Maria Eugênia
A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), deflagrou a Operação Harmonia, deflagrada nas primeiras horas desta terça-feira, em ÁguasClaras, Vicente Pires, Ceilândia, Samambaia, Lago Sul e Norte e Cruzeiro Velho. As ações objetivaram dar cumprimento a mandados de busca e apreensão em 13 endereços, alvos da operação.
Nas diligências, foram apreendidos computadores, mídias e documentos relacionados a um susposto esquema de pagamento de propinas e contratos firmados, entre 2009 e 2010, envolvendo a Secretaria de Justiça do GDF (Sejus), Casa da Harmonia do Menor Carente e duas outras empresas privadas, fornecedoras de alimentos, itens de vestuário e outros materiais ao Ciago, centro de internação de menores infratores. Ninguém foi preso na operação.
De acordo com o delegado Vicente Neto, o caso começou a ser investigado em março de 2010, depois que a polícia recebeu uma denúncia anônima de que um homem estava no estacionamento do anexo do Palácio do Buriti com dinheiro em um carro para pagar propina ao então secretário de Justiça, Flávio Lemos. O ex-secretário nega a acusação. “Acredito que isso foi uma questão política por conta do período de transição do governo do Distrito Federal.”
Segundo a polícia, o suposto esquema envolvia a entidade Casa da Harmonia do Menor Carente e a Sejus. Um contrato emergencial, no valor de R$ 7,5 milhões, foi assinado em 22 de julho de 2009, para administrar o Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras (Ciago) por seis meses. Em fevereiro de 2010, outro contrato emergencial foi assinado por mais seis meses, no valor de R$ 7,5 milhões. A reportagem esteve na Casa da Harmonia do Menor Carente, em Ceilândia, mas ninguém atendeu, nem como as ligações feitas o presidente de entidade.
De acordo com informações da Decap, a Casa da Harmonia teria recebido, em um ano, R$ 15 milhões. A instituição subcontratou duas empresas de Samambaia, para efetivamente prestar o serviço de fornecimento de vestuários e de alimento. O delegado Vicente Neto informou que as duas empresas são suspeitas de pagar propina. “A empresa de alimentos pagava mensalmente R$ 80 mil ao secretário Lemos”, afirmou o delegado em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira. Os crimes pelos quais os suspeitos podem ser indiciados se condenados, podem ser ativa, com penas de 2 a 12 anos de prisão, dispensa de licitação (3 a 5 anos) e formação de quadrilha (1 a 3 anos).