“Eu sei que isso vai moldar o meu futuro”, relata a estudante Hannya Duarte, de 14 anos, única representante do Distrito Federal na 12ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente. Aluna do 9º ano do Centro Educacional 2 (CED 02) de Brazlândia, ela foi classificada em primeiro lugar na competição pelo Centro-Oeste, na categoria Produção de Texto.
O CED de Brazlândia é uma das unidades cívico-militares da rede de ensino do DF composta por 17 escolas que participam da gestão compartilhada entre as secretarias de Educação (SEEDF) e de Segurança Pública (SSP-DF).
O titular da SSP-DF, Sandro Avelar, afirma que o modelo de gestão compartilhada instituído no DF cumpre um papel importante na garantia de espaços saudáveis para o desenvolvimento pleno de crianças e jovens, especialmente nas escolas mais vulneráveis que necessitam de ações mais pontuais do Estado.
“Seguimos confiantes em que as escolas cívico-militares são um modelo de sucesso”, ressalta. “A premiação alcançada pela estudante do CED 02 de Brazlândia, pela 12ª Olimpíada de Saúde e Meio Ambiente, é mais um fruto alcançado pela promoção da cultura de paz nas escolas, com a integralidade de ações das secretarias de Segurança Pública e Educação.”
Incentivo
A olimpíada é um programa educativo promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) voltado ao estímulo de atividades estudantis. O objetivo é fortalecer o desejo de realização de trabalhos que contribuam para a melhoria das condições ambientais e de saúde no país.
No projeto, Hannya foi inspirada pelos conhecimentos da bisavó, Orizia de Jesus, que era curandeira e benzedeira, para fazer um cordel – estilo que engloba, também, os saberes do bisavô, Manoel Duarte, que era repentista, radialista e cantor em Recife (PE).
“É uma sensação de nervoso, ansiedade, felicidade; é uma mistura muito grande, não dá para descrever”, relata a estudante. O projeto, sobre plantas medicinais, recebeu a premiação regional no DF em outubro. Agora, a expectativa está voltada para a cerimônia nacional, que tem previsão de ser realizada entre os dias 24 e 28 deste mês, no Rio de Janeiro.
Para conquistar esse espaço, Hannya contou com uma rede de apoio familiar e escolar. Dentro da rede pública de ensino, a estudante foi auxiliada pelos professores Elton da Silva, de Química e de Recursos de Altas Habilidades, e Luana de Nazareth, de Português.
Segundo Luana, a aluna é engajada dentro de sala de aula e tem o costume de incentivar os colegas a descobrirem suas respectivas áreas de interesse no ambiente escolar.
“Ela está muito à frente da turma”, conta. “Desde o primeiro texto que eu li da Hannya, falei que ela tinha potencial e que precisava investir nisso. A escrita é algo que já está inerente a ela, só precisa de uma inspiração. Em todos os trabalhos dela, sempre tem um poema. É bom ver pessoas como ela, que contribuem para o futuro.”
Habilidade e acompanhamento
Elton reforça que é preciso adaptar o ambiente escolar para dar todo o suporte necessário aos estudantes. “Nós trabalhamos visando ao crescimento do aluno para que ele atinja suas habilidades”, pontua. “A Hannya conseguiu um feito inédito. A escola precisa oportunizar o crescimento e ajudar o aluno a alcançar seus objetivos”.
A diretora da escola, Miriam Cátia Correa Pio, lembra: “Essa escola tem a missão de enriquecer. O aluno vem com a habilidade, e cabe a nós descobrir, enriquecer e posicionar para que ele chegue aos lugares que tem que estar. Acompanhar todo o processo da Hannya faz com que eu me sinta cumpridora da missão de potencializar os alunos”.
Olhos no futuro
Mãe de Hannye, Neslen Rosa Duarte conta que desde muito cedo a filha apresenta habilidades criativas. Ela diz ter ficado surpresa ao saber que tinha feito uma homenagem à família com o projeto premiado.
“Para mim foi muito emocionante”, conta. “Me derramei em lágrimas porque parecia que eu estava ouvindo meus avós. Infelizmente, os dois são falecidos, mas a Hannya cresceu ouvindo histórias sobre eles. Ela ouve as histórias dos mais antigos, dos ancestrais, e consegue transpor. Esse é um dos meus maiores orgulhos. É algo que tento passar para ela: os olhos no futuro e os pés enraizados na tradição e na família.”
Passado o período de premiações, Hannya terá como foco a elaboração de seu livro de literatura juvenil. Recentemente, ela tem compartilhado suas criações em seu perfil no Instagram. “Eu gosto de escrever como uma forma de me expressar”, valoriza. “Acredito muito que isso pode inspirar e incentivar outros alunos a se descobrirem”.
*Com informações da Agência Brasília