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Vinhos e Vivências
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O retorno das feiras e eventos internacionais de vinhos após dois anos de pandemia

Desde o início de 2020 as principais feiras de vinhos do mundo, deixaram de acontecer em virtude da pandemia e agora começam a voltar

Cynthia Malacarne

11/03/2022 16h49

O retorno das feiras e eventos internacionais de vinhos após dois anos de pandemia

Entrada da Wine Paris. Foto: Cynthia Malacarne

É verdade que o consumo per capita de vinho aumentou, em todo o mundo, desde o início da pandemia. No Brasil, podemos afirmar que além de ter crescido o consumo da bebida, o consumidor começou a aprimorar seus hábitos de consumo, investindo em cursos, comprando produtos mais caros, conhecendo novas variedades de uvas e países produtores. Há que se destacar que o consumo de vinhos nacionais também aumentou consideravelmente.

Desde o início de 2020 as principais feiras de vinhos, em diversos países do mundo, deixaram de acontecer em virtude da pandemia. Em outubro de 2021 houve tentativa da Vinitaly, principal feira de vinhos italianos, de realizar edição especial, bem reduzida, diferente da tradicional.

Retomada

Em fevereiro deste ano aconteceu a Wine Paris – Vinexpo, França, principal evento do grupo Vinexposium, na Expo Porte de Versailles, marcando o retorno de grandes eventos comerciais na indústria do vinho, após um hiato de dois anos. A feira durou três dias e foi pontuada por degustações, aulas, debates e reuniões de negócios.

A Wine Paris – Vinexpo – contou com 2.864 expositores de 32 países e mais de 25.700 visitantes, de mais de 100 países, passaram pela feira. Grande parte dos visitantes eram pessoas envolvidas no mercado do vinho. Além de produtores franceses, também houve a participação de outros países como Portugal, Itália, Alemanha, Espanha, Áustria, dentre outros. A feira era dividida em seis pavilhões, sendo cinco destinados aos vinhos franceses, divididos em regiões, e um pavilhão chamado de “Internacional” dedicado aos vinhos de outros países.

Em virtude da pandemia foi adotado um modelo de negócio diferente, segundo o qual todas as reuniões, entre os importadores e os produtores, eram marcadas com antecedência, por meio da página web do evento. E o meu comparecimento a essas reuniões, como o dos demais negociantes, era monitorado pelos organizadores, que conferiam se estávamos cumprindo o nosso compromisso com os expositores.

Fui à Wine Paris com o objetivo de trazer mais vinhos brancos para o Brasil e de aumentar o número de produtores de regiões vitivinícolas francesas, que agora se tornaram muito procuradas no Brasil. Dentre essas regiões destacam-se: Jura, Savoie, Alsácia e Loire.

Realmente pude comprovar que a procura por vinhos brancos aumentou bastante, não só no Brasil, mas também em outros países. Havia uma procura grande por vinhos das castas brancas Chenin Blanc (Loire) e Aligoté (Borgonha) e pouca oferta. Algumas regiões se sobressaíram. Sugiro aos consumidores brasileiros, que gostam de vinhos franceses, que busquem vinhos de algumas regiões e ou denominações de origem, não tão conhecidas por aqui, como:

  • Jura
  • Savoie
  • Anjou (Loire)
  • Condrieu (Rhône)
  • Beaujolais (neste caso os vinhos Cru du Beaujolais)
  • Savennières (Loire, vinhos elaborados com a variedade Chenin Blanc)
  • Sancerre (Loire, vinhos elaborados a partir da casta Sauvignon Blanc)

Feiras e degustações de vinhos no Brasil

Quanto aos eventos de vinhos, no Brasil, a expectativa é que neste ano, feiras e degustações comecem a voltar. Já é possível ver um movimento de retomada neste cenário do vinho.

Em Brasília, na próxima semana, dia 16 de março, acontecerá o lançamento da 24ª edição do guia Descorchados, no hotel Golden Tulip Alvorada, com degustação de vinhos.

O Guia Descorchados é o principal guia de vinhos da América do Sul, com avaliações de rótulos da Argentina, Chile, Uruguai e Brasil. O guia de 2022 será composto por um Box exclusivo com três volumes repletos de informações, recomendações e avaliações de vinhos das principais vinícolas sul-americanas, escrito pelo idealizador do projeto, Patrício Tapia.

Em virtude da atual situação, e com o intuito de respeitar os protocolos de segurança sanitária, foram disponibilizados apenas 60 ingressos ao público em geral, que se esgotaram no mesmo dia do lançamento. Assim, para quem não conseguir ir ao evento sugiro a compra do guia para se manter informado sobre o mundo do vinho na América Latina.

PRESSORIA MUSEU – Viagem sensorial no coração da região de Champagne, na França

Há menos de um ano abriu o museu Pressoria, a mais nova atração cultural para quem visita a região de Champagne, na França. Localizado aos pés das montanhas da cidade de Aÿ, rodeado por vinhedos, em uma área tombada pelo patrimônio histórico da UNESCO.

Pressoria foi construído em um antigo centro de prensagem da casa de champanhe Pommery. O museu combina a arquitetura original, antiga, com o interior moderno e digital.

O edifício foi transformado num espaço contemporâneo, no qual elementos arquitetônicos e tecnologia lúdica proporcionam uma experiência interativa, enquadrada pela luz, espaço, paisagem, história, arte, ciência e finalizada com a degustação.

O museu possui dois andares e leva os visitantes a uma jornada que vai desde a “terra à efervescência”. Logo que entra no museu o visitante se depara com um vídeo que explica como ocorreu a formação do solo da região de Champagne.

O solo é composto predominantemente por calcário, com rochas sedimentares compostas por giz, marga e calcário. Este solo foi formado ao longo de centenas de milhares de anos, e o visitante pode acompanhar toda essa evolução por meio do vídeo exibido em uma parede. Uma escultura monolítica de giz demonstra a influência deste solo na terra e nas videiras.

Em outra sala, uma exposição explora o perfume das flores de champanhe, um famoso acontecimento, sazonal, de curta duração que ocorre na natureza, mas que no museu o visitante pode experimentar.

Ao longo das instalações interativas os visitantes se sentem parte da terra, das videiras, da vindima e da efervescência do champanhe.

Após percorrer todas as salas, o visitante chega ao bar, com vista para os vinhedos, decorado com lâmpadas no teto, que imitam as bolhas do champanhe, e é convidado a degustar dois champanhes de diferentes produtores.

A experiência não poderia terminar melhor, degustar um champanhe feito ali naquela região lindíssima e com uma vista de tirar o fôlego, é indescritível. Para os apaixonados por champanhe, esse é um destino obrigatório.

Finalizado o passeio ao Pressoria, o turista pode aproveitar para conhecer algumas vinícolas em Aÿ. Sugiro que marquem o tour e degustação com antecedência.

Dica importante

Para quem visita Paris, e gostaria de conhecer o Pressoria, é possível fazer um passeio de ida e volta no mesmo dia. Diariamente, há trem saindo da estação Gare d’Lest para Epernay, e o trajeto dura em média 1:20h e o valor da passagem é 24 euros por cada trecho. A visita ao museu deve ser agenda com antecedência e o valor do ingresso é 16 euros, que inclui a visitação e degustação final.

Para maiores informações acessar o site do museu: https://www.pressoria.com/

Harmonização da semana – Espumantes

Como hoje contei um pouco da minha experiência na região de Champanhe, vou falar um pouco de como harmonizar espumante com comida. Entretanto, vamos falar dos espumantes brasileiros. O Brasil produz excelentes espumantes e nós, consumidores, deveríamos consumir mais este vinho.

O espumante é muito versátil e podemos harmonizá-lo desde as entradas até a sobremesa. Para isso devemos prestar atenção na acidez e nos níveis de açúcar residual, para uma harmonização perfeita.

Classificação dos espumantes quanto a quantidade de açúcar residual:

  • Doux (doce) – mais de 50 gramas de açúcar por litro.
  • Demi-Sec (meio seco) – 32-50 gramas de açúcar por litro.
  • Sec (seco) – 17-32 gramas de açúcar por litro.
  • Extra dry (extra seco) – 12-17 gramas de açúcar por litro.
  • Brut – menos de 12 gramas de açúcar por litro.
  • Extra Brut – 0-6 gramas de açúcar por litro.
  • Brut Nature, ou Pas dosé, ou Dosage zéro – contêm dosagem zero ou menos de 3 gramas de açúcar por litro.

Vou criar um cenário, imagina, num dia de calor, você está organizando um almoço com o seguinte cardápio:

Entrada: queijos, embutidos, patês e pães – Espumante Brut

Prato Principal 1: Feijoada – Espumante Extra Brut ou Espumante Nature, aqui a acidez desses espumantes ajudará na digestão da feijoada, também irão refrescar tornando a refeição mais agradável.

Prato Principal 2: Peixe ou prato vegano – poderão ser mantidas as opções anteriores. Sempre tem algum convidado que não come feijoada, ou carne, e neste caso você não precisará mudar o espumante.

Sobremesa: frutas frescas, pudim, pavlova, banoffe, ou outra – Espumante Demi-Sec.

Dicas de Espumantes Nacionais

Os preços indicativos, podem sofrer alterações, conforme o estabelecimento onde forem comprados.

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