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Brasília

Representatividade no Dia Internacional da Mulher: Andreza Almeida é a melhor árbitra de basquete do DF

Rodeada em um universo majoritariamente masculino, Andreza se destacou pelo seu trabalho como árbitra nacional e internacional de basquete

Redação Jornal de Brasília

08/03/2023 7h07

Foto: Arquivo Pessoal

Marcos Nailton
[email protected]

Atualmente, as mulheres estão cada vez mais dominando espaços de destaque nacional e internacional no esporte. Entretanto, nem sempre foi assim, já que historicamente o universo esportivo é majoritariamente dominado por homens. A brasiliense Andreza Almeida, professora e árbitra de basquete, foi uma das mulheres pioneiras a se destacar no esporte e teve que enfrentar diversas dificuldades para alcançar seu objetivo. Hoje, ela é considerada a melhor árbitra de basquete da capital.

Sua mãe, a dona Maria das Graças Almeida, falava que Andreza desde muito pequena sempre gostou de praticar esportes. Na sua casa, a cesta de basquete era um pneu de bicicleta improvisado no qual a pequena arremessava a bola. Quando iniciou os estudos na escola, começou a praticar basquete, até que um olheiro a viu e a levou para jogar no Clube Vizinhança, tradicional na capital.

“Eu sempre joguei, minha mãe falava que desde pequena eu já brincava com a bola. Fiquei até os 14 anos em Brasília, quando fui fazer teste em São Paulo, onde joguei por dois times. Morei em república por 4 anos, pela a idade que tinha no tempo, foi bastante pesado”, relatou.

Infelizmente, após uma lesão precoce no joelho aos 18 anos, Andreza viu-se obrigada a se afastar do esporte. “Me lesionei e não tinha plano de saúde, daí voltei para Brasília. Para exercer a profissão de árbitra tirei o CREF provisionado, que me deu a possibilidade de dar aula no Clube Vizinhança antes de eu me formar em educação física”, disse.

Aos 20 anos, Andreza iniciou sua graduação na Universidade Católica de Brasília, se formando aos 24. Sua paixão pela arbitragem nasceu após ela ver seu sonho de ser jogadora se distanciar, entretanto, sua lesão não a tirou das quadras. Hoje ela atua há 25 anos como professora de educação física onde vê sua principal ocupação.

Foi apitando um jogo dentro do Colégio Católica em 2006 que um profissional reconheceu nela o talento da arbitragem. No mesmo ano, Andreza já havia conquistado a formação como árbitra nacional e internacional. Naquela época, só haviam oito árbitras mulheres com formação internacional, já que para conquistar a licença da Federação Internacional de Basquete (FIBA) é necessário um árduo trabalho, além de possuir bastante concorrência.

“Eu vi a arbitragem como uma forma de eu continuar dentro da quadra de basquete. Além de ser técnica, eu queria mais, queria chegar a uma olimpíada que é o sonho de qualquer pessoa. Nisso vi a chance de participar desse evento internacional”, alegou.

Infelizmente outra lesão, dessa vez no joelho, impossibilitou Andreza de participar do mundial sub-19 de basquete na qual foi convocada em 2011. Ao todo, a árbitra já operou o joelho três vezes. “Não me arrependo de nada, graças a Deus cada processo de recuperação só me dava mais forças para continuar”, destacou.

No ano passado, Andreza foi eleita em uma votação realizada por técnicos e atletas da Federação de Basquetebol do Distrito Federal (FBDF) como melhor árbitra de basquete da capital, concorrendo apenas com outros colegas homens. “Foi muito bacana ter sido eleita melhor árbitra, é um sentimento de dever realizado”.

Quebra de tabus

Andreza atuou por mais de 10 anos como árbitra internacional da Liga Nacional de Basquete Novo Basquete Brasil (NBB), da qual é representante no DF, e explica que são raras as mulheres com esse título. “Aqui em Brasília somos em duas árbitras internacionais. No Brasil existem só 15”. E por este motivo, como ela mesma diz, teve que “quebrar tabus e paradigmas” para provar sua capacidade. 

A árbitra relembra que fez história ao lado de outra árbitra mulher, Flávia Almeida, hoje coordenadora de arbitragem da NBB. “Participei do primeiro jogo na qual duas mulheres apitaram uma partida nacional masculina”, relembra. Foi em 2008, no jogo entre Minas e Iguaçu.

“É uma quebra de tabus, porque não é comum você ver uma mulher apitando. É desbravar um mundo totalmente masculino. Eu falo que quando você não sentir mais aquele frio na barriga, você para de fazer as coisas que você gosta. É uma sensação incrível ser respeitada, nunca tive nenhum jogador vindo pra cima de mim. Tem reclamação, xingamentos, mas isso é normal do esporte”, contou. 

Novos desafios

Aos 43 anos, Andreza não faz mais jogos nacionais, mas a agenda continua cheia, principalmente aos finais de semana, quando está sempre apitando competições regionais. Atualmente, Andreza é coordenadora de Educação Física e Atividades Extracurriculares do Colégio Católica Brasília e técnica de basquete, sendo responsável por realizar campeonatos das categorias até Sub-13 na Liga de Basquete de Brasília (LBB).

“Tenho um aluno que começou pequenininho no basquete e hoje faz faculdade, almejando ser árbitro nacional. É muito bom você passar conhecimento da mesma forma que um dia alguém passou para mim, ver um aluno dentro de quadra exercendo e amando aquilo é sensacional”, disse.

Mesmo assim, a árbitra não desistiu de permanecer na equipe técnica dos jogos. Se não em quadra, ao lado dela. “Faço parte de um grupo de pessoas chamado Arbitragem Internacional. Além de árbitros e mesários, tem o comissário do jogo, e agora estou participando de um processo seletivo da Federação Internacional de Basquete para atuar nessa área”, disse Andreza Almeida.

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