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Brasília

Nova mesa da Câmara assume compromisso de barrar reajuste das tarifas de transporte

Arquivo Geral

02/01/2017 7h24

Carlos Gandra/CLDF

Francisco Dutra
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Ao tomar posse na Câmara Legislativa, a nova Mesa Diretora declarou guerra ao aumento das passagens de ônibus e metrô anunciada pelo governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). A primeira vista, o novo presidente da Casa, deputado distrital Joe Valle (PDT) classificou a alta das tarifas como abusiva. Segundo os parlamentares, o Palácio do Buriti deveria suspender a decisão anunciada de surpresa na última sexta-feira. Hoje o Legislativo fará uma reunião para definir uma linha de ação sobre o caso. Uma das possibilidades é a publicação de um decreto legislativo para sustar o aumento.

“Acredito que neste momento difícil, de crise, a decisão do governo foi muito ruim. Não quero ser precipitado, mas o GDF decidiu este aumento sem conversar com ninguém. Este é aumento me parece abusivo”, comentou Joe Valle. O novo vice-presidente da Casa, Wellington Luiz (PMDB) foi ainda mais incisivo. “É inadmissível. Foi um ato covarde do governador. Extremamente inconsequente, insensível e insensato. Ele fez isso na calada da noite e aproveitou para viajar. Este aumento pode gerar ainda mais desemprego”, disparou. O governador inclusive não participou da cerimônia de posse, realizada ontem no plenário da Câmara.

Saiba mais

  • A nova Mesa Diretora da Câmara é composta por pelo presidente, Joe Valle (PDT); o vice-presidente, Wellington Luiz (PMDB); a primeira secretária, Sandra Faraj (SD); o segundo secretário, Robério Negreiros (PSDB); o terceiro secretário, Raimundo Ribeiro (PPS).
  • Segundo o governo, o DF é a única unidade da Federação com 100% de gratuidade para alunos de escolas públicas e privadas. Em Belo Horizonte, o benefício é de apenas 50%. Em outros estados, alunos de instituições particulares não têm passagens grátis. O GDF também desembolsa uma tarifa complementar para abaixar os preços das passagens para os passageiros em geral.
  • De acordo com o governo, a decisão da alta partiu de um longo estudo durante todo ano passado.

O novo terceiro secretário da Casa, responsável pela condução dos processos legislativos, Raimundo Ribeiro (PPS) também não poupou críticas ao aumento. “O aumento da passagem anunciado pelo governo é um absurdo”, disparou. Diante da gravidade do episódio, o distrital sugeriu a suspensão do recesso parlamentar.

Presente na cerimônia, o senador Cristovam Buarque (PPS) também questionou a postura do Executivo. Segundo Buarque, o governo deveria suspender a alta até o fim do período de férias para formular estudos para justificar a medida. Com os números em mãos, o GDF deveria discutir a proposta com a sociedade.

O aumento das passagens também afetou a relação entre o governo e o PSD. “Sou absolutamente contra reajustes de tarifa em qualquer serviço público ou concessão sem os prévios estudos, análises técnicas e financeiras. Me parece que a licitação feita pelo governo anterior aumentou vertiginosamente as subvenções e incentivos, mas isso deve fazer parte das análises e levantamentos econômicos”afirmou o presidente regional do partido, deputado federal Rogério Rosso em nota pública.

O aumento das passagens passa a valer hoje. As linhas de ônibus circulares internas vão de R$2,25 para R$2,50. As ligações curtas avançam de R$ 3,00 até R$ 3,50. O maior aumento é para as tarifas de viagens longos, metrô e integração, que passam de R$ 4,00 para R$ 5,00.

Secretário: “aumento é indispensável”

Matheus Oliveira/Cedoc

Matheus Oliveira/Cedoc

Alegando não ter orçamento suficiente para manter o sistema de transporte até o final de 2017, o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, defende que o aumento da passagem é indispensável para reequilibrar as contas públicas sem retirar as gratuidades para estudantes e portadores de deficiência. A pasta tem previsão de aproximadamente R$ 200 milhões, enquanto o gasto, apenas com os subsídios nas passagens, está na casa dos R$ 600 milhões.

Segundo o secretário, enquanto a média nacional de gratuidade nas passagens é de 15% dos usuários, no DF o beneficio atinge 33%. Nas palavras de Damasceno, os gastos com subsídio chegaram a um patamar que exige o aumento das passagens. Com o aumento o GDF terá um alívio nas contas para investir em melhorias no Transporte, Saúde, Educação e Segurança.

De acordo com o governo, mais de 60% dos passageiros não utiliza as linhas com duas menores tarifas. “Nos últimos 10 anos, os salários do motoristas aumentaram, os combustíveis aumentaram e as passagens não. Esta decisão dos governos anteriores desequilibrou o sistema. Com serenidade e tranquilidade vamos reequilibrá-lo, colocando as contas públicas em ordem para investir em Transporte”, argumentou Damasceno.

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