Diante da crescente demanda de mercado dentro das plataformas eletrônicas e com as mudanças geracionais alterando cada vez mais o formato dos negócios, o micro e o pequeno empresário do Distrito Federal têm buscado maneiras de se adaptar ao competitivo ambiente digital. O cenário até 2030 ainda é avaliado como pessimista, mas para 2040 a perspectiva é de significativa melhora.
Quem apontou o cenário para os próximos 16 anos foram os próprios empresários do DF, que participaram do primeiro encontro do estudo “O Futuro do Varejo no Distrito Federal – Horizonte 2030/2040”. A avaliação da necessidade de adaptação do comércio local às novas realidades do mercado no ambiente digital é um dos focos principais da pesquisa.
O estudo é uma iniciativa da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF) com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae DF). O balanço final com os resultados colhidos no comércio deve ser divulgado entre o fim de outubro e o início de novembro.
O primeiro encontro dos empresários aconteceu na segunda-feira da semana passada (12/08) em um fórum realizado pela CDL-DF para coleta de opiniões com associados, já como parte do levantamento que está sendo feito pela entidade. A expectativa era entender a visão deles para o futuro do varejo na capital nos próximos anos.
A sondagem realizada junto aos lojistas demonstra que ainda há desafios a serem superados para uma adaptação à concorrência do ambiente digital. De acordo com Wagner da Silveira, presidente da CDL-DF, parte do desafio em questão é entender como os micro e pequenos empresários da capital estão se preparando para competir e crescer nas vendas on-line e quais são as melhores maneiras de capacitá-los.
“Nós estamos preocupados com o varejo. Estamos tentando dar perspectivas para eles prepararem seus sucessores para o futuro. Com o resultado da pesquisa, vamos preparar eles, atuar junto ao GDF para poder adaptar o futuro e minimizar problemas que vêm pela frente. Não temos bola de cristal, mas podemos ter a previsibilidade de algumas coisas”, destacou o presidente Wagner.
De acordo com ele, a visão pessimista para os próximos seis anos pelos varejistas associados se deu pela insegurança do cenário político e econômico atual com gastos acima das arrecadações – o que não é um contexto favorável para investidores. Portanto, no curto prazo, a perspectiva não é tão animadora para o setor.
Entretanto, após a reforma tributária, que segundo Wagner pode ser um fator de mudança para um cenário econômico mais favorável, a visão de futuro dos comerciantes pode melhorar.
Adaptação à nova geração
A última geração, Z, segundo ele, já está ditando muito do comércio local, com muita demanda dentro do ambiente on-line. Por ser uma geração tecnológica desde os anos iniciais da vida, com muita inovação no dia a dia, o comportamento do consumidor mudou. Para os que têm entre 12 e 25 anos, o contato com o comércio acontece de maneira inerte, mas muito ativa no digital.
“Temos que adaptar as coisas que estão sendo vendidas para ele com o modo como eles vivem, para melhor atender esse público. Temos que estar evoluindo junto com eles, adaptar a empresa de acordo com eles. As outras gerações ainda têm uma visão mais conservadora, de um outro aspecto de negócio”, afirmou.
Nesse sentido, é preciso conhecer os concorrentes que falam com o público da geração Z, entender o que está fora do ambiente de conforto do comerciante tradicional, conforme destacou o presidente da CDL-DF. “As pequenas empresas que não evoluem não passam de cinco anos. É preciso se adaptar às novas tecnologias. Se não se adaptar, vai ficar para trás e morrer [como negócio]”, afirmou.
“Hoje ninguém mais espera o cliente chegar na loja, mas hoje é a empresa que chega até o cliente dentro da casa dele através do celular, pelo e-commerce, pelas redes sociais e páginas de vendas”, disse.
Por isso, a CDL e o Sebrae se uniram, para além da realização da pesquisa, para também promover cursos e capacitações voltadas para quem pretende atualizar o negócio e se adaptar às novas realidades que são tendência para o futuro do consumo.
História
O projeto da CDL-DF começou há 20 anos com uma primeira pesquisa encomendada pelo então presidente da entidade, Ennius Muniz. À época, foi feita uma projeção de cenário até 2024.
“A ideia agora é aproveitar a expertise e atualizar o cenário, antecipando tendências para os próximos anos, considerando dois períodos: até 2030 e até 2040. Esperamos que a pesquisa seja uma ferramenta essencial para o planejamento dos lojistas”, disse Wagner.