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Brasília

Paciente é mantida acordada durante neurocirurgia de risco

A mulher submetida a uma craniotomia no Hospital de Base tinha uma condição rara que afeta menos de 1% da população

Marcus Eduardo Pereira

01/07/2019 21h57

Da Redação
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Uma condição rara tornou o que já era uma cirurgia de risco, uma operação extremamente difícil para uma equipe médica do Hospital de Base nesta segunda-feira (01/07). Uma paciente submetida a uma craniotomia para retirada de um tumor precisou ser acordada durante o procedimento.

Como se não bastasse a complicação, a paciente de 51 anos é alérgica a látex, condição descoberta há sete anos pela mulher, e que afeta menos de 1% da população. Essa Sensibilidade é relatada em 1 de cada 800 pacientes (0.125%) antes de uma cirurgia.

A cirurgia foi realizada após a adequação de todo o local. De acordo com a chefe do Centro Cirúrgico, Élida Ferreira da Silva, a sala passou por esterilização terminal 12 horas antes de ser utilizada.

“A esterilização foi feita e após isso, a sala permaneceu fechada para evitar circulação de ar. Além disso, todos os materiais com látex foram retirados. Eletródos, monitores, acessos, luvas, entre outros, são látex free, ou seja, livres desse componente. Conseguimos organizar tudo de maneira efetiva por que o Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (IGESDF) já tem se preocupado em adquirir insumos látex free justamente para poder suprir esse tipo de demanda e proporcionar um ambiente seguro para o paciente” destaca.

A cirurgia

O neurocirurgião responsável pela operação, Paulo Augusto Souza Lara Leão, salientou que o tumor era benigno, porém, com grandes chances de se tornar maligno.

“A opção pela retirada foi importante, principalmente por já se tratar de uma paciente acometida de crises convulsivas reentrantes difíceis de controlar. E, como esse tumor estava localizado em uma região complicada chamada Fronto Parietal, responsável pelo movimento e sensibilidade do lado direito do corpo da paciente, fizemos a opção de monitorizar mantendo ela acordada para termos ainda mais garantia na realização desse procedimento”, descreveu o médico.

Para isso, a equipe de anestesistas fez um bloqueio dos nervos do crânio para que ela não sentisse dor no momento em que precisasse ser acordada.“Superficionalizamos a anestesia e depois diminuímos o nível de sedação até ela se comunicar”, contou o anestesista Victor Cabral Ribeiro.

O procedimento durou cerca de oito horas e foi acompanhado de perto pela equipe do Núcleo de Psicologia do HB, conforme explicou a coordenadora, Rejane Bernardes.

“Já havíamos avaliado ela antes, para saber se, de fato, estaria apta para passar por essa cirurgia. Então, durante o procedimento, monitoramos a parte cognitiva como a atenção, coordenação motora, sensibilidade, força, compreensão, linguagem, memória e também realizamos intervenções para mantê-la calma”, pontuou a psicóloga.

Segundo a equipe, ao término da neurocirurgia, foi possível a retirada de cerca de 90% da lesão e a paciente segue agora para avaliações a fim de definir se deverá fazer rádio ou quimioterapia para dar continuidade ao tratamento.

Com informações do IGESDF

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