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Brasília

Estoques de leite materno no DF estão baixos

No mês em que se celebra a importância do aleitamento, Secretaria de Saúde do Distrito Federal registrou queda nas doações

Larissa Galli Malatrasi

04/08/2020 18h06

Atualizada 05/08/2020 12h08

Neste mês é celebrado o Agosto Dourado, dedicado a destacar a importância do aleitamento materno. A primeira semana do mês marca a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que, neste ano, propõe como tema para reflexão o apoio à amamentação para um planeta mais saudável. No Distrito Federal, porém, o início do mês comemorativo emitiu um alerta: os níveis de estoque dos Bancos de Leite Humano (BLH) do DF estão baixos.

Segundo a Secretaria de Saúde do DF, foi registrada uma queda nas doações de leite materno em julho. “Em janeiro o déficit era de 30% a menos em relação 2019 e foi o pior mês de janeiro em quatro anos. Entramos na pandemia com déficit importante nos bancos, mas com o trabalho nas mídias sociais, rádio e televisão conseguimos chegar em junho com ganho de +1%”, afirmou a pasta em nota enviada à reportagem.

De janeiro a julho de 2020, o banco de leite humano arrecadou 10.299,1 litros de leite materno provenientes de 3.848 doadoras. Até ontem, 5.618,5 mil litros já haviam sido distribuídos para 7.360 recém-nascidos. A Secretaria de Saúde informou que atualmente a média de distribuição nas unidades está em cerca de 12 litros por dia, “o que é uma quantidade por dia extremamente alta”. Entre janeiro e dezembro de 2019, o banco de leite humano arrecadou 17.003,9 litros de leite materno e conseguiu atender 14.274 bebês.

A queda nas doações pode ser resultado da pandemia e as dúvidas que surgem sobre a segurança das mães e dos recém-nascidos. A Secretaria de Saúde ressalta que as doadoras de leite devem gozar de boa saúde para fazerem as doações. “Em casos de infecção pelo novo coronavírus, recomenda-se que a doadora aguarde ao menos 14 dias. Precisamos continuar conscientizando a doação, considerando que a arrecadação minimamente ideal é de 75 litros de leite materno por dia”, reforça a pasta.

Uma nota técnica do Ministério da Saúde sobre os protocolos para doação de leite materno no contexto da pandemia diz que ainda “não há evidência sobre a transmissão do coronavírus através da amamentação, embora a escassez de evidências científicas não possibilite o consenso em relação à recomendação sobre a doação de leite humano por mulheres potencialmente infectadas”. Por isso, o ministério recomenda a doação de leite humano “somente por lactantes saudáveis e sem contato domiciliar com pessoa com síndrome gripal”.

A coleta de leite humano pode ser feita em casa e doado às unidades de Banco de Leite do DF. A mãe doadora pode fazer o cadastro no Disque Saúde 160, opção 4, pelo site Amamenta Brasília, ou pelo aplicativo para smartphone. Após terminar a coleta, é preciso fechar bem o vidro, colocar a data e guardar imediatamente no congelador ou no freezer por até dez dias.

A SES/DF tem uma parceira com o Corpo de Bombeiros do DF para recolher o leite nas casas das doadoras. A coleta pode ser agendada pelo canal Disque 160, opção 4. Em caso de dúvidas sobre as técnicas de coleta, as doadoras podem entrar em contato com o Banco de Leite pelo e-mail [email protected].

Amamentação

No contexto da pandemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta a que a amamentação seja mantida por falta de elementos que comprovem que o leite materno possa disseminar o coronavírus. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia destacou que “os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus por meio do leite materno” e recomenda que “as mulheres diagnosticadas com covid-19, que desejam amamentar, devem ser estimuladas a fazê-lo”.

Na mesma linha, o Ministério da Saúde recomenda que a amamentação seja mantida em caso de infecção pelo coronavírus, desde que a mãe deseje amamentar e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo. “Caso a mulher não se sinta segura em amamentar enquanto estiver com covid-19, recomenda-se que seu leite seja retirado e ofertado à criança”, destaca uma nota técnica da pasta sobre o aleitamento materno durante a pandemia.

Nesse sentido, portanto, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça que a amamentação é indicada e não está contraindicada em nenhuma situação clínica. O documento do ministério da Saúde recomenda que as mães lavem as mãos por pelo menos 20 segundos antes de tocar o bebê ou antes de retirar o leite materno, nos casos de extração manual ou na bomba extratora; usem máscara facial cobrindo completamente nariz e boca durante as mamadas, e evitem falar ou tossir durante a amamentação.

“A Semana Mundial do Aleitamento Materno de 2020 nos lembra de que precisamos cuidar triplamente. Cuidar do planeta doente, cuidar das pessoas doentes com essa nova virose e principalmente cuidar de nos comunicarmos melhor. É preciso falar e ser entendido. Falar bem alto que o aleitamento materno é insuperável; que lactantes com SARS-CoV-2 positivo, em bom estado geral e com cuidados adequados de higiene podem e devem sim manter a amamentação; que nós pediatras precisamos nos comunicar cada vez melhor com as famílias, entre outras questões”, ressaltou o presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, Luciano Borges Santiago.

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