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Brasília

A arte de dar a volta por cima após restrições

Com a liberação de shows, setor se anima com retomada, pois a pandemia afetou diretamente quem mexe com atividades culturais no DF

Mayra Dias

11/10/2021 6h45

Atualizada 13/10/2021 18h59

Com a divulgação do decreto governamental publicado no último dia 21 pelo Governo do Distrito Federal (GDF), os artistas poderão voltar a se apresentar em eventos e shows presenciais. “Sinto-me esperançosa. Com a vacinação completa e com os cuidados de segurança, podemos retomar com as atividades artísticas que, como percebemos durante a pandemia, são fundamentais para nossa sociedade. A arte como um respiro”, compartilha Alana Ferrigno, atriz da companhia de Teatro Estupenda Trupe.

Desde março de 2020, início da pandemia de covid-19 no país, as atividades culturais foram oficialmente interrompidas e, com isso, uma crise financeira envolvendo a categoria ganhou força. “Foi um momento terrível em todos os sentidos. Graças a Deus não tive que vender instrumentos ou desfazer de algum bem, diferentemente de vários amigos músicos que tiveram que recorrer a isso”, diz Arkson Rangel, músico e presidente da Associação dos Defensores das Culturas Regionais e não igreja evangélica (ADCR). Diante de tal cenário, no ano passado, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) chegou a lançar o programa Conecta Cultura, com três editais emergenciais de R$ 4,5 milhões para atenuar a rotina da comunidade artística. “Me mantive graças a participações em algumas lives como músico e outras como produtor executivo, inclusive sendo uma delas por meio de parceria com a Secec”, relembra o profissional.”

Foi a partir da inovação garantida pela digitalização de conteúdos, assim como a coragem e garra de artistas que não abandonaram as suas produções, que uma revitalização, mesmo que mínima, foi possível. “Eu me reinventei com meus parceiros de trabalho. Muitas atividades online e estudo para criação de obras teatrais virtuais. Me mantive através de patrocínios de espetáculos, oficinas teatrais que continuaram de forma online”, relembra a atriz Alana. Ela conta ter participado de espetáculos, oficinas, além de vários festivais nacionais. “Um benefício dessa reinvenção é a criação de obras artísticas sem fronteiras, aumentando o público atingido”, completa a artista.

Caos no setor

O Distrito Federal é berço de centros culturais e de múltiplas expressões artísticas extremamente significativas para o ramo, e que enriquecem o cenário cultural não apenas da capital, mas de todo o país. De acordo com a pasta responsável, dos editais emergências, o FAC Prêmios Brasília 60, de R$ 2 milhões, distribuiu a quantia de R$ 4 mil para 500 artistas, enquanto o FAC Apresentações Online validou mais R$ 2 milhões para 86 projetos com potencial de geração de 3.100 empregos diretos e indiretos. “O setor cultural foi a primeira vítima da covid-19”, afirma o secretário Bartolomeu Rodrigues.

“Nosso empenho venceu qualquer burocracia, com a secretaria trabalhando dia e noite para dar celeridade ao rito de todos os editais, inclusive todos os incisos da Aldir Blanc”, destacou o dirigente. Bartolomeu completou ainda que os recursos do FAC foram utilizados da melhor maneira possível, através de parcerias com o governo federal. “Investir em cultura é investir em desenvolvimento humano e econômico”, completou o secretário.

Carnaval: do descarte à cautela

Na última terça-feira (5), o secretário Bartolomeu Rodrigues foi enfático ao declarar que o cenário ainda não permite ter total total segurança para um evento do gênero em Brasília. Apesar da decisão final estar a cargo do governador Ibaneis Rocha (MDB), o gestor disse que a secretaria está “com os dois pés no chão”, e que, se fosse colocado os recursos públicos para as festas, não daria mais tempo para realizar o chamamento.

“Estamos, cautelosamente, aguardando. Não podemos ‘cravar’, agora, se terá ou não, visto que o vírus continua matando”, afirmou, para o JBr, o secretário de cultura. “Apenas o avanço da vacina, e os seus resultados que virão nos próximos meses, poderão nos mostrar como será”, complementa. Enquanto isso, ele diz estarem adotando medidas para que as agremiações carnavalescas que já foram muito prejudicadas, tenham meios para se manter.

Concordante com a opinião de Bartolomeu, o médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, Victor Bertollo, avalia que o momento ainda pede cautela. “É cedo para tamanha aglomeração. Estamos com uma cobertura baixa de D2 e a circulação da variante Delta já está bem grande”, explica. Tal variante, como informa o especialista, impacta na proteção trazida pelas vacinas. “Esses eventos tendem a aumentar a transmissão da Delta”, acrescenta. Para ele, pensar nessa possibilidade deve vir apenas após uma maior cobertura da segunda dose na população adulta.”

Saiba Mais

Após as contribuições do governo e a criatividade dos artistas para se reinventarem e conseguirem se manter no momento mais crítico, as expectativas com o retorno estão altas. “Recebi essa notícia da melhor forma possível, com muita alegria. Sempre achei que fosse possível sim aliar o trabalho com responsabilidade no cumprimento das normas e protocolos sanitários”, avalia o músico Arkson Rangel.

Quem também diz estar pronto para essa retomada é o coreógrafo e idealizador do estúdio de talentos 61K, King, que realizou uma reinvenção em sua carreira e chamou a atenção para os empregos de todos os envolvidos com os eventos de Funk na cidade.

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