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Brasília

PM oferece aulas gratuitas de jiu-jitsu em Taguatinga

Projeto social, criado em 2001, visa aproximar a população da Polícia Militar, além de ensinar a defesa pessoal para mulheres vítimas de violência doméstica

Carolina Freitas

03/07/2024 15h58

PM oferece aulas gratuitas de jiu-jitsu em Taguatinga

Fotos: Carolina Freitas / Jornal de Brasília

A academia de Jiu-Jitsu Dois de Ouro, comandada pelo 2ª Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), em Taguatinga, oferece aulas de graça de jiu-jitsu para a população em geral. O projeto social visa aproximar a corporação da comunidade, além, é claro, de estimular a prática de esportes entre adultos e crianças. Criada em 2001, a iniciativa também ajuda mulheres a se defenderem, e evitarem serem vítimas de violência doméstica.

Para o 2º tenente, Felipe Alves, os 23 anos de história do projeto social de jiu-jitsu mostra a importância da ação para aproximar as pessoas da PMDF: “A parte mais importante desse projeto é, principalmente, a quebra de paradigmas. A população muitas vezes têm um afastamento errôneo com a PMDF e o projeto traz aproximação entre a corporação e a comunidade. Às vezes a pessoa está um pouco perdida na vida, então esse projeto não é só um meio de prevenção primária, ele é mais amplo, e acaba dando horizontes novos as pessoas que participam e aos próprios pais”.

O 3º sargento, Amanda Dias, era aluna da academia desde 2014, e em 2022, virou treinadora de jiu-jitsu no local. Em todos esses anos, a policial vivenciou os impactos positivos do projeto: “Nós atraímos bastante a comunidade em geral, e acaba que às vezes recebemos informações de ponto de tráficos ou de crimes por parte dos próprios moradores. Além disso, ocorre a diminuição de crimes na região porque quando acolhemos um alunos muitas vezes estamos tirando ele do crime e estamos trazendo para dentro da corporação”.

A treinadora também falou sobre a importância das aulas para defesa pessoal de mulheres que são vítimas de violência doméstica: “Nós fazemos o trabalho de defesa pessoal feminina, mas sempre lembrando que a defesa pessoal é sempre uma janela de fuga. Nós não devemos buscar o embate direto, mas as alunas são capacitadas para poderem se defenderem de alguma violência iminente. Ensinamos elas a terem essa confiança de fugir do cenário de violência. Além do mais, capacitamos as policiais femininas e as bombeiras nessa defesa pessoal”.

“Muitos pais de meninas procuram as turmas kids de jiu-jitsu no sentido da defesa pessoal. Com as aulas nós vemos que as meninas adquirem mais autoconfiança, melhoram a autoestima, e até a questão de se impor. Eu acredito que seja muito importante as meninas aprenderem desde nova a defesa pessoal. Para crianças, no geral, meninos e meninas, o jiu-jitsu traz a questão de confiança, interação social e mobilidade, sem falar na parte física e de saúde que melhora bastante. É um ganho no todo, tanto físico como psicológico”, completou a policial.

As turmas de jiu-jitsu na academia são divididas em treinos adultos e kids. Crianças de seis a 13 anos participam das aulas infantis, acima de 14 anos das turmas de adultos. O espaço também atende alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiador (TOD). “Nós temos bastante alunos neurodivergentes, trabalhamos com alunos com autismo, TDAH e TOD. Nós fazemos esse acolhimento com um trabalho individualizado com esses alunos, e eles estão respondendo de uma forma bastante positiva. É muito interessante ver o desenvolvimento deles no grupo também”, explicou o 3º sargento, Dias.

Para Isaac Augustus, de nove anos, que tem autismo, e treina na academia há quatro anos, as aulas são um encanto: “Eu gosto muito de rolar no jiu-jitsu, é incrível, você sente aquela vitória quando você ganha. O jiu-jitsu também ensina você a perder e ganhar”. Para a mãe de Issac, Joselma Viana, 45 anos, o projeto entrou na vida da criança em um ótimo momento: “O projeto foi uma virada de chave na vida dele, ele chegou aqui com problema de socialização e de obedecer ordens, mas com as aulas ele passou a obedecer às regras e começou a socializar melhor com outras crianças e aceitar perder porque ele ficava muito nervoso no começo”.

Júnio César, de 12 anos, treina há três anos na academia, e já sonha em seguir carreira profissional e ganhar muitas medalhas: “Eu gosto muito do jiu-jitsu porque ele ajuda muito na mentalidade e no físico. Também é uma coisa que melhora a nossa disciplina. Penso em seguir carreira profissional e ganhar muitas medalhas”. O jiu-jitsu trouxe grandes ganhos para Júnio, como comentou sua mãe, Viviam Rocha, 38 anos: “Ele era muito tímido e desatento, mas com as aulas perdeu a timidez e ficou mais atento porque não trabalham somente a questão de defesa nas aulas, mas também a atenção, respeito e disciplina”.

Um brilho nos olhos da pequena Maria Cecília, de 12 anos, surge quando ela fala do jiu-jitsu: “Eu estou aqui no jiu-jitsu há três anos, e as aulas me ensinaram muito a questão escolar, disciplinar e também melhorou meu sistema físico e mental. O jiu-jitsu me ensina a ter responsabilidade e respeito com as pessoas. A arte marcial é uma coisa que eu amo, tem apenas três anos, mas é uma coisa que eu não quero largar nunca mais”.

A vendedora Viviane Braz, 40 anos, mãe de Beatriz dos Santos, oito anos, e Davi dos Santos, cinco anos, falou da importância das aulas para os filhos, principalmente para Beatriz, no sentido da defesa pessoal: “Menina hoje em dia tem que aprender a se defender porque no mundo que vivemos se menina não aprender a se defender já era. A Beatriz está se saindo muito bem e já ganhou até um cartão verde [dado nos treinos para os melhores alunos do dia]. Eles estão amando as aulas e querem ficar até aprender a lutar e se defenderem”.

O Jornal de Brasília participou de um treino kids e notou a presença ativa dos pais no treino. A maioria dos responsáveis aguardam a aula terminar dentro da academia, eles incentivam e até filmam os filhos. Em alguns casos, os pais tornam-se alunos também, como foi o caso do bancário, Alessandro Carvalho, 45 anos: “O meu filho, Arthur [Carvalho], está no projeto a uns três anos, e eu sempre observando ele sentia aquela vontade de participar também. O professor sempre me convidava para participar também da turma de adultos e, agora, faz um ano que entrei no projeto também. Eu estava sedentário, e agora, estou praticando exercício e estou gostando bastante pelo fato de melhorar a minha qualidade de vida”.

Vagas

Para se inscrever nos treinos de jiu-jitsu as pessoas podem entrar em contato pelo e-mail: 2bpm@pm.df.gov.br ou telefone: (61) 3190-0242. Novas inscrições são abertas a cada início de semestre, conforme disponibilidade de vagas. A previsão é de que em agosto surjam novas vagas.

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