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Brasília

Ceof aprova nome de Nelson Souza para presidir o BRB

Indicado por Ibaneis Rocha, com carreira em diversas outras instituições bancárias, futuro presidente terá o nome votado em Plenário

Suzano Almeida

25/11/2025 17h08

Sabatina de Nelson Antônio de Souza / Foto: Suzano Almeida

Sabatina de Nelson Antônio de Souza / Foto: Suzano Almeida

A Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof) aprovou, na tarde desta terça-feira (25), a indicação de Nelson Antônio de Souza para a presidência e Diretoria Executiva do Banco de Brasília (BRB). Souza assume o cargo antes ocupado por Paulo Henrique Costa, afastado pela Justiça e exonerado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), após a Operação Compliance Zero, que investiga a compra do Banco Master pela instituição.

O nome de Nelson irá, agora, para o Plenário da Câmara Legislativa, onde a oposição tenta adiar a discussão. O PT anunciou voto contrário, mesmo tendo conhecimento do executivo, que já atuou nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

Antes de responder aos distritais, o futuro presidente do BRB contou sua trajetória até a sua indicação. De menor aprendiz a presidente da Caixa Econômica Federal. “Se essa casa aprovar meu nome estarei junto com os colaboradores do BRB para fazer uma instituição melhor”. “Assumo o compromisso de conduzir essa instituição de acordo com sua missão, com diálogo e com meu compromisso de dar o protagonismo que ele merece”.

O primeiro a dedicar questionamentos ao sabatinado foi o distrital Joaquim Roriz Neto (PL), que perguntou sobre os mecanismos de controle, para evitar irregularidades, como o que ocorreu na tentativa de compra do Banco Master.

“Como fiz com a Caixa, quarto maior banco público do mundo, sempre procurei trabalhar com órgãos de fiscalização. Ainda não estou no banco, ainda não tenho conhecimento do que está acontecendo, mas, assim que estiver dentro do banco vou buscar acompanhar, até pelo sigilo bancário”, respondeu Nelson, que incluiu em sua resposta a divisão de responsabilidade com os funcionários da instituição. “Quem conhece minha trajetória sabe de como eu trabalho.”

Nelson lembrou que quando esteve no Banco do Nordeste, a situação era “tão ruim ou pior” do que a do BRB se encontra atualmente. Ainda assim, ele apontou que tanto no banco quando na Caixa, as instituições tiveram as maiores taxas de lucros em suas histórias.

O indicado afirmou que não pretende olhar para trás, mas apenas para frente. “Eu nem posso dizer ainda, porque não me sentei na cadeira, pois será essa Casa que irá decidir. Mas meu compromisso será para daqui para frente.”

Jorge Vianna (PSD) questionou qual seria o posicionamento do futuro presidente na compra do Banco Master, uma vez que as ações do BRB chegaram a subir, quando houve o anúncio do negócio entre as duas instituições.

“Quaisquer compras são comuns: a compra e venda, fusão, cisão. Se o banco, após análise de todos os seus indicadores, de ativos normais, possa ter liquidez, está em uma ação normal. Tem que estar dentro da regra do Banco Central. O que sei é o mesmo que vocês sabem pela imprensa. Mais para frente, sobre o Banco Master, podem me perguntar isso que saberei responder”, desviou o indicado, que prometeu um choque de gestão.

Os servidores do Governo do Distrito Federal também foram lembrados. Nelson Souza afirmou que eles serão respeitados e que o banco valorizará os trabalhadores públicos que hoje possuem contas no agente financeiro.

Interferência política

A deputada Paula Belmonte (Cidadania) questionou sobre “interferências políticas” dentro do BRB, o que inclui declarações do ex-presidente Paulo Henrique, de que “apenas cumpria ordens”.

“Fui presidente de grandes bancos públicos. Todos têm uma dimensão política exacerbadas. Eu sou executivo, e todas elas estão aí para comprovar isso. Se estiver dentro da legislação, será feito. Não estando, não há negócio”, disse. “Eu pretendo ter autonomia para fazer isso. Podem ter lado político, mas têm que ser técnicas. Fazer dentro da legislação e ter o retorno rentável”.

Em outro momento, Nelson afirmou que a “dimensão política tem que ser diferenciada da técnica”. Ele lembrou que a dimensão técnica não aceita desaforos, mas a dimensão política tem que ser ouvida. “Temos que ouvir, do contrário eu não estaria aqui para ser sabatinado por vocês.”

O indicado respondeu a deputada que a questão dos “superendividados do BRB” é um assunto “sério” e não um “oba-oba”. “Eu vou trabalhar com toda a equipe. Eu não acredito em voo solo.”

Programas

A deputada Jaqueline Silva (MDB) perguntou sobre como os programas, como Cartão Prato Cheio, Material Escolar, Transporte, Cartão uniforme, entre outros serão tratados, além de linhas de crédito para empresas que poderão fornecer serviços para esses programas.

“Os programas sociais são uma fortaleza do BRB. Não temos apenas que continuar, mas melhorar e fazer chegar a mais pessoas. No mundo, hoje, só se usa cartão, e isso é fundamental para a organização, atualização e modernização do próprio setor público. Esse é um motivo do BRB. O banco foi criado para isso”, devolveu.

Jaqueline lembrou, também, dos pequenos produtores rurais, que buscam o banco para buscar linhas de crédito. “Eu fui presidente do Banco do Nordeste e lá tínhamos uma linha de crédito para os pequenos produtores. Vamos analisar e fazer operações boas para os clientes e que não criem riscos ao banco”.

Outros deputados

Não membro da Ceof, o deputado Fábio Felix (PSol) pediu ao indicado que, em 30 dias após sua posse, ele possa levar à Câmara Legislativa a documentação da compra do Banco Master pelo BRB.

O presidente indicado afirmou que, após auditorias, irá apresentar os resultados à Câmara Legislativa, mas não definiu prazo, acreditando que poderá ser em até seis meses.

O distrital Gabriel Magno – cujo pai, Carlos Magno, fundador do Sindicato dos Bancários, trabalhou com o futuro presidente – pediu que Nelson, assim que tiver as informações, possa responder aos parlamentares como se deram as operações de compra de papéis podres, mesmo após a negativa do Banco Central, para que o Banco Master fosse comprado pelo BRB.

Os patrocínios esportivos também foram questionados, além de recursos para eventos privados. “Não tenho como falar do que não sei, mas depois que pegarmos uma causa temos que olhar tudo. Eu já fiz isso no Banco do Nordeste, mas eu vou olhar tudo isso. Eu gosto de contemplar as ações na região que a instituição foi criada para funcionar. Eu quero ver daqui para frente”.

Metade do salário

Segundo o deputado Chico Vigilante (PT), o indicado do governo para a presidência do BRB, Nelson Souza, está deixando uma operadora de cartões de crédito nacional para assumir o cargo pela metade do salário que recebe atualmente. “Ele está aceitando uma missão para o sistema financeiro não quebrar.”

Amigos de muitos anos, Chico questionou ainda se o futuro presidente, após a realização das auditorias, estaria disposto a colaborar com a uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito do BRB (CPI do BRB) – que atualmente tem apenas seis, das oito assinaturas que precisa para ser aberta.

Max Maciel (PSol) perguntou os motivos de Nelson aceitar a indicação agora, mas ter recusado em 2019. Ele afirmou que deixou de aceitar vários convites no mesmo período, mas que agora foi um pedido especial. “Me pediram para resolver um problema e eu sou um homem do mercado”.

Voto contra

Mesmo amigo de Nelson Souza, Chico Vigilante anunciou que o partido votará contrário ao nome do colega no plenário da Casa. “Sei da sua competência e do seu caráter, mas espero que você não fique com raiva de mim, mas votaremos contra essa indicação pela situação do BRB”.

Bem-humorado, Nelson respondeu que não ficaria chateado.

Carreira

Antes de sua aprovação para comandar o BRB, Nelson Souza atuava como vice-presidente da Elo Cartões, desde o ano passado. Sua experiência na liderança de grandes organizações inclui um mandato como presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) no biênio 2018-2019, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), período em que a instituição alcançou o maior resultado em 155 anos de fundação.

Souza também foi presidente da Brasilcap Capitalização S.A. (2021-2024), e ocupou a presidência do Banco do Nordeste (BNB) entre 2014 e 2015. Durante sua gestão no BNB, o banco também atingiu o maior faturamento de sua história.

Adicionalmente, o executivo já foi membro do Conselho de Administração do BRB em 2020, o que lhe confere um conhecimento prévio da estrutura e desafios do banco distrital.

Formação

Nelson Souza é graduado em consultoria empresarial pela Universidade de Brasília (UnB) e possui um MBA em administração e marketing pelo Instituto de Estudos Empresariais do Rio de Janeiro. Sua base acadêmica se completa com graduações em letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e em psicologia pela Faculdade Santo Agostinho, também no Piauí.

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