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Brasília

Reservatórios do DF estão com níveis abaixo do esperado para dezembro

O volume de chuva esperado não foi atingido e os dois principais sistemas de abastecimento estão trabalhando com o volume útil abaixo da média

Mayra Dias

19/12/2023 18h38

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Segundo informações da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), os reservatórios que abastecem o DF estão com os níveis abaixo dos números de referência de dezembro. O volume de chuva esperado para os últimos meses do ano não foi atingido e os dois principais sistemas de abastecimento estão, hoje, trabalhando com o volume útil abaixo da média.

O reservatório do Descoberto, por exemplo, deveria estar com 70% do volume útil, mas, atualmente, trabalha com apenas 47,5% da capacidade. Já Santa Maria, que, em dezembro, deveria ter 55% de volume útil, hoje está com 41,2%. De acordo com o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Luís Antônio Almeida Reis, tais números estão associados ao fenômeno El Niño, que teve uma intensidade mais forte esse ano. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o ano de 2023, além das poucas chuvas, também foi marcado por recordes de calor.

Os reservatórios do Descoberto e Santa Maria, juntamente com o Lago Paranoá, são os reservatórios mais relevantes do Distrito Federal. O reservatório do Descoberto abastece cerca de 64% da população de Brasília. O de Santa Maria integra o sistema Torto/Santa Maria, que abastece cerca de 19% da população de Brasília. Já o Lago Paranoá é um reservatório de usos múltiplos, cuja operação é acompanhada pelos níveis altimétricos.

Corumbá IV

Segundo o presidente da Caesb, com a captação do sistema Corumbá IV, que completou 1 ano em outubro, não há risco de uma nova crise hídrica no DF e, por isso, não há com o que se preocupar. A previsão das chuvas começarem ainda esta semana mantém o cenário sob controle.

O Sistema Produtor de Água do Corumbá é um conjunto de obras para captação de água no reservatório de Corumbá IV, com estruturas de tratamento para que a água se torne potável e seja, assim, distribuída para a população do DF e de Goiás. No total, cerca de 1,3 milhão de habitantes são abastecidos. Com sua entrada em operação, no ano passado, o sistema reforça e amplia o abastecimento de água tratada da região sul do Distrito Federal, que inclui as cidades de Santa Maria, Gama, Recanto das Emas e Riacho Fundo II, além de áreas em processo de consolidação como o Setor Habitacional Ponte de Terra e o Setor Meirelles.

Alerta

A situação, contudo, coloca a capital em estado de alerta. Como pontuam especialistas, 2024 pode ser mais um ano escasso em relação às chuvas e a conscientização quanto ao uso de água por parte da população deve começar o quanto antes. “Os riscos se tornam elevados para o ano que vem, haja vista estarmos no dia 19/12 e as chuvas ainda não terem sido suficientes para a recuperação dos níveis dos reservatórios”, destaca Adauto Santos, engenheiro civil, especialista em saneamento e meio ambiente.

De acordo com o profissional, é imprescindível a necessidade de implementar ações de gestão dos recursos hídricos, “bem como o uso racional dos mananciais utilizados pela Caesb”, acrescentou Adauto. Como ele explica, tendo em vista as baixas vazões nos mananciais existentes no DF, os reservatórios são fundamentais para que se possa armazenar água no período da chuva para serem utilizados nos períodos de estiagens. “Sem esses reservatórios, os sistemas de abastecimento de água no Distrito Federal teriam racionamento de água todos os anos, uma vez que as vazões no período de estiagem dos mananciais são insuficientes para o atendimento da população”, explicou, destacando que ao acrescentar a situação de outros usos, como agricultura, o cenário piora substancialmente.

Por nota, a ADASA informou que com o início do período chuvoso, serão avaliadas necessidades de ações integradas de gestão de recursos hídricos e de reforço do sistema integrado que garanta o abastecimento da população. As ações podem ser: trazer mais água do Corumbá para regiões abastecidas pelo santa maria, reverter o fluxo de algumas adutoras, mais ações de publicidade para diminuir consumo, etc.

Sem água em Brazlândia

Na manhã desta terça-feira (19), os moradores de Brazlândia já estavam há mais de 24h sem água. Em alguns pontos da cidade, a água estava cortada desde sexta-feira.

Segundo a Caesb, esses cortes pontuais no fornecimento de água são devido a redução de 40% do volume de água de um dos mananciais que abastece Brazlândia, que é o Barrocão. De acordo com a Companhia, há um consumo maior de produtores rurais e isso exige um controle maior da situação. “O Barrocão teve uma redução muito abrupta no volume de água e nos últimos dias, devido ao atraso de chuvas, a Caesb tem realizado paralisações emergenciais, haja vista que essa água tem que ser suficiente para todos. Queremos pedir à população e ao setor produtivo mais consciência com o uso de água”, disse Luís Antônio.

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