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Brasília

DF investiga primeiros casos de varíola dos macacos e hepatite misteriosa

Já o caso de varíola dos macacos está sendo investigada em um homem, com idade entre 20 e 29 anos

Redação Jornal de Brasília

21/06/2022 15h45

Geovanna Bispo e Willian Matos
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A Secretaria de Saúde do Distrito Federal está investigando os primeiros possíveis casos de varíola dos macacos e hepatite misteriosa da capital.

Segundo a pasta, o caso de hepatite desconhecida é em uma criança com idade entre 5 e 9 anos, que está em bom estado de saúde e está tendo acompanhamento ambulatorial.

Já o caso de varíola dos macacos está sendo investigada em um homem, com idade entre 20 e 29 anos. A pasta não esclareceu se ele teria voltado de uma viagem do exterior ou se teria tido contato com alguém infectado.

Ambos os casos, segundo nota da secretaria, já foram notificados ao Ministério da Saúde. “O DF já está preparado para lidar com a situação. Assim que os primeiros casos foram registrados no Brasil, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) do DF emitiu um alerta epidemiológico às unidades da atenção primária e hospitalares das redes pública e privada”, garante a pasta.

Em todo o Brasil, oito casos já foram confirmados de varíola dos macacos, sendo quatro em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul e dois no Rio de Janeiro. Além desses, outros sete estão sendo investigados, segundo o Ministério da Saúde.

Varíola dos macacos

A monkeypox recebeu esse nome para evitar a expressão varíola dos macacos. O Ministério da Saúde orienta que se abra mão do termo em português para que as pessoas não associem a doença ao animal e venham a fazer algum mal contra a espécie. A contaminação é pelo vírus orthopoxvirus, o mesmo da varíola já erradicada entre seres humanos.

Embora tenha sido detectada pela primeira vez em um surto da doença entre macacos de cativeiro, em 1958, os transmissores da monkeypox são ratos. A chefe do Cievs-DF explica que esse tipo de varíola se mantinha na África e eram registrados apenas casos esporádicos, relacionados a pessoas que viajavam para o continente. “Agora, começou-se a identificar situações fora do território africano e não tem sido possível saber se a infecção ocorreu em viagens”, explica.

A transmissão se dá por meio de contato pessoal com secreção respiratória ou lesão de pele de pessoas infectadas. “O vírus também pode ser repassado quando um paciente infectado toca um objeto e outra pessoa entra em contato com esse item”, afirma Priscilleyne. As pessoas que estão em maior risco de contaminação são trabalhadores da saúde e quem convive com cidadãos já doentes. Os sintomas são febre, surgimento de ‘caroços’ pelo corpo, quando glândulas defensoras do organismo aumentam de tamanho, e erupções cutâneas com irritação e inchaço na pele.

Pessoas de qualquer idade podem ser infectadas. O grupo que corre maior risco, no entanto, são as crianças. Quando a contaminação atinge gestantes, há maior risco de complicação. Até a última atualização desta reportagem, 27 países já haviam confirmado 1.009 casos de monkeypox em humanos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou, no último dia 30, que é improvável que o surto se transforme em pandemia, como ocorreu com o novo coronavírus.

Hepatite desconhecida

A hepatite ataca o fígado e é causada por cinco tipos de vírus, chamados A, B C D e E, ou por intoxicações. Partindo desse princípio, a hepatite de etiologia desconhecida, ou hepatite fulminante, chama atenção pelo fato de o paciente infectado apresentar os mesmos sintomas (cor amarelada na pele/olhos, diarreia, dor abdominal e vômito), mas testar negativo em exames.

Os primeiros registros da hepatite fulminante ocorreram em crianças de países europeus e dos Estados Unidos. Em 5 de abril, a OMS foi notificada de dez casos registrados em crianças menores de 10 anos na Escócia. De lá para cá, já são 650 suspeitos, entre eles nove mortes. Há 33 países com pacientes sob análise. O Brasil tem um caso provável da doença, 72 suspeitos e nenhum confirmado. A paciente provável é de Mato Grosso do Sul.

O Ministério da Saúde apura ainda se seis mortes no país foram causadas pela hepatite desconhecida. Nos dias 13 e 23 de maio, a Pasta abriu salas de situação para monitorar a hepatite desconhecida e a monkeypox, respectivamente. No DF, não há casos suspeitos, conforme citado anteriormente, e há vigilância ativa em relação à doença.

O Cievs-DF fez buscas retrospectivas para identificar se houve alguma ocorrência da hepatite fulminante que tenha passado despercebida. “Não identificamos. Todos os casos que a gente teve de hepatite recentemente estavam relacionados a algum agente etiológico já conhecido”, explica a chefe do setor Priscilleyne Reis.

A Secretaria de Saúde está em alerta para o caso de surgirem pacientes com suspeitas das duas doenças. Se for o caso da monkeypox, a pessoa será isolada; se surgir um caso suspeito de hepatite de etiologia desconhecida, o foco é coletar materiais biológicos para saber se há algum agente desconhecido ou se são casos das hepatites habituais. “Se não for encontrado nenhum fator já conhecido, esse paciente será registrado como um caso provável da hepatite misteriosa”, conta Priscilleyne Reis.

A Cievs emitiu alertas aos profissionais de saúde do DF para que qualquer suspeita seja registrada e informada ao setor. A Saúde tem condições de fazer diagnósticos diferenciais para as duas doenças em questão. “A gente tem tudo já pré-estabelecido, seguindo as mesmas orientações do Ministério da Saúde”, assegura Priscilleyne Reis.

A infectologista explica como será feita a detecção da doença nos pacientes. “Os principais diagnósticos serão realizados no próprio Laboratório Central (Lacen). Em alguns casos, o laboratório receberá a amostra e fará encaminhamento para o laboratório de referência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)”.

Também são feitas reuniões virtuais com profissionais de saúde das redes pública e privada. Priscilleyne informa que os encontros possuem grande adesão. “Na última videoconferência, realizada em 27 de maio, tivemos 100 pessoas. Abordamos sobre suspeita de pacientes, coleta e envio de materiais e outros pontos, abrangendo tanto a hepatite quanto a monkeypox”, relembra. “Além disso, fizemos reunião interna com o Laboratório Central (Lacen); a Gerência de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis (Gevist); e os Cievs para tratar do fluxo das hepatites”, encerra Priscilleyne.

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