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Brasília

Operação do Ibram demoliu construções irregulares e moradores ficam incertos sobre realocação

Os moradores do Jardim Vitória vivem essa situação e aguardam que o governo apresente um plano de realocação para as famílias, enquanto isso vivem uma sensação de impotência e o medo constante de ficar sem abrigo

Camila Coimbra

30/01/2025 17h00

Atualizada 31/01/2025 14h54

demolicao jardim vitoria 1

População em cima dos muros derrubados Foto: Camila Coimbra

camila.coimbra@grupojbr.com

Na manhã desta quinta-feira (30), uma operação realizada pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) demoliu muros e novas construções de casas na área do condomínio Jardim Vitória. Essa ação de retirada de novas habitações acontece por se tratar de uma área de proteção permanente, se tratando de uma região ambiental, às operações acontecem sem aviso prévio. Os moradores do Jardim Vitória vivem essa situação e aguardam que o governo apresente um plano de realocação para as famílias, enquanto isso vivem uma sensação de impotência e o medo constante de ficar sem abrigo.

Nelson Teixeira da Rocha, 39 anos, morador do condomínio há sete anos, vive sob a ameaça de despejos desde 2019. Ele já teve sua casa demolida uma vez e relata que a rotina dos moradores é marcada pela insegurança. “Eu estava prestes a me mudar para minha casa nova. A mudança seria na sexta-feira, mas na quinta eles vieram sem avisar e demoliram tudo”, conta. Nelson descreve que as operações costumam ocorrer enquanto os moradores estão no trabalho, deixando-os sem tempo para reagir ou proteger seus pertences. “A gente sai cedo para trabalhar e, quando chega lá, recebe a ligação: ‘Está tendo operação no condomínio’. Hoje mesmo perdi o dia de serviço para voltar correndo”, desabafa.

Idilene Teixeira da Rocha, 34 anos, moradora do condomínio há quatro anos, vive na casa da mãe para ficar próxima ao Hospital da Criança, onde seu filho, que tem hidrocefalia, recebe tratamento. No dia da operação, ela saiu de casa às seis da manhã para levar o filho ao hospital, mas precisou retornar imediatamente ao receber a notícia das demolições. “Me sinto um lixo, sem poder fazer nada. Eles vêm armados, eu vou fazer o quê?”, questiona. Idilene também denuncia o uso excessivo de força pela Polícia Militar, citando um caso em que um adolescente levou spray de pimenta no rosto ao tentar pedir informações aos agentes.

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) justifica as ações afirmando que o condomínio está localizado em uma Unidade de Conservação e em uma Área de Preservação Permanente (APP), o que impede a regularização da ocupação. O órgão aplicou uma multa de R$ 239.437,92 à Associação de Moradores por ocupação irregular dentro do Parque Ecológico Riacho Fundo. No entanto, o Ibram reconsiderou a demolição das casas, reconhecendo que a medida afetaria moradores que não participaram do processo administrativo.

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De acordo com o órgão, a granja modelo, próximo ao Jardim Vitória, está em processo de regularização. Enquanto o Jardim Vitória não pode ser regularizado, por se tratar de uma Área de Proteção Permanente (APP).

A situação expõe a complexidade do conflito entre a preservação ambiental e o direito à moradia, deixando centenas de pessoas à mercê de decisões que podem mudar suas vidas de forma irreversível.

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