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Esecae busca reconhecimento global: Brasília mira em Patrimônio Mundial da Unesco

Estação Ecológica de Águas Emendadas, no Distrito Federal, dá primeiro passo rumo ao reconhecimento internacional, protegendo ecossistema singular e fonte vital de grandes bacias hidrográficas brasileiras

Redação Jornal de Brasília

24/07/2025 18h41

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A Unesco tem 10 critérios para avaliar concerder o título a uma área e a Esecae cumpre três deles | Fotos: Divulgação/Brasília Ambiental

Na manhã desta quinta-feira (24), um marco significativo foi alcançado para a Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esecae), administrada pelo Instituto Brasília Ambiental: o início formal do processo para que a unidade seja reconhecida como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A proposta foi oficialmente apresentada na própria Esecae, durante uma reunião do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do Comitê de Bacias Hidrográficas Maranhão-Distrito Federal (GTEA CBH Maranhão-DF).

A iniciativa de buscar o prestigiado título da Unesco reúne um amplo grupo de entidades e indivíduos dedicados à preservação da unidade de conservação. Entre os envolvidos estão pesquisadores do coletivo Guardiões do Mestre D’Armas, da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Federal de Brasília (IFB), que reconhecem a importância vital da Esecae.

O pesquisador e professor do IFB, Adailton Oliveira, explicou que o encontro desta quinta-feira não apenas formalizou a proposta, mas também permitiu que os membros do Comitê de Bacias Hidrográficas conhecessem in loco o vasto potencial da Esecae que justifica sua candidatura. A Unesco possui dez critérios para avaliar a concessão do título de patrimônio mundial, exigindo que uma área atenda a apenas um deles. “A Esecae atende a pelo menos três desses critérios: é uma área de interesse científico, sendo um espaço crucial para pesquisas; possui um fenômeno único no mundo, o das águas emendadas; e apresenta uma grande beleza cênica inegável. Isso foi o que nos motivou a pensar nessa proposta: preservar esse espaço científico, o fenômeno e a beleza deste lugar”, justificou Oliveira.

A Estação Ecológica de Águas Emendadas é de importância colossal na formação de duas das maiores bacias hidrográficas da América do Sul: a Tocantins/Araguaia e a Platina (ou bacia do Rio da Prata). O agente de Unidade de Conservação do Brasília Ambiental, Gesileu DArc, enfatizou que essa característica “representa distribuição de água para o Brasil inteiro”. DArc também lembrou que a Esecae se encontra dentro de um grande aquífero, necessitando de cuidados especiais. Ele avaliou que, com o possível título de Patrimônio Mundial Natural, haverá “maiores possibilidades de traçar políticas públicas, de coordenar ações a nível distrital, nacional e internacional, voltadas à preservação da Estação”. A Esecae já tem uma conexão com a Unesco, tendo sido honrada em 2018 com o “Escudo de Água e Patrimônio”, uma láurea inédita para uma reserva natural latino-americana, em reconhecimento à sua significativa proteção da paisagem hídrica.

A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, destacou a relevância da iniciativa. Em suas palavras, “cuidar do meio ambiente é garantir um presente e um futuro melhor para todos. A Estação Ecológica de Águas Emendadas é uma das nossas mais importantes reservas naturais. Torná-la patrimônio mundial natural é reconhecer sua excepcionalidade para a humanidade, é garanti-la para as futuras próximas gerações”. O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, reforçou a importância ecológica da Esecae, não só pela contribuição às bacias hidrográficas, mas também por “guardar grande biodiversidade da fauna e flora do Cerrado”. Ele afirmou que a inclusão na lista da Unesco “confere reconhecimento global à área, atrai atenção internacional para sua importância e incentiva sua conservação”, justificando plenamente a iniciativa apoiada pelo Brasília Ambiental.

Patrícia Valls e Silva, analista de planejamento urbano e infraestrutura do Brasília Ambiental e secretária geral do CBH Maranhão-DF, sublinhou a função crucial dos Comitês de Bacias. Ela explicou que esses comitês são “locais de integração, tanto do poder público como de usuários, e a sociedade civil no âmbito de recursos hídricos”, com a função de “articular a conversa entre os entes, dirimindo conflitos no que se refere a recursos hídricos”. Valls e Silva concluiu que a iniciativa de tornar a Esecae patrimônio da humanidade “vem complementar as ações dos Comitês”, como o debate recente sobre a criação da Área de Proteção de Manancial (APM) Águas Emendadas para cobrir a parte norte da Estação que ainda está desprotegida.

*Informações da Agência Brasília

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