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Brasília

Familiares de Islan da Cruz pedem por justiça em velório e motorista acusado afirma não ter ingerido álcool no dia do acidente

O pai, Jorge Nogueira, também pede por justiça: “Eu vou levar a dor pra sempre, mas quero que a justiça seja feita”

Redação Jornal de Brasília

31/10/2023 23h50

Reprodução

Por Lurya Rocha
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O velório do jovem Islan da Cruz Nogueira, passageiro do carro alvejado por policiais após furar uma blitz, aconteceu ontem (31) pela manhã, no cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul. A família da vítima considera imprudente a forma como os agentes agiram naquela noite e esperam uma resposta da justiça. Entretanto, o comandante de Policiamento de Trânsito, Edvã Sousa, defende que os policiais adotaram o procedimento e as técnicas para os quais foram treinados.

Momentos antes do sepultamento, amigos e familiares carregaram cartazes pedindo por justiça. Islan era o mais velho de dois filhos e sua mãe, Marineide Florinda da Cruz, grávida de 4 meses, lamenta a perda. O pai, Jorge Nogueira, também pede por justiça: “Eu vou levar a dor pra sempre, mas quero que a justiça seja feita”.

Ataliba Neto, delegado responsável pelo caso, abriu dois inquéritos policiais sobre o ocorrido na noite de sábado (28). O primeiro será para investigar o motorista, Raimundo Cleofás Alves Aristides Júnior, por tentativa de homicídio, embriaguez ao volante e resistência. O outro é autônomo e tem o objetivo de apurar e investigar as circunstâncias da morte do jovem, para definir se foi homicídio ou legítima defesa por parte dos policiais militares, o que não configura crime. A investigação deve identificar qual agente disparou os tiros que mataram o passageiro, além de concluir com o laudo técnico quantos tiros acertaram o veículo e pneus.

O motorista que conduzia o carro passou por audiência de custódia e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, sem data para acabar. O juiz responsável, Rômulo Batista Teles, alegou que “os fatos apresentam gravidade concreta” e que as atitudes do acusado demonstraram a todo momento “especial periculosidade e ousadia ímpar”, tornando necessária a prisão cautelar para a garantia da ordem pública e prevenir que o delito seja cometido novamente. Foi destacado pelo juiz, também, que o falecimento de Islan foi resultado da conduta imprudente do acusado, visto que os disparos de arma de fogo efetuados pelos policiais com o objetivo de parar o carro foram consequência da desobediência do motorista.

Segundo o delegado, Raimundo não prestou depoimento no dia da prisão por conta do nível de embriaguez que se encontrava. Ele prestou depoimento apenas na segunda-feira (30) na 5ª Delegacia de Polícia (DP). Em seus relatos, afirmou que era amigo de Islan, que foi ao bar encontrá-lo para emprestar um dinheiro e que iria deixá-lo em casa pois a vítima havia ingerido álcool. Ainda declarou que parou na blitz e chegou a abaixar o vidro do carro, mas que não desceu do veículo como ordenaram os policiais porque o plugin (pedal) do acelerador do veículo travou e não conseguiu fazer o carro parar. Afirma que assim que ouviu um disparo de arma de fogo, ficou desesperado e acelerou o automóvel seguindo em direção à Praça dos Três Poderes, mas não se lembra do segundo ponto de bloqueio nem de ter atropelado um PM durante a fuga.

Negou que se recusou a fazer o teste do bafômetro e afirmou não ter ingerido bebidas alcoólicas naquele dia. Porém, o laudo preliminar de exame de corpo de delito do IML da PCDF, feito na madrugada de domingo, (29) concluiu que Raimundo apresentava diversos sintomas de embriaguez alcoólica.

Por fim, o empresário relatou que, depois de descer do veículo e desmaiar na pista, acordou sendo agredido por um PM que lhe deu murros na costela e pisou em sua cabeça. A defesa do acusado vai pedir sua soltura à justiça. Sobre as agressões, a Polícia Militar afirmou que não se manifesta sobre depoimentos em qualquer fase das investigações.

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