O quinto dia da 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi marcado por exibições que falam sobre cotidiano, começo de relacionamento, masculinidade tóxica e ancestralidade. O Cine Brasília recebeu nesta quarta-feira (13), produções para a Mostra Competitiva Nacional de longas e curtas.
O público do quadradinho lotou a sala do mais antigo festival de cinema do país em uma das noites mais aguardadas, o grande destaque ficou para o longa-metragem “O dia que te conheci”, do diretor André Novais.
O longa apresenta a trama do bibliotecário Zeca, interpretado pelo irmão de André, Renato Novais, que leva 1h30 até a escola onde trabalha, na cidade vizinha. Com questões de saúde mental, a rotina de todo dia se torna cansativa, até que um dia Luisa cruza o caminho de Zeca.
Ao jornal de Brasília, o diretor André Novais conta como gosta de retratar histórias reais e seus cotidianos. “O cotidiano me interessa muito, de forma geral sabe e acaba sendo pouco retratado dentro do audiovisual e eu quero retratar da forma mais real possível e ao mesmo tempo eu não consigo explicar o porquê. Me chama a atenção como algo a ser mostrado, a rotina de pessoas da periferia, não por denúncia ou algo do tipo, mas porque eu acho bonito”.
O longa que utiliza esse cotidiano para falar de amor, expõe como é um primeiro encontro, como são os diálogos mais sucintos e dispersos. “Eu falo muito de relacionamentos amorosos no geral, só que não no mesmo lugar, as vezes pode ser no fim, já estamos falando do começo e ainda sobre conversas profundas sobre saúde mental, mas sem ficar pesada e tudo um início que pode dar certo ou não”, explica André.
O cineasta ainda comemora o fato de estar presente no Festival de Brasília. “É uma honra estar aqui, em um festival que acompanha a Filmes de Plásticos (Produtora), já passamos 8 filmes aqui e estamos novamente em um local que respira cinema, com debates e questões políticas”, comemora.
Mostra Curtas
Além do longa da noite, “O dia que te conheci”, a quinta noite do festival também contou com a exibição de dois curtas-metragens. “Dona Beatriz Ñsîmba Vita” do diretor Catapreta que aborda em forma de animação a vida da heroína congolesa do século 17, Kimpa Vita.
“Eu conheci essa personagem, ela foi uma heroína do Congo por volta do século 17, ela foi assassinada pela igreja católica, tem uma história muito interessante, dizem que ela ressuscitou toda segunda-feira. Diante de uma história dessa eu fiquei muito instigado pela narrativa e como artista plástica e pelo período da pandemia a animação foi o caminho certo”, disse Catapreta ao JBr.
Já o curta o curta “Queima minha” do diretor alagoano Leonardo Amorim, retrata masculinidade tóxica e desejos reprimidos a partir da relação entre três jovens homens. “É um curta que apresenta três personagens masculinos, que não são mocinhos e muito menos vilões que tentam lidar com o que eles desejam e nem sempre conseguem atingi-los ou não conseguem bancá-los e ir atrás”, explica Leonardo.
E ainda tem mais!
A 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vai até o próximo dia 16/12, com mostras competitivas de longas e curtas nacionais e de Brasília, Festivalzinho e da Mostra Paralela — Outros Olhares.