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Brasília

Aos 10 anos de idade, Isadora treina para ser jogadora de futebol; especialista alerta para riscos

Às terças e quintas ela treina na Escolinha de Futebol Vila Real RK, em Sobradinho

Redação Jornal de Brasília

12/10/2022 16h51

Por Gabriel Botelho Dantas e Rayssa Loreen
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

Fora dos campos, a rotina começa cedo, às 7h30. Em casa, ela faz os deveres e depois vai para o treino, que acontece à noite. Isadora Jardim, de apenas 10 anos, se considera muito nova, mas já organiza a rotina para encaixar as atividades do futsal e do futebol de campo da melhor forma possível. Às terças e quintas ela treina na Escolinha de Futebol Vila Real RK, em Sobradinho. Quartas e sábados, a jogadora mirim joga no Núcleo do Minas Brasília. 

“É uma paixão, para mim, jogar futebol. Não canso”, se orgulha Isadora. 

Como tudo começou

Aos três anos, Isadora já dava os primeiros chutes. Um ano depois, começou a ser acompanhada em uma escolinha de futebol. A paixão não surgiu do nada. A jogadora é neta e filha de ex-jogadores profissionais de futebol. A garota explica que o pai foi e é o grande responsável por guiá-la no caminho do futebol.  

“A minha família sempre me apoiou e desde muito pequena eu sempre gostei muito de jogar bola”, contou. Tendo começado na “Equilíbrio e Movimento”, sua primeira escolinha de futsal, e também o local em que estudava, Isa não demorou muito para ser notada. Enquanto estava na Escolinha do RK, foi vista pelo treinador Henrique Acioli, um treinador de futsal, que logo mostrou o próximo passo para ela. 

“O Henrique me viu e me chamou para treinar, e então, participando de vários campeonatos junto com ele, apareceu essa oportunidade de jogar no Minas”, explica. 

Os 10 anos de idade não impedem a jogadora de arriscar o futebol em outras categorias. Isadora já entrou em campo pelo sub-12, sub-14 e sub-15. Ela também encara os meninos pelo sub-10 e sub-11.

“Eu jogo com os meninos né, o que já é um pouco mais puxado. Falo assim porque eles são um pouco mais chatos em alguns aspectos”.

Ela relata que, no começo, enfrentou dificuldades por ser uma menina no meio de tantos garotos, e que, por diversas vezes, teve de lidar com atitudes de colegas como olhares atravessados, e comentários negativos pelas costas. “Com o tempo eu fui adquirindo respeito, de acordo com que eu fui melhorando o meu jogo também, e aí eles foram me respeitando”, se contenta. 

Além disso, Isadora também já chegou, mesmo que de maneiras amenas, a flertar com as lesões. Durante os seus seis anos de futebol, a garota relata que já teve problemas com ambos os tornozelos durante a disputa de alguns de seus campeonatos, e que, além do mais, também já trincou o braço. “Não foi nada grave. Nunca tive uma lesão grave, graças a Deus”.

Apoio fundamental

Para Isa, o suporte dado a ela pela sua família é essencial para que seu sonho possa crescer. Muito presente em relação às questões emocionais e psicológicas da filha, Raphael explica que, além de fazer uso da sua experiência para ajudar da melhor forma possível, está sempre tentando manter os pés da menina no chão. 

“Ensino muito a questão da humildade e da simplicidade para ela, para fazer com que ela entenda os momentos, as dificuldades, para que ela continue respirando essa paixão dela, que é o futebol, mas de forma positiva”, sintetiza. 

Segundo a garota, o apoio do pai, além de direcioná-la, a acalma. Em momentos de dificuldade ou dúvidas dentro de campo, Isadora explica que sempre recorre ao pai para pedir conselhos, tanto em situações em que acha que não se saiu bem, quanto quando chega em casa e ainda quer treinar, no campinho, do jardim.

“Ele sempre me ajuda, faz uns treinamentos aqui em casa, e aí eu fico bem mais tranquila”, sorri.

Além disso, Raphael também faz questão que a filha entenda que é importantíssimo que ela ‘crie casca’, pois, infelizmente, ela vai ouvir algumas coisas ruins, e que vai tomar ‘empurrões’, mas que, independente disso, ainda precisa viver a vida de criança.

“A gente direciona porque sabe que lá na frente vai ter cobrança, mas aqui, a criança continua sendo criança”, explica. O pai acredita que, mesmo que seja super importante aconselhar a filha a dormir cedo na véspera de um jogo, por exemplo, também deve permitir que ela fique a vontade, e que possa brincar, dormir tarde e comer porcaria. “É uma coisa leve, ela faz tudo isso porque gosta, e porque quer”. 

Alertas 

Por conta da pouca idade e da seriedade com que já trata a inserção do futebol em sua rotina, é normal que exista a preocupação acerca da saúde de Isadora. 

O professor Márcio Rabelo Mota, formado em medicina chinesa, acupuntura, biologia e educação física, explica que, para as meninas, o momento correto para introduzir treinos de maior intensidade é a partir dos 11 anos de idade, quando geralmente começa a fase de desenvolvimento.

É nessa fase que, de acordo com o especialista, a criança ou o adolescente pode passar a fazer exercícios de mais intensidade para trabalhar as questões motoras e cognitivas.

Segundo o médico, os pais devem ficar atentos se a criança começar a reclamar de dores. Rabelo explica que o exercício físico é bom em doses moderadas: “se for muito alta fará mal;  se for muito baixa, não fará efeito”.

Por isso, cabe ao profissional que acompanha a criança prescrever a atividade de maneira técnica para que haja uma adaptação, primeiramente, em nível muscular. 

“As crianças devem começar a fazer exercícios depois que acontece uma liberação dos hormônios, que para as meninas, ocorre entre os 11 e 13 anos”.

Segundo ele, nesta idade, já é permitido aumentar os níveis de carga, o que trabalhará as questões motoras e cognitivas, o que faz com que seja, sim, permitido fazer exercícios de força. No entanto, ele salienta que, se a atleta já se lesionou, é porque os exercícios estão sendo feitos com uma sobrecarga maior. 

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