pagamento por parte das motoristas. A segurança é o principal diferencial buscado pelas clientes. “As mulheres que usam a BelasCar hoje, usam por necessidade mesmo, pela segurança delas”.
Impacto do trabalho
Ao longo de dois anos de atuação, para Lorrany, já deu para perceber o impacto mais significativo da BelasCar, que foi a segurança oferecida às mulheres. Para ela, as passageiras realmente se sentem seguras com as motoristas da plataforma. O motivo é a eliminação do problema mais recorrente em outros apps: o assédio. A fundadora afirma que, ao solicitar a BelasCar, a passageira está de fato segura. “Eu acho que o impacto está no fato da passageira não sofrer um assédio, não ser estuprada, não ser agredida, não ser roubada”, pontuou. A plataforma se posiciona, assim, como uma resposta aos perigos que as mulheres correm ao serem atendidas por motoristas homens em aplicativos generalistas.
Lorrany tem a pretensão de levar o serviço da BelasCar para o Brasil todo futuramente. Mas ela acredita que ainda tem muito o que fazer em Brasília, através da plataforma, para que o aplicativo possa crescer nacionalmente. “Tenho que fazer dar certo 100% em Brasília, para depois expandir para outros lugares. Eu vejo que tem mulheres que moram em Minas Gerais, que já estão pedindo o aplicativo. Algumas mulheres em São Paulo e em Goiânia também”, comentou. O objetivo é atender a esses pedidos, mas no momento, o trabalho vai ser desenvolvido e aprimorado na capital federal.
Case de sucesso
A proprietária do aplicativo destacou o caso da motorista Leila, que faturou um valor considerável em um curto período, com 124 corridas. Leila, que é professora pela manhã, optou por aposentar outros aplicativos para se dedicar 100% à BelasCar. Lorrany contou que o sucesso dela vem de uma estratégia diferenciada: “Eu descobri que para conquistar as passageiras, ela oferece água, oferece um bolo”, citou. Essa dedicação fez com que as clientes passassem a solicitá-la constantemente, garantindo o alto faturamento em um regime de trabalho flexível. Lorrany enfatizou que as motoristas não possuem vínculo empregatício e podem rodar em quantos aplicativos quiserem.
A motorista do aplicativo, Leila cristina de lima silva, contou que gosta de trabalhar na BelasCar porque, acima de tudo, se importa genuinamente com a segurança das mulheres. Para ela, cada corrida é um ato de cuidado e responsabilidade. “Meu público é feminino, e faço questão de que cada passageira se sinta protegida, respeitada e tranquila do começo ao fim do trajeto.” Sempre que pode, ela oferece, o que ela se referiu como um pequeno mimo para as clientes: uma balinha, um doce ou uma lembrancinha. “Porque acredito que o carinho mora nos detalhes. Mais do que dirigir, eu acolho. Escuto, respeito e trato cada mulher como gostaria que tratassem alguém da minha família”, concluiu.
Leila afirmou que ver um sorriso das passageiras, sentir que essas clientes confiam nela e saber que ela foi quem contribuiu para um momento mais leve e seguro de cada uma, é o que dá o verdadeiro sentido ao trabalho que ela faz. “Além disso, a Belascar valoriza esse cuidado, oferecendo melhores oportunidades e ganhos mais justos em comparação a outros aplicativos. Espero continuar fazendo parte dessa empresa tão conceituada, levando segurança, respeito e acolhimento a cada mulher que confia no meu trabalho.”