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Brasília

Número de multas por falta do uso de seta cresce em 88% no DF

Foram registradas 22.727 autuações do tipo neste ano, contra 12.074 casos no mesmo período do ano passado

Redação Jornal de Brasília

26/09/2025 19h44

ipva carros transito

Foto: Arquivo/Agência Brasília

Por Larissa Barros

O número de motoristas flagrados sem dar seta quase dobrou no Distrito Federal em 2025, evidenciando um comportamento arriscado e cada vez mais frequente nas vias da capital. De janeiro a agosto, o Departamento de Trânsito (Detran-DF) registrou 22.727 autuações do tipo, contra 12.074 casos no mesmo período do ano passado, um aumento de 88%. O dado acende um alerta para a falta de atenção dos condutores em relação a uma regra básica de segurança, que pode parecer simples, mas é fundamental para evitar acidentes e garantir a fluidez do tráfego.

Entre os multados está o engenheiro de software Vinícius Gomildo, que foi autuado recentemente por esquecer de acionar a seta. Ele afirma que costuma sinalizar, mas admite que nem sempre. “Eu uso na maioria das vezes, mas quando percebo que não tem nenhum carro, eu deixo de ligar, e tem horas que esqueço. Fiquei indignado, porque não lembrava onde tinha sido, mas tenho certeza que não é algo frequente eu esquecer de usar seta”, detalha.

De acordo com o Detran, a conduta é considerada uma infração grave, prevista no artigo 196 do Código de Trânsito Brasileiro. A penalidade é de R$195,23 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo a Diretoria de Policiamento e Fiscalização de Trânsito, fatores como distração no volante e uso do celular contribuem diretamente para o aumento das ocorrências. A elevação no número de autuações em 2025, em comparação com 2024, está ligada tanto ao comportamento inadequado dos condutores quanto ao reforço da fiscalização nas vias.

O próprio Vinícius reconhece que, apesar da multa inesperada, a falta de seta é um problema recorrente no trânsito brasiliense. “Com certeza a fiscalização está mais rigorosa. Eu nunca tinha conhecido ninguém que tivesse levado multa por causa de seta, mas conheço vários motoristas que não usam. Várias vezes já passei raiva com falta de seta, ou seta ligada no lado errado. É um instrumento muito importante para o trânsito. Já aconteceram algumas situações que a seta teria prevenido quase acidentes. O trânsito é rápido, qualquer atraso na tomada de decisão pode causar batidas, e a seta ajuda a trazer previsibilidade, permitindo que o motorista antecipe as decisões”, afirma.

Além da fiscalização, o Detran-DF reforça que investe em ações educativas para conscientizar os condutores. A Diretoria de Educação desenvolve blitz educativas, palestras, apresentações teatrais e distribuição de material informativo, todas destacando a importância do uso correto da seta e de outras normas de circulação e conduta essenciais para a segurança viária.

Para especialistas, no entanto, não basta punir, é preciso transformar a cultura de negligência em relação à sinalização. A especialista em Direito de Trânsito e diretora de operações da SÓ Multas, Laura Diniz, explica que o uso da seta é um gesto simples, mas que exige consciência e hábito. “Muitos motoristas ainda negligenciam porque subestimam sua importância, acreditando que ‘ninguém está por perto’ ou que ‘não faz diferença’. Essa percepção equivocada revela uma cultura de pouca valorização da sinalização, quando, na realidade, a ausência desse cuidado pode gerar situações de risco e até resultar em acidentes graves”, analisa.

Segundo Laura, não acionar a seta não é um detalhe sem importância, mas um risco real no tráfego. “Ela é a forma de o motorista avisar aos outros o que vai fazer. Quando alguém deixa de sinalizar, os demais são surpreendidos com manobras inesperadas, o que aumenta muito o risco de batidas, principalmente em cruzamentos e trocas de faixa. O que parece uma ‘bobagem’ pode causar acidentes graves, envolvendo outros veículos e até pedestres. A multa existe justamente para mostrar que essa atitude não pode ser tratada como algo menor. Não sinalizar é como dirigir no escuro, você pode não ver o risco, mas ele está lá”.

Na visão dela, a multa tem caráter educativo, mas não é suficiente se não vier acompanhada de conscientização. “A punição mostra ao motorista que sua conduta gera consequências imediatas. Mas, para que o efeito seja duradouro, é fundamental intensificar as campanhas de conscientização, especialmente em escolas. No Brasil, boa parte da violência no trânsito acontece por negligência dos motoristas, e esse problema precisa ser combatido desde cedo. Quando a educação sobre respeito às regras é incentivada ainda na formação das crianças, o exemplo é replicado dentro das famílias e se fortalece na sociedade. A soma da punição com a educação é o caminho mais eficaz para transformar a cultura no trânsito”, completa.

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