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Brasília

Sem medida de contenção, mais de 6 mil irão morrer

A predição do cenário faz parte da nota técnica publicada ontem pelo observatório PrEpidemia da UnB

Lucas Neiva

29/04/2020 6h39

Em cenário elaborado pela equipe de pesquisadores e infectologistas do observatório PrEpidemia da Universidade de Brasília (UnB), o número de mortes causadas em decorrência do covid-19 no Distrito Federal pode ultrapassar os 6 mil. O cenário prospectivo foi elaborado para retratar as consequências de uma política de relaxamento total das medidas de contenção à epidemia.

O cenário das 6 mil mortes é o primeiro entre quatro estabelecidos pelo observatório para tentar prever a curva de crescimento da doença no DF, criados com base na análise das estatísticas de desenvolvimento da epidemia. O segundo considera a aplicação de medidas ligeiramente mais flexíveis que as atuais, seguido de um com medidas moderadamente mais flexíveis e por fim um cenário em que são adotadas medidas de contenção mais rígidas do que as aplicadas hoje.

O primeiro cenário prevê uma tentativa de contenção por parte apenas da população, sem a interferência do governo. Nele, as 6 mil mortes (consideradas pelo próprio relatório como um número ainda conservador, podendo alcançar valores ainda maiores) ocorrem em decorrência do crescimento elevado de pacientes hospitalizados e em UTI’s, que podem variar entre 3 mil e 9 mil. O alto número de internações resultaria em colapso do sistema de saúde de Brasília caso a infraestrutura hospitalar não suporte a demanda.

No Cenário 2, os óbitos caem consideravelmente: o número de óbitos não passa dos 800, com entre 50 e 100 internações simultâneas ao longo do ano. Nele, as atuais medidas de contenção são ligeiramente relaxadas, sendo preservado de 58% a 60% da eficiência das medidas atuais. Mas apesar da queda de óbitos e internações, nesse cenário a duração da epidemia cresce significativamente, estendendo-se por mais de um ano.

O Cenário 3 já considera medidas ainda mais flexíveis que as do Cenário 2, com a eficiência das medidas de contenção atuais reduzida para 50%. A duração da epidemia fica mais longa que a do Cenário 1 e mais curta que a do Cenário 2, mas o número de óbitos permanece muito acima do cenário anterior: 2500 mortes ao longo do ano, com picos de mil a 4 mil pacientes hospitalizados.

O Cenário 4 já demonstra a intensificação das medidas de contenção. É o cenário em que o resultado das medidas de é considerado como mais favorável em termos de proteção ao vírus: menos de 120 óbitos ao longo do ano e um pico de no máximo 70 internações e encurtamento significativo da duração da epidemia. Porém, é o mais custoso: além do alto custo sócio-econômico, as medidas não poderão ser relaxadas após o fim da epidemia, com risco de importação de novos contágios.

A nota técnica considera que o cenário mais equilibrado é o Cenário 2, por considerar o Cenário 4 como “insustentável no ponto de vista econômico e social”. O PrEpidemia também alerta que as medidas atuais não podem se prolongar por mais de um ou dois anos, pois os resultados previstos no cenário mais parecido com o atual (Cenário 2) são estabelecidos com base no desenvolvimento atual da doença no DF. “O grande desafio do governo está no controle sustentável da pandemia, apoiado em decisões fundamentadas pela ciência, assegurando o impacto mínimo nas vidas dos cidadãos, na sociedade e na economia”, afirma o observatório na nota.

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