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Brasília

Transição energética é o primeiro passo para ações climáticas no DF

Após a COP 26, as instituições governamentais, empresas e sociedade civil têm se mobilizado para atingir as novas exigências, entretanto, a movimentação não acontece em conjunto entre as partes

Redação Jornal de Brasília

05/12/2021 18h33

Foto: Miguel Ângelo/CNI

Luciana Costa
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Limitar o aquecimento global a 1,5ºC é a principal meta de quase 200 países em oito anos. Tardiamente, os líderes mundiais reconheceram a necessidade de redução global das emissões de dióxido de carbono. Entretanto, há esperança de que ações climáticas ganhem força nos municípios, cidades, estados e nações – de forma que a mudança seja iniciada “do menor para o maior”.


No Distrito Federal, as instituições governamentais, empresas e sociedade civil têm se mobilizado para atingir as novas exigências, entretanto, a movimentação não acontece em conjunto entre as partes. Um mês depois das intensas negociações, a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 26) resultou em um árduo consenso entre os países para garantir o cumprimento do Acordo de Paris, assinado em 2016.


No texto publicado em 13 de novembro, há determinação de redução global das emissões de dióxido de carbono em 20% até 2025 e 37,4% até 2030, tendo como referência o ano de 2013 e de neutralidade de liberação de CO2 até 2050. A redução de emissões alcançadas por ações de mitigação em 2030 será superior a 4,8 milhões de toneladas de CO² equivalente, o que representa uma diminuição de 51% nas emissões per capita.


Para isso, se faz necessária uma aceleração na transição energética para fontes limpas. A conversão de combustíveis fósseis para renováveis não é simples, mas pode ser realizada caso haja concessões de todas as partes. Atualmente, as tecnologias favorecem a criação de fontes limpas energia de forma que o uso de combustíveis fósseis seja substituído. Como por exemplo, a geração de energia a partir da queima de carvão em usinas pela energia eólica e painéis de energia solar.


Em resposta, está andamento no Congresso Nacional o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento da Energia Eólica e da Solar Fotovoltaica (PIDES). O PL 3.386/2021 dispõe que a União financiará projetos de energia eólica e solar fotovoltaica, os respectivos prazos, carência e encargos máximos do financiamento.


O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista e deputado federal, Rodrigo Agostinho (PSB-SP), reforça que o PIDES busca mais políticas públicas para desenvolvimento industrial do país. “Nós precisamos desenvolver tecnologia própria. O Brasil é um grande produtor de silício, mas compra placas solares, precisamos ter fábricas instaladas no Brasil. […] Um grande desafio será a ampliação da energia eólica na costa do nordeste, incluindo as usinas offshore, que são instaladas no mar, o que pode solucionar problemas relacionados a distribuição de energia”, comenta o deputado.


Em Brasília, a Secretaria do Meio Ambiente mostra-se ativa nesta temática de planejamento urbano integrado e investimento em tecnologias. As ações objetivam utilizar fonte de energia renovável e limpa estão focadas em estruturar um modelo de energia solar para prédios públicos, tornando-os mais sustentáveis, com conclusão prevista para julho de 2022.


Para o Jornal de Brasília, o secretário do Meio Ambiente, José Sarney Filho, avaliou o Distrito Federal encaminhando-se para o rumo certo. Ele participou presencialmente da COP 26 pelo movimento Governadores pelo Clima, que lançou o Consórcio Brasil Verde, pelo qual o DF e os estados se associaram para o fortalecimento técnico e a facilitação de financiamento das ações necessárias à descarbonização da economia.


“A contribuição do DF representa uma ambição a mais do que as adotadas pelo país. Em Glasgow, mostramos como Brasília passou das intenções à elaboração e à implantação de políticas públicas concretas. Participei de reuniões multilaterais e bilaterais com atores nacionais e internacionais relevantes entre os participantes da Conferência, com foco nas oportunidades de parcerias técnicas e financeiras e à inovação, importante apoio para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o alcance das metas distritais”, relata Sarney Filho.


Em meio às tantas burocracias, o movimento juvenil Fridays For Future, liderado pela adolescente europeia Greta Thunberg, ganhou força em escala mundial com o lema “é agora ou agora!” para solucionar a crise climática. Na capital do país, apesar do nome diferente, os Jovens Pelo Clima Brasília têm o mesmo propósito e faz parte da mobilização internacional para reivindicar ações climáticas de cunho socioambiental.


Cerca de 80 adolescentes e jovens brasilienses participam na realização de protestos e de ações sociais e sustentáveis no Distrito Federal. Betina Gosch, 15 anos, aderiu ao Fridays For Future ao entender que “estamos vivendo um colapso climático e socioambiental, não tem como falar de justiça climática sem falar de justiça social, tudo conversa entre si”.
Críticos da Conferência da ONU, o grupo acredita que as mudanças não acontecem em uma sala com “pessoas velhas, brancas e do norte global”. Eles reclamam da falta de integração de políticas públicas e projetos governamentais para com a sociedade civil. O universitário Guilherme Marto, 18, conta da dificuldade de se informar apropriadamente dos projetos: “nosso institucional considera essencial para se engajar na causa e denunciar erros, mas não chegado com facilidade as notícias daqui de Brasília”.


A estudante Laís Drummond, 18, complementa ao dizer que a integração com a sociedade é muito importante, principalmente com os mais jovens por viverem as consequências das decisões tomadas atualmente. “Queremos construir um futuro para nós, onde todos sejam ouvidos e incluídos, e para isso, levar as ações para o povo do DF também é uma prioridade nossa e que deveria ser do governo”, afirma a militante.


O movimento Jovens Pelo Clima Brasília faz chamamentos em escolas e faculdades públicas e particulares, direcionado para o público de 14 a 25 anos, para projetos práticos locais e de mobilização coletiva em protestos, intervenções e mutirões.Como representantes do movimento internacional, o grupo atua em quatro frentes para o engajamento jovem, a partir da fiscalização política e participação democrática em nível federal e distrital em audiências públicas, reuniões com parlamentares. Eles também realizam rodas de conversas em escolas e lives nas redes sociais para promover educação e conscientização socioambiental.

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