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Brasília

Investigado por estelionato, servidor do TJDFT retoma serviço no órgão

O período sabático do funcionário público coincide com as datas alegada nas ocorrências registradas na Polícia Civil (PCDF).

Olavo David Neto

01/05/2020 12h42

Um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) terá de se dividir entre o serviço e um inquérito aberto na segunda vara criminal de Brasília. Acusado de estelionato, inclusive por colegas de serviço público, Rogério Moreira Casagrande, 42, estava afastado desde 2017 quando foi alvo de denúncias registradas na 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), mas retornou ao trabalho em 1º de abril. O período sabático do funcionário público coincide com as datas alegada nas ocorrências registradas na Polícia Civil (PCDF).

Num esquema de pirâmide, segundo a investigação, atraía as vítimas com promessas de altos rendimentos, devolvia uma parte a título de juros e depois desaparecia. Com investimentos de R$ 11,7 milhões – para injeção numa suposta empresa de venda de açaí, cujos lucros renderiam 7% sobre as aplicações -, Rogério atraiu vítimas até dos quadros do Governo do Distrito Federal (GDF), e várias instituições do três poderes da República.

Num primeiro momento, o servidor do TJDFT retornava juros das aplicações, mas convencia os interessados em reinvestir o valor. Nas investigações, a PCDF aponta a confiança depositada por muitas das vítimas em Rogério, que, conforme alegam as denúncias, enganou até colegas de longa data no serviço público. Após a constatação do esquema, os lesados corriam aos telefones em busca do autor. Rogério, entretanto, não atendia às ligações, nem respondia mensagens.

 

Como não frequentava mais o prédio do TJDFT, desapareceu do mapa. Aprovado via concurso público, Rogério ingressou no tribunal em dezembro de 2011, e em maio de 2017 iniciou um período de quase dois anos e onze meses de licença não-remunerada. Com remuneração de R$ 10 mil, o técnico judiciário aparece no Portal da Transparência do Judiciário como ativo no serviço público desde abril na secretaria do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e de Cidadania do Trânsito (Cejus-Trans).

Após três anos, retorno à normalidade

A volta de Rogério ao serviço ignora o inquérito policial aberto contra o funcionário público, que aponta o cargo como facilitar para a suposta aplicação dos golpes. De acordo com fontes consultadas pela reportagem, a investigação solicitou medidas investigatórias aos órgãos competentes – como quebra de sigilos bancário ou telefônico. No momento, o pedido está sob análise do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo o inquérito, ele se utilizava da boa fé atribuída ao serviço público para cooptar as vítimas do esquema.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios não respondeu ao questionamento da reportagem até o fechamento desta matéria. Rogério declarou ao Jornal de Brasília que tem orientação jurídica de não comentar por telefone às perguntas relativas ao caso. O investigado sugeriu um encontro presencial, algo que foge às possibilidades da equipe em meio à pandemia do novo coronavírus, já que a redação do JBr. acatou tanto as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto as medidas restritivas adotadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF).

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