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Brasília

30% da renda vai para o aluguel no Centro Oeste, aponta pesquisa

É o que indica pesquisa feita pelo QuintoAndar com o Instituto Datafolha. No DF, 29,6% dos domicílios são para locação

Vítor Mendonça

24/06/2022 5h48

Você sabia que o IGP-M não é a inflação do aluguel?

Foto: Divulgação

Os moradores do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul gastam, em média, cerca de 30% da renda com o pagamento do aluguel. É o que indica a pesquisa realizada pelo Censo de Moradia da plataforma QuintoAndar em parceria com o Instituto Datafolha. Na região Centro-Oeste, que abrange os estados citados, a média do aluguel é de R$ 640,00.

A média brasileira quanto ao pagamento de aluguel é de R$ 646,00 mensais. A região Centro-Oeste, portanto, fica abaixo da média nacional e ocupa a terceira posição tanto no valor pago do aluguel – atrás do Sudeste e Sul – quanto no comprometimento da renda dos cidadãos com o compromisso financeiro – atrás das mesmas regiões.

Dentre as regiões brasileiras, aquela com o maior gasto médio mensal e maior comprometimento da renda com o pagamento do aluguel, respectivamente R$ 824,00 e 34%, é o Sudeste. Do outro lado do ranking, em último lugar, está o Nordeste, com preço médio pago em R$ 400,00, que requer desembolso de 27% do orçamento familiar.

No DF, de acordo com Ovídio Maia, presidente do Sindicato da Habitação da capital (Secovi-DF), a média de locação sempre esteve entre as maiores do país justamente por ser uma região que atende a muitos servidores públicos e residentes do Entorno. De acordo com ele, muitos que moram de aluguel no DF têm casas próprias em outras regiões, deixando as residências na capital apenas para fins de logística profissional.

Conforme a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD) de 2021 da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), atualizada mês passado, os domicílios alugados no DF correspondem a 29,6% dos imóveis, sendo 284.759 residências catalogadas com este tipo de ocupação.

“É um dos maiores do país. Isso é fácil de explicar porque é um universo muito grande de pessoas que vêm para o DF [com diversos interesses]”, disse Ovídio. Ele explica que os imóveis mais buscados normalmente são os de 1 ou 2 quartos, com uma rapidez de compra, venda e locação muito alta.

Em relação ao comprometimento da renda do brasiliense, a recomendação feita pelas imobiliárias e pelo presidente do sindicato é que o valor pago no aluguel não ultrapasse os 25% da renda pessoal de quem paga essa conta na dinâmica familiar. O entendimento é que esta é uma margem segura para que, em situações inesperadas e imprevistos, o pagamento ainda possa ser efetuado sem grandes riscos ou maiores comprometimentos no orçamento.

Ovídio entende, no entanto, que, na prática, o cenário pode se apresentar de outra maneira, uma vez que, após a pandemia, a dinâmica do uso do imóvel se mudou em relação ao que era vivenciado antes da covid-19. “Antes a maioria das pessoas tinham a casa e o apartamento quase como dormitórios apenas, usando os outros espaços da casa mais durante o fim de semana. Depois da pandemia, as necessidades e preferências mudaram muito, o que gerou uma dança das cadeiras no mercado”, destacou.

Busca por conforto

Nesse contexto, portanto, a funcionalidade para o novo padrão de vida virou prioridade para muitos. No caso de Beatriz Chiarelli, de 23 anos, que mora no Guará com a irmã, a necessidade de um espaço maior para as duas é o principal motivo para ambas procurarem um novo apartamento. Atualmente, o aluguel no Polo de Modas da cidade compromete cerca de 20% da renda da desenvolvedora web.

Entretanto, a nova residência que buscam deverá corresponder a cerca de 40% do orçamento e terá dois quartos, garantindo para as irmãs maior privacidade, conforto e lazer. “Hoje vivemos numa kitnet simples com sala e cozinha juntos, um banheiro e um quarto, basicamente. […] É um lugar com mais segurança também, com uma garagem, dentro de um condomínio”, afirmou Beatriz.

“Nesse período de pesquisa, eu percebi que está tudo muito caro, chegando aos mesmos preços de apartamentos da Asa Sul, por exemplo. […] [Em pesquisas anteriores] achava apartamentos mais baratos. Não sei dizer se são preços justos, mas estão mais caros”, afirmou. O novo imóvel que procuram, porém, não compromete os gastos essenciais da vivência na casa.

Para compensar o maior valor a ser destinado para o aluguel, as irmãs conversaram e acordaram que diminuiriam o consumo em shows e festas, ou apenas as saídas em geral. “Mas eu acho que saíamos mais porque o apartamento não é tão bom, então não queremos ficar muito tempo nele. No outro teremos mais qualidade de vida e não vai ser ruim ficar em casa. Teremos qualidade de vida”, explicou.

No geral, o presidente da Secovi afirma que os preços estão dentro da normalidade e estáveis na maior parte do DF. O mercado pode variar de acordo com a oferta e com a demanda. Se há maior demanda que ofertas, os preços tendem a aumentar; se há maior oferta que demanda, por outro lado, os valores tendem a diminuir para atrair a clientela.

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