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Tô forte! Tô forte! Galinhas-d’angola viram estrelas em escola na Ceilândia

As penosas combatem escorpiões na Escola Classe 64, desde a chegada, nenhum escorpião foi visto no colégio

Carolina Freitas

09/05/2024 5h48

Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

Após recentes aparecimentos de escorpiões na Escola Classe (EC) 64 de Ceilândia, a direção da instituição decidiu introduzir três galinhas-d’angola, originária da África, no combate ao animal.

Ao Jornal de Brasília, o diretor do colégio, Hudson Campos, contou que os funcionários começaram a notar a presença dos escorpiões depois da limpeza de um terreno baldio que encontra-se nos fundos da unidade escolar.

As galinhas-d’angola surgiram como uma alternativa no combate aos escorpiões, e desde que elas chegaram à EC 64, há uma semana, não foi visto mais o animal dentro da unidade escolar. Antes da chegada das galinhas, no período de um mês, cinco escorpiões foram encontrados no colégio.

Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

Por conta dos riscos que os escorpiões causam para as pessoas, principalmente para as crianças, a escola também entrou em contato com a vigilância ambiental e dedetizou toda a instituição.

“Nos fundos da escola nós temos um terreno baldio, e esse terreno tinha muitos entulhos. Depois que nós conseguimos que o terreno fosse limpo, a pessoa que fez a limpeza disse que tinha visto muitos escorpiões no local. Após a limpeza, nós também notamos a presença de alguns escorpiões na escola. Foi encontrado no pátio, no banheiro, e isso nos deixou muito preocupados”, relatou o diretor da escola.

“De imediato, nós entramos em contato com a vigilância ambiental e eles falaram que não tinham muito o que fazer porque não tem veneno para escorpião. Eles falaram que poderiam apenas orientar como eliminar a comida dos escorpiões, como barata e outros insetos. Mesmo assim ficamos com muito medo e pagamos uma empresa para dedetizar toda a escola, e mesmo após a dedetização apareceram dois escorpiões”, disse Hudson.

Como a dedetização, nem os esforços para eliminar os alimentos dos escorpiões foram suficientes, a escola decidiu introduzir as galinhas-d’angola: “Eu já tinha ouvido falar que galinhas comem insetos, então pensei em comprar algumas galinhas. Mas também pensamos que a galinha dorme muito cedo, e o escorpião tem mais hábito noturno. Então vimos que a galinha-d’angola dorme menos e fica sempre andando em busca de alimento, sendo um deles o escorpião”, destacou o diretor.

Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

O professor de biologia da EC 64 de Ceilândia, Rosevaldo Queiroz, explicou que as galinhas-d’angola são uma ótima alternativa no combate ao escorpião porque elas preferem caçar do que comer o alimento que os humanos oferecem. “Como biólogo eu sei que não tem um veneno que seja realmente eficaz contra o escorpião, porque ele é um predador e não vai querer comer um animal morto, ele vai querer um animal que esteja bem ativo porque isso demonstra que a presa está saudável”, comentou.

“Quando nós temos animais como a galinha-d’angola, que tem hábitos noturnos, e que geralmente fazem uma verdadeira ronda no território delas durante a noite, então nós vamos ter mais chances de que essas galinhas-d’angola encontrem os escorpiões. No geral, as galinhas-d’angola tem hábitos selvagens e são muito desconfiadas, elas preferem procurar ativamente a sua comida do que comer o que oferecemos. Devido a essa dinâmica que elas têm de procurar o alimento, elas são ideais para fazer esse controle biológico”, salientou o professor.

Diversão e educação

Além de ajudar no combate aos escorpiões, as galinhas-d’angola também estão fazendo a diversão das crianças da EC 64. Muitas ainda não sabem o real objetivo delas na escola, mas os professores e a direção já estão elaborando um projeto para trabalhar o tema com os alunos. Além disso, será feito uma enquete com todos os alunos para escolherem os nomes das três galinhas, sendo um macho e duas fêmeas.

Foto: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

“Nós pretendemos pegar esse tema da galinha-d’angola e do escorpião e fazer um projeto maior que vai abranger diversas frentes, como a questão da cadeia alimentar, introdução de espécies e controle biológico. Mas também queremos trabalhar outros aspectos, como as memórias afetivas das crianças com as galinhas-d’angola. Vamos fazer uma enquete também para escolher os nomes, e a ideia é que o nome seja de origem africana, para trabalharmos a cultura antirracista”, falou o professor.

Riscos com escorpiões

A picada do escorpião amarelo, que foi encontrado na EC 64, pode ser fatal, principalmente em crianças menores de sete anos, idosos e pessoas que tenham a saúde debilitada. Sendo endêmico da região Centro-Oeste, é comum que ele apareça em alguns lugares em busca de alimento. A permanência dele nas casas, escolas, condomínios e entre outros locais ocorre quando encontram nutrientes suficientes para proliferação.

“O escorpião amarelo, que foi encontrado na escola, apesar de não ser dos maiores, é um dos mais perigosos. Ele tem um veneno neurotóxico e ele pode ser fatal para crianças menores de sete anos e para idosos e pessoas que tenham a saúde debilitada. Por isso, nós temos que ter bastante cuidado para manter as populações em níveis controlados para evitar esses encontros com os humanos, especialmente crianças”, enfatizou o professor de biologia.

Os escorpiões costumam preferir lugares onde tem escombros, restos de construção e lixo, pelo fato desses locais serem ambientes preferidos de insetos, como as baratas, que são um dos principais alimentos dos escorpiões. Mas, nada impede deles adentrarem as residências e escolas. Então, um dos cuidados para evitar a proliferação desse animal é manter sempre os ambientes da casa, escolas e condomínios sempre limpos. Além do mais, é importante verificar os ralos e evitar restos de alimentos nas residências.

O professor de biologia alerta ainda que ao perceber que foi picado por um escorpião, as pessoas devem procurar imediatamente o médico: “O escorpião amarelo não tem a intenção de picar e matar uma pessoa, isso é uma reação dele, como uma forma de defesa. Assim que verificar que a pessoa foi picada tem que procurar o serviço médico imediatamente, porque ele pode causar falta de ar e a pessoa pode morrer em cerca de duas horas”.

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