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Brasília

Exclusivo: Infância roubada por padrasto abusador

Única menina violentada por Antônio era sua enteada, que conviveu com seu algoz por 10 anos na mesma casa

Marcus Eduardo Pereira

10/07/2019 6h43

Atualizada 12/07/2019 7h49

Larissa Galli
Vanessa Lippelt

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As crianças abusadas por José Antônio Silva eram, majoritariamente, meninos de 4 a 10 anos de idade. Mas uma vítima fugiu dessas características. Patrícia* foi violentada pelo padrasto quando ainda era muito pequena. O primeiro abuso de que ela tem lembrança aconteceu quando tinha apenas 5 anos. Agora, aos 18, a moça fala ao Jornal de Brasília sobre o convívio com a violência.

“Não me lembro quando começou, porque eu era muito pequena”, desabafa. “Mas lembro dos abusos quando eu tinha 5 anos; e terminaram quando eu estava com 7”, relembra. A jovem conta que as violações aconteciam em qualquer lugar. “Na minha casa, na da minha avó, no carro… em qualquer momento em que estávamos só eu e ele”, diz.

Segundo Patrícia, a parte mais difícil era conviver com seu abusador todos os dias. “A maior dor que eu guardo desses abusos foi ter que conviver com ele, ter que olhar na cara dele todos os dias e lembrar o que ele fez comigo”, declara. “O pior de tudo foi ter que guardar tudo aquilo dentro de mim, sem poder contar pra ninguém”, completa.

“A maior dor que eu guardo desses abusos foi ter que conviver com ele, ter que olhar na cara dele todos os dias e lembrar o que ele fez comigo”

A jovem é filha da mulher com quem José Antônio foi casado por 10 anos. Eles se casaram quando a menina tinha 8 anos e os abusos já tinham cessado. Quando ficou sabendo das denúncias, a mãe de Patrícia decidiu se separar de José e desde então ele está foragido. A moça relatou que a mãe “está traumatizada e só chora”.

Patrícia preferiu não dar detalhes sobre os abusos, mas conta que se sentia “assustada, sem entender o que estava acontecendo”. Ela explica, porém, que, com o passar dos anos, foi ganhando consciência da violência que sofreu. “Fui entendendo o que tinha acontecido comigo, o que ele tinha feito. Conviver com ele até os meus 18 anos foi muito doloroso… nunca esqueci e tive muitos traumas”, revela.

Vítimas esperam por justiça

Assim como Paulo*, a vítima que foi o autor da primeira denúncia contra José Antônio, Patrícia teme que o abusador continue cometendo crimes. “Espero que ele seja encontrado; é um perigo ele estar solto por aí.” José é procurado pela justiça, está indiciado por 16 estupros de vulnerável e já tem mandado de prisão preventiva emitido.

Também em contato com o JBr., outra vítima disse que concorda com tudo o que foi relatado por Paulo. “O que ele disse já aborda tudo que eu teria a dizer”, conta o rapaz, que também é sobrinho de José Antônio.

Quem tiver informações sobre José Antônio pode ligar para os números 181 ou 197 e denunciar anonimamente. Pode também ir direto à 4ª Delegacia de Polícia (Guará) ou ligar no telefone 3207-6572. É possível também procurar qualquer delegacia de Polícia Civil no Brasil e fazer a denúncia.

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