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Brasília

Dia da Língua Portuguesa: variedades na forma de falar

O Jornal de Brasília conversou com pessoas de diferentes regiões para entender as variedades que idioma carrega

Redação Jornal de Brasília

10/06/2019 21h12

Beatriz Castilho

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De norte a sul do Brasil, a língua portuguesa se adapta e diversifica, transformando-se em um cartão de identificação de cada canto dos 27 estados do país. Assim como ela, a celebração do código é variada. Além de comemorado em 5 de novembro, o idioma é também celebrado hoje (10), Dia da Língua Portuguesa.

A Professora de pós-graduação em linguística da Universidade de Brasília (UnB) Rosineide Magalhães de Sousa, 51 anos, explica que a data de hoje tem origem portuguesa. “Esse foi o dia em que o grande poeta da língua portuguesa, Luiz de Camões, morreu. Ele é um ícone porque ele falava sobre o amor à língua, sobre a língua como identidade”, conta.

Para ela, a língua é uma marca cultural que se relaciona com um sentimento de pertencimento de um povo. “Por exemplo, quando você sai da sua região, as pessoas te identificam como de dentro ou de fora pela língua. Ela é uma forma de marcar a identidade regional da pessoa”, afirma.

A jornalista Júlia Lima, 22, nasceu em Aracaju (SE), onde morou até se mudar para Brasília, em 2015. Na capital federal, o sotaque virou assunto de conversa. “As pessoas já sabiam que eu sou do Nordeste, então já chegavam perguntando de onde eu era.” Aliás, por conta disso, ela encontra um sentimento de acolhimento. “Esses dias eu estava em um Uber, quando o motorista questionou de onde eu era, respondi que era de Aracaju. Ele, que era da Bahia, já me contou de um lugar que tinha um acarajé bom”, relembra.

Para ela, além das expressões e gírias, a forma de construir as frases é o que mais se diferencia na forma de falar. “Muita gente ria de mim, por exemplo, por causa do ‘mediepoco’, que é o ‘meio dia e meia’, do ‘pegue para mim’, ao invés de ‘pega para mim’. E o uso do artigo, que eu não uso antes do nome da pessoa. Isso pegaram muito no meu pé.”

As mesmas características são para o empresário Luiz Pereira, 24, as diferenças entre o português brasileiro e o de Portugal. Brasiliense, ele mora há nove meses no continente europeu. “Tem uma frase boa que é ‘toda criança portuguesa fala como nossos avós falavam no Brasil’, porque aqui eles falam um português muito formal. O nosso português é muito mais coloquial.”

“Inclusive, há uma discussão muito curiosa aqui. Muitos portugueses não chamam o nosso português de ‘português do brasil’, chamam apenas de ‘brasileiro’, como se fossem um idioma à parte. E não fazem igual com angolanos ou moçambicanos, algo curioso”, aponta o empresário.

O professor do curso de línguas Djiby Mané, 47, nasceu em Senegal, país da África ocidental, e ex-colônia francesa. Em 1994, chegou em Brasília para cursar letras na Universidade de Brasília (UnB). Aqui, foi questionado sobre a forma de falar. “As pessoas quando não sabem, acusam as outras de ter sotaque, dialeto. Eu corrijo, sotaque é algo entre regiões, o que acontece é uma variedade na língua.”

Ele argumenta que as duas formas da línguas constituem dois dialetos diferentes, por sua grande variação. “O português é unificado na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CLPL], que é a maneira escrita, mas se mantém diferente na forma de falar”, afirma. “A variedade padrão nega a existência das variedades linguísticas”.

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