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Brasília

Hospital Brasília atinge o marco de 50 pacientes renais transplantados

O primeiro transplante foi realizado em 20 de maio de 2017. Desde então, foram realizados 53 transplantes renais

Redação Jornal de Brasília

24/08/2022 19h18

Após receber a doação do rim do marido, 50ª transplantada poderá realizar o sonho da maternidade

O Hospital Brasília, pertencente à Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, alcançou o marco de 50 pacientes transplantados renais, com a realização do transplante da servidora pública Érika Moreira. Coincidência do destino ou não, a 50ª paciente recebeu a doação do rim do próprio marido, o bancário Leonardo Moreira. Ambos têm a mesma idade, 37 anos, e residem no Gama. Agora, a cirurgia feita com sucesso permitirá abrir novos caminhos para o casal, um deles é que Érika possa realizar o sonho de ser mãe.

Foi no final de 2018 com a ajuda de uma amiga em comum que o casal se conheceu. “Foi amor à primeira vista. Começamos a namorar e, na sequência, noivamos. Com isso, iniciamos o planejamento do nosso casamento que seria em 2020, porém, devido à pandemia, tivemos que mudar os nossos planos adiando o casamento religioso para junho de 2022. Mantivemos apenas o casamento civil em 2020”, recorda Érika.

Érika foi diagnosticada ainda na adolescência com uma doença de causa desconhecida que paralisa gradativamente as funções do rim, chamada de glomerulosclerose segmentar focal (GESF). A doença estava estável, porém, em 2019, houve uma piora do quadro, que levou a função renal a funcionar menos de 20%.

Compatibilidade do casal – Após a piora do quadro, em acompanhamento com a equipe médica do Hospital Brasília, ficou decidido que a melhor opção para a paciente seria um transplante preemptivo, realizado quando o paciente ainda não precisa de hemodiálise, processo feito regularmente em uma máquina para filtrar o sangue. Assim, mãe, irmão e esposo da paciente foram fazer exames iniciais para averiguar as condições de saúde e realizar uma possível doação do rim, que pode ser retirado de doadores vivos, já que cada pessoa possui dois rins. Felizmente, o marido tinha condições de saúde favoráveis e eles eram compatíveis.

“No momento em que descobri que meu esposo seria meu doador foi uma alegria imensa, um sentimento de gratidão a Deus e a meu esposo, pela coragem, atitude e companheirismo. Veio em mim um sentimento de liberdade e vitória por poder ter um futuro, planos, realizações de sonhos, e poder viver com saúde”, disse Érika, ao falar que o marido se propôs de imediato a fazer a doação. “Fiquei muito feliz em saber que eu possuía as melhores condições de ser o doador e poderia colaborar com a melhora da saúde dela”, completou Leonardo Moreira.

Quando chegou o grande dia da cirurgia, realizada em 23 de junho deste ano, no Hospital Brasília, o casal estava bastante ansioso, mas ao mesmo tempo confiante e seguro de que daria tudo certo. O processo cirúrgico do marido de Érika durou duas horas e ele recebeu alta em 24 horas. Já a operação da paciente durou aproximadamente três horas e meia e a internação, 22 dias, dos quais seis foram na Unidade de Terapia Intensiva – UTI. “Me sinto uma nova pessoa. Quero realizar meus sonhos, meus planos, que antes eu não tinha perspectiva nenhuma, porque a todo momento eu pensava se teria saúde e chances de realizar”, comemora Érika.

Reencontro

Érika conta que foi fundamental o tratamento dedicado à ela e à família pelos profissionais do Hospital Brasília. Um deles ela conhecia há anos. “Desde o início, fomos muito bem acolhidos. A primeira consulta foi com o Dr. Pedro Mendes, que já tinha me atendido há 15 anos. Percebemos que alí iriamos seguir com todo nosso tratamento. Quando mostramos a necessidade de realizar nosso sonho de ter uma qualidade de vida e ter filhos, ele não pensou duas vezes e abraçou a nossa causa”, contou a paciente, ao agradecer a Deus, à família, amigos, e funcionários do Hospital Brasília, em especial, aos médicos Pedro Mendes, Felipe Nonato; à enfermeira Gislaine; e à psicóloga Fernanda.

O nefrologista Pedro Mendes conta que conheceu Érika quando era residente em um hospital público. “Depois que saí desse hospital, perdemos o contato. Tive a surpresa de estar no Hospital Brasília quando a Érika apareceu para a consulta. Quando li o nome na ficha, logo me recordei dela. Foi um reencontro muito bacana”, disse. “Poderíamos esperar mais para fazer a cirurgia, porém, como ela manifestou o desejo de engravidar, adiantamos o processo. Sabemos que no período de diálise, além de ser muito difícil de engravidar, seria uma gravidez de alto risco tanto para mãe, quanto para o bebê. Agora, como a operação foi um sucesso, a expectativa é de que em um ano ela possa engravidar com evolução favorável”, completou.

O coordenador do Centro de Robótica do Hospital Brasília, o urologista Fransber Rodrigues, esclarece que o nefrologista que acompanha o paciente é quem decide quando há indicação para transplante. Nos casos possíveis, o paciente é encaminhado a um programa de transplante e é submetido a consultas com uma equipe multidisciplinar composta por: urologista, cardiologista, nutricionista, psicólogo e, se necessário, outras especialidades para avaliação de doenças específicas do paciente. Essa equipe faz avaliações sob coordenação do nefrologista do centro de transplante.

“O nefrologista também solicita vários exames imunológicos para avaliar a compatibilidade entre o rim do doador e o paciente receptor, além de outras avaliações que variam de acordo com o paciente, que, se estiver apto, é inserido numa fila nacional coordenada pelo Ministério da Saúde”, explicou.

Segundo ele, a qualidade de vida de um paciente transplantado tem grandes melhorias. Uma delas é não depender de diálise, mas o transplante exige o acompanhamento regular da nefrologia para averiguar como está a função renal e a imunossupressão, já que esses pacientes recebem medicação para reduzir a resposta imunológica para evitar a rejeição do órgão, o que gera um maior risco de adquirir doenças infecciosas.

Transplantes

O Hospital Brasília teve a sua publicação de credenciamento autorizada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) em 5 de setembro de 2016. O primeiro transplante foi realizado em 20 de maio de 2017. Desde então, foram realizados 53 transplantes renais, sendo 39 na modalidade intervivo e 14 na modalidade com órgãos de doadores falecidos.
O resultado é graças ao árduo trabalho de dedicação da equipe de transplante renal juntamente à direção do hospital, demais áreas envolvidas e às 14 famílias doadoras que autorizaram a doação dos órgãos dos seus familiares após o fechamento do protocolo de morte encefálica.

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