Após recentes aparecimentos de escorpiões na Escola Classe (EC) 64 de Ceilândia, a direção da instituição decidiu introduzir três galinhas-d’angola, originária da África, no combate ao animal.
Ao Jornal de Brasília, o diretor do colégio, Hudson Campos, contou que os funcionários começaram a notar a presença dos escorpiões depois da limpeza de um terreno baldio que encontra-se nos fundos da unidade escolar.
As galinhas-d’angola surgiram como uma alternativa no combate aos escorpiões, e desde que elas chegaram à EC 64, há uma semana, não foi visto mais o animal dentro da unidade escolar. Antes da chegada das galinhas, no período de um mês, cinco escorpiões foram encontrados no colégio.
Por conta dos riscos que os escorpiões causam para as pessoas, principalmente para as crianças, a escola também entrou em contato com a vigilância ambiental e dedetizou toda a instituição.
“Nos fundos da escola nós temos um terreno baldio, e esse terreno tinha muitos entulhos. Depois que nós conseguimos que o terreno fosse limpo, a pessoa que fez a limpeza disse que tinha visto muitos escorpiões no local. Após a limpeza, nós também notamos a presença de alguns escorpiões na escola. Foi encontrado no pátio, no banheiro, e isso nos deixou muito preocupados”, relatou o diretor da escola.
“De imediato, nós entramos em contato com a vigilância ambiental e eles falaram que não tinham muito o que fazer porque não tem veneno para escorpião. Eles falaram que poderiam apenas orientar como eliminar a comida dos escorpiões, como barata e outros insetos. Mesmo assim ficamos com muito medo e pagamos uma empresa para dedetizar toda a escola, e mesmo após a dedetização apareceram dois escorpiões”, disse Hudson.
Como a dedetização, nem os esforços para eliminar os alimentos dos escorpiões foram suficientes, a escola decidiu introduzir as galinhas-d’angola: “Eu já tinha ouvido falar que galinhas comem insetos, então pensei em comprar algumas galinhas. Mas também pensamos que a galinha dorme muito cedo, e o escorpião tem mais hábito noturno. Então vimos que a galinha-d’angola dorme menos e fica sempre andando em busca de alimento, sendo um deles o escorpião”, destacou o diretor.
O professor de biologia da EC 64 de Ceilândia, Rosevaldo Queiroz, explicou que as galinhas-d’angola são uma ótima alternativa no combate ao escorpião porque elas preferem caçar do que comer o alimento que os humanos oferecem. “Como biólogo eu sei que não tem um veneno que seja realmente eficaz contra o escorpião, porque ele é um predador e não vai querer comer um animal morto, ele vai querer um animal que esteja bem ativo porque isso demonstra que a presa está saudável”, comentou.
“Quando nós temos animais como a galinha-d’angola, que tem hábitos noturnos, e que geralmente fazem uma verdadeira ronda no território delas durante a noite, então nós vamos ter mais chances de que essas galinhas-d’angola encontrem os escorpiões. No geral, as galinhas-d’angola tem hábitos selvagens e são muito desconfiadas, elas preferem procurar ativamente a sua comida do que comer o que oferecemos. Devido a essa dinâmica que elas têm de procurar o alimento, elas são ideais para fazer esse controle biológico”, salientou o professor.
Diversão e educação
Além de ajudar no combate aos escorpiões, as galinhas-d’angola também estão fazendo a diversão das crianças da EC 64. Muitas ainda não sabem o real objetivo delas na escola, mas os professores e a direção já estão elaborando um projeto para trabalhar o tema com os alunos. Além disso, será feito uma enquete com todos os alunos para escolherem os nomes das três galinhas, sendo um macho e duas fêmeas.
“Nós pretendemos pegar esse tema da galinha-d’angola e do escorpião e fazer um projeto maior que vai abranger diversas frentes, como a questão da cadeia alimentar, introdução de espécies e controle biológico. Mas também queremos trabalhar outros aspectos, como as memórias afetivas das crianças com as galinhas-d’angola. Vamos fazer uma enquete também para escolher os nomes, e a ideia é que o nome seja de origem africana, para trabalharmos a cultura antirracista”, falou o professor.
Riscos com escorpiões
A picada do escorpião amarelo, que foi encontrado na EC 64, pode ser fatal, principalmente em crianças menores de sete anos, idosos e pessoas que tenham a saúde debilitada. Sendo endêmico da região Centro-Oeste, é comum que ele apareça em alguns lugares em busca de alimento. A permanência dele nas casas, escolas, condomínios e entre outros locais ocorre quando encontram nutrientes suficientes para proliferação.
“O escorpião amarelo, que foi encontrado na escola, apesar de não ser dos maiores, é um dos mais perigosos. Ele tem um veneno neurotóxico e ele pode ser fatal para crianças menores de sete anos e para idosos e pessoas que tenham a saúde debilitada. Por isso, nós temos que ter bastante cuidado para manter as populações em níveis controlados para evitar esses encontros com os humanos, especialmente crianças”, enfatizou o professor de biologia.
Os escorpiões costumam preferir lugares onde tem escombros, restos de construção e lixo, pelo fato desses locais serem ambientes preferidos de insetos, como as baratas, que são um dos principais alimentos dos escorpiões. Mas, nada impede deles adentrarem as residências e escolas. Então, um dos cuidados para evitar a proliferação desse animal é manter sempre os ambientes da casa, escolas e condomínios sempre limpos. Além do mais, é importante verificar os ralos e evitar restos de alimentos nas residências.
O professor de biologia alerta ainda que ao perceber que foi picado por um escorpião, as pessoas devem procurar imediatamente o médico: “O escorpião amarelo não tem a intenção de picar e matar uma pessoa, isso é uma reação dele, como uma forma de defesa. Assim que verificar que a pessoa foi picada tem que procurar o serviço médico imediatamente, porque ele pode causar falta de ar e a pessoa pode morrer em cerca de duas horas”.