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Carnaval no DF: Dos desfiles das escolas de samba aos blocos tradicionais, relembre a história da festividade no DF

Os desfiles começaram em 1962. Antes mesmo da inauguração de Brasília, pessoas já eram vistas comemorando o carnaval no quadradinho

Redação Jornal de Brasília

17/02/2023 6h14

Brasília – Blocos Baratona e Raparigueiros reunem multidão de pessoas no Eixo Monumental (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Por: Marcos Nailton
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Parte da história de Brasília, o carnaval 2023 vem se aproximando com muita diversão e folia garantida. É difícil achar uma pessoa que nunca tenha ido ou conheça os bloquinhos tradicionais do quadradinho, ou se lembre dos desfiles das escolas de samba. Blocos como Asé Dúdú, Baratinha, Baratona, Raparigueiros, Galinho de Brasília, Mamãe Taguá, Menino de Ceilândia, Pacotão e Suvaco da Asa são alguns que conquistaram os corações dos foliões e que compõem a história do DF.

Os primeiros indícios da festividade na capital são descritos por moradores da época no fim dos anos 1950, antes mesmo da inauguração da capital. Locais como o Brasília Palace Hotel e em acampamentos na antiga Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante, já era possível ver comemorações durante a época da festividade, com pequenos grupos de foliões fantasiados pelas ruas.

No entanto, apenas em 1961 ocorreu o primeiro carnaval do quadradinho, inspirado na festividade do Rio de Janeiro. Naquele ano, a farra tomou conta de clubes do Plano Piloto e da Cidade Livre. A festa era um desejo de Israel Pinheiro, administrador de Brasília na época. Em outubro, foi fundada a primeira escola de samba, a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), criada por moradores cariocas reunidos no Bairro do Gavião, hoje Cruzeiro.

Das quatro escolas que se apresentaram em 1962, apenas a Unidos do Cruzeiro ainda existe. A Aruc conquistou uma hegemonia como pouco se viu nos carnavais do Brasil. Ganhou 31 dos 48 desfiles oficiais dos quais participou. A escola trazia para a avenida 1,2 mil componentes com fantasias luxuosas, no padrão carioca da Sapucaí.

As escolas de samba do DF deixaram de se apresentar na avenida em 2014, tendo a última vencedora a Acadêmicos da Asa Norte, fundada em 1969 e a segunda maior detentora de títulos (7), atrás apenas da Aruc. A pausa se deu devido o governo ter alegado falta de verba para financiar a festividade.

Blocos

A festividade foi crescendo pelas ruas de Brasília, durante muitos anos, a apresentação das agremiações imperava e era ponto alto do carnaval brasiliense, além de servir de base para o fomento do samba na cidade e a disseminação do ritmo também em blocos de rua, como o Pacotão, bloco mais antigo da capital criado em 1978 que satirizava a situação política do país, no período da ditadura militar.

O bloco realizava marchinhas com letras “ácidas” contra políticos e cruzava a W3 sul pela contramão, como forma de protesto. O auge do Pacotão foi em 1984, ano das Diretas Já, quando uma multidão estimada entre 30 e 40 mil pessoas se entregou ao samba. A maioria vestia roupas verde e amarelo carregando mensagens que pediam a volta da democracia.

Em destaque, o mais antigo bloco de frevo da capital, Vassourinhas de Brasília, retorna às ruas após 33 anos. O bloco, que teve seu último desfile apresentado em 1990, foi fundado em 1967, espelhado na força e no vigor que os pioneiros pernambucanos deixaram como exemplo de resistência cultural e conexão com o sonho da cidade.

A presidente do Vassourinhas de Brasília, Gilma Soares, 78, conta que está muito feliz com o retorno do tradicional bloco. A fundadora, natural de Pernambuco, destaca que apesar de sentir falta dos desfiles das escolas de samba, está com a expectativa alta para o carnaval deste ano. “Eu estou muito feliz em ver uma coisa que tinha praticamente morrido e agora volta novamente. Bastante satisfeita de poder rever o bloco depois de 33 anos”, disse.

O bloco realiza um desfile com a presença e participação de membros fundadores no domingo (19) às 15h na altura da quadra 507, na W3 Sul, com muito frevo, maracatu, coco, ciranda, entre outros ritmos da cultura popular brasileira.

Brasília – Bloco de carnaval de rua, Galinho de Brasília embala foliões brasilienses (Wilson Dias/Agência Brasil).

Outro bloco de frevo bastante conhecido na capital, também de origem pernambucana, o Galinho de Brasília, teve seu primeiro desfile em 1992. Para a criançada, a equipe do bloco Baratona criou o Baratinha, a mais antiga festa infantil da cidade, que desde 1990 segue firme e forte até hoje, é sempre celebrado no Parque Ana Lídia, conhecido como parquinho do foguetinho, no Parque da Cidade.

Bailes nos clubes

Outro capítulo da história do carnaval no DF são os famosos bailes nos clubes, que desde os anos 1960 reuniam foliões fantasiados e de rostos pintados que lotavam os salões. As celebrações viveram o ápice nas décadas de 1990 e 2000 embaladas por bandas de axé, mas acabaram perdendo espaço para o carnaval de rua.

O baile de mais destaque que embalaram o carnaval da cidade acontecia no Iate Clube de Brasília, outros locais conhecidos no DF também eram frequentados pela população, como é caso da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), do Minas Tênis Clube, do Clube do Congresso, do Clube Primavera, do Clube Sodeso, do Clube Cite e, de forma mais exclusiva, do Brasília Palace Hotel e do Hotel Nacional.

Retorno do desfile em sambódromo em 2023

Até então, a última edição do carnaval de Brasília, em 2019, reuniu mais de um milhão de foliões nas ruas nos conhecidos blocos, que atualmente dominam a comemoração no DF. À época, havia grande especulação turística sobre o crescimento da capital brasileira como importante destino para curtir o carnaval, freado nos anos seguintes devido à pandemia de Covid-19.

Agora, após nove anos, o desfile das escolas de samba retorna a Brasília. O carnaval será dividido duas vezes, no período tradicional, em fevereiro, e no aniversário de Brasília, em 21 de abril, onde será realizado o desfile. Ao todo, são 21 escolas de samba em todo o DF. Durante esse tempo de pausa, esse gigantesco patrimônio cultural do quadradinho ficou em risco devido à falta de verba e incentivo à festividade.

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