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Brasília

Abrigos de idosos adotam mais medidas de proteção

Com visitas restritas, instituições temem que velhinhos fiquem ansiosos ou deprimidos

Larissa Galli Malatrasi

20/03/2020 6h31

Dia do Idoso, especial, Lar dos velhinhos. Glória Neres da Cruz- Nucleo Bandeirante:13-09-2018 Foto: Kléber Lima/Jornal de brasilia

A população idosa faz parte do grupo de risco de infecção pelo novo coronavírus. Por isso, é preciso cuidado e atenção especial ao lidar com os mais velhos nesse momento de pandemia. As casas que abrigam idosos no Distrito Federal estão adotando algumas medidas restritivas para preservar a saúde dos mais vulneráveis.

O Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, suspendeu a visitação do público externo. De acordo com a assistente social Lorena Sidor, foi pedido aos familiares que evitem ao máximo visitar os idosos abrigados lá, e, caso a visita seja indispensável, algumas regras precisarão ser seguidas. “Em casos excepcionais, a visitação está restrita a dois visitantes por vez com duração máxima de 20 minutos. E somente se as pessoas não apresentarem nenhum sintoma gripal”, explica Lorena. Como alternativa, os encontros poderão ser feitos por vídeo chamada.

A saída dos velhinhos também está restrita. Segundo a assistente social, caso o idoso deseje deixar o Lar, ele precisará assinar um termo de compromisso e será submetido a 15 dias de quarentena ao voltar para o abrigo — para isso, a direção do local já disponibilizou uma uma área isolada.

Lorena ainda enfatiza que o número de funcionários reduziu e todos são diariamente vistoriados, além de fazerem uso do equipamento de proteção individual (EPI). Os acolhimentos também estão temporariamente suspensos no Lar do Velhinhos Maria Madalena. De acordo com Lorena, somente idosos que apresentarem exames negativos para covid-19 e h1n1 serão recebidos no abrigo.

Ansiedade

A assistente social disse ao Jornal de Brasília que os idosos abrigados no Lar dos Velhinhos Maria Madalena “não estão reagindo muito bem a toda essa informação.” Segundo Lorena, aqueles que tem entendimento “ficam muito ansiosos ao ouvir nas notícias que o vírus é mais letal para os idosos”. A funcionária do abrigo ainda disse que os velhinhos perceberam uma diminuição nas doações e que a sensação deles é de “esquecimento”.

“Estamos tomando algumas medidas sérias para evitar a ansiedade, como ligar a televisão, por exemplo. Sem o público externo as coisas são diferentes, mas seguimos fazendo as atividades de distração, como dominó, bingo e passeio pela área verde do abrigo”, relata Lorena. Entres eles, os idosos continuam convivendo normalmente.

Casas precisam de doações

Lorena chamou atenção para um problema preocupante. Com a proibição das visitas, o Lar dos Velhinhos sentiu um impacto nas doações. A instituição não tem fins lucrativos e precisa de doações para atender os idosos. “Por causa do isolamento social, nosso trabalhos de captação de recursos, como o bazar, estão parados, então não estamos conseguindo arrecadar dinheiro”, pontua. Segundo Lorena, a ideia é começar um bazar pela internet para garantir uma renda.

De acordo com a assistente social, os itens que mais estão fazendo falta no Lar dos Velhinhos Maria Madalena são produtos de limpeza e higiene, como álcool – líquido e em gel -, água sanitária, fraldas geriátricas, luvas e máscaras; e alimentos não perecíveis. “Estamos abertos para receber doações e temos disponibilidade para ir buscar em domicílio também. Antes de entrar em contato com os idosos, todos os produtos passam por uma triagem para serem higienizados”, frisa Lorena.

Outras instituições

No Lar dos Velhinhos da Associação São Vicente de Paulo de Belo Horizonte, em Taguatinga, as visitas estão totalmente suspensas. Luiza de Abreu, a recepcionista da instituição, informou ao Jornal de Brasília que os idosos foram alertados da situação de pandemia e estão “reagindo bem”. Segundo Luiza, a Defesa Civil do Distrito Federal acompanha todo o protocolo de prevenção adotado pela associação.

Na casa de repouso Videiras, no Núcleo Rural Sobradinho, o regime de visitas está em horário reduzido por tempo indeterminado. De acordo com o diretor Marcos Aurélio Ferreira Vasconcelos, a visitação só pode ser feita no período da tarde e está restrita aos familiares em caráter de extrema necessidade. “Nesses casos, a visita tem duração máxima de 15 minutos em ambiente aberto, o familiar precisa ficar a um metro de distância do idoso e utilizar equipamento de proteção individual. Álcool em gel também está disponível. Mas no geral poucas pessoas estão vindo”, explica o diretor.

Saiba Mais

Marcos também ressaltou que a entrega das medicações necessárias está sendo feita no portão da casa, os exames periódicos dos idosos abrigados foram cancelados e eles só podem deixar o local em caso de emergência. “As visitas de profissionais que são de fora da casa de repouso também foram suspensas, então estamos atuando apenas com aqueles que ficam dentro da casa.

Funcionários que apresentarem sintomas de gripe não deverão ir trabalhar”, completa o diretor.
Segundo Marcos, a equipe explicou a situação para os aproximadamente 30 idosos que residem na casa de repouso. “Eles estão informados, são compreensivos e estão entendendo perfeitamente as medidas”, garante. “Os idosos continuam convivendo entre si e não têm contato com o exterior. Se tiver, ficam em quarentena”, complementa. O diretor ainda destacou que o local oferece atividades como sessões de cinema, terapia ocupacional, jogos e passeio de charrete para atender os idosos.

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