Linda, alegre e estudiosa. Assim é definida a estudante de biologia da Universidade de Brasília Louise Ribeiro, 20 anos, pelos amigos. Vítima de um crime bárbaro que chocou os brasilienses, a jovem foi encontrada morta em um matagal entre o Minas Brasília e o Crespom, na L4 norte, na tarde desta sexta (11). Um colega de curso da estudante, Vinícius Neres Ribeiro, de 19 anos, confessou o crime. Segundo a Polícia Militar, ele disse que “não aguentava mais ser rejeitado por ela”. Os dois teriam tido um relacionamento que durou entre abril do ano passado até janeiro.
Louise estava desaparecida desde a noite dessa quinta (10), quando fez o último contato com a família. Na conversa, a estudante informou que iria chegar mais tarde em casa, pois sairia com umas amigas para uma pizzaria na 404 Sul. A jovem teria pedido, ainda, para a mãe relembrar uma senha de acesso ao seu aparelho celular, o que causou suspeita nos familiares, uma vez que detalhes comuns do cotidiano da vítima – como o compartilhamento do carro -, não sabiam ser informados por ela.
Crime
De acordo com o capitão Da Silva, da Polícia Militar do DF, o suspeito ligou para a vítima, na noite dessa quinta, e disse para encontrá-lo no laboratório de biologia da Universidade de Brasília, onde os dois estudavam. “O garoto falou que se ela não fosse, ele iria se matar”, informou Silva. A vítima foi, então, ao encontro do homem que tiraria a sua vida. No local, o jovem usou uma substância química para fazê-la desmaiar e, em seguida, a asfixiou e jogou o corpo no matagal. Ainda segundo a Polícia Militar, havia sinais de tortura no corpo da vítima, além de algumas partes carbonizadas.
Prisão
Seguranças da UnB encontraram o carro da jovem na manhã desta sexta (11) e acionaram a Polícia Militar. Amigos que estavam próximo ao veículo informaram ao policiais sobre a suspeita do rapaz. Dentro do carro de Louise, a corporação encontrou pertences do autor confesso do crime.”Com o contato do rapaz, ligamos para ele e marcamos um encontro próximo a um clube na região. Lá, ele confessou o crime e levou a polícia ao local onde estava o corpo”, relembrou capitão Da Silva.
O capitão Da Silva contou, ainda, sobre a frieza do rapaz ao ser conduzido para a Divisão de Repressão a Sequestros (DRS). “Nos impressionou muito o comportamento dele. Ao longo do trajeto, ele ficou sorrindo e não demonstrou nenhum tipo de arrependimento”, detalhou.
Veja o vídeo
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Relatos de amigos
Um estudante de 21 anos, que preferiu não se identificar, afirma ter convivido com Louise e Vinícius em seu primeiro semestre na Universidade de Brasília. Segundo ele, a companheira do curso de biologia era “simpática, alegre e tímida”.
“Ela gostava de falar das experiências que já teve, dos lugares que já foi. Ela foi babá de uma criancinha nos Estados Unidos e gostava muito dela, até me mostrou um álbum (de fotos) dela uma vez”, contou, acrescentando, ainda, que nunca a viu estressada ou triste.
Conforme o estudante, Vinícius, por outro lado, era arrogante e o tratava “de maneira estranha”. “Ele eu conhecia por ter sido monitor de algumas matérias para mim”, relata.
Na quadra em que morava a estudante, 102 Norte, a movimentação de familiares e amigos foi constante durante o dia. Colegas de serviço do Exército estiveram no local para se solidarizar com a família. O Tenente Lauro Veiga, 49 anos, diz que trabalhou com o pai de Louise por quatro anos e que se trata de uma família muito querida.
“Eles estão bastante chocados. Ninguém espera que uma tragédia como essa possa acontecer. É lamentável toda essa situação, mas os amigos e o Exército estão dando todo o apoio à família”, conta. “Nesta hora, a gente pensa sobre o que leva um ser humano a cometer essa crueldade e percebe o quanto os valores da vida se perderam”, conclui.
Desaparecimento
Em uma página no Facebook, a irmã da vítima, Isadora Ribeiro, escreveu um pedido de ajuda para encontrar a irmã desaparecida. Segundo ela, Louise havia sido vista pela última vez ao meio-dia pelos amigos, na UnB. À tarde, ela teria ido para o estágio, no Ibama, e fez o último contato com a família por volta das 20h, quando avisou que iria para uma pizzaria, na Asa Sul, com duas amigas. No entanto, ainda segundo Isadora, a vítima não chegou ao local.
Velório
O corpo da estudante será velado nesse sábado (12), à partir das 12h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O enterro será às 17h.
O Chefe da Divisão de Relações com a Mídia do Centro de Comunicação, coronel Ulisses Gomes disse, ao Jornal de Brasília, que o Exército Brasileiro está dando todo o apoio necessário à família de Louise. “A família não quer falar e respeitamos esse desejo. Estamos aqui para ajudá-los”, informou.
O coronel relatou, ainda, que, aos olhos do pai, tenente Ronald, a vítima era uma boa filha, responsável e muito querida pela família e amigos.
Homenagem
Na próxima segunda (14), estudantes e professores do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília deverão fazer um ato em homenagem à jovem. O evento está programado para às 10h, quando serão discutidos temas como violência contra a mulher e feminicídio.