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Você gerencia suas crenças ou elas te gerenciam?

Com que frequência você minimiza o que você é/faz/tem? E o quanto você maximiza esse pensamento sobre você mesmo?

Luana Tachiki

23/05/2023 18h03

Atualizada 24/05/2023 11h39

Acompanhe a leitura com a transcrição em áudio:

Todos cremos em algo, inclusive sobre nós mesmos. Acreditamos que somos competentes, sagazes, ousados, corajosos, guerreiros, fortes. Mas também podemos pensar o contrário: que somos incapazes, fracos, incrédulos, ruins naquilo que fazemos de melhor. Todas essas afirmativas são factuais em determinados momentos das nossas vidas. Mas com que frequência você minimiza o que você é/faz/tem? E o quanto você maximiza esse pensamento sobre você mesmo?

“Se você pensa que pode, ou se pensa que não pode, de qualquer maneira você está certo.”

Autor desconhecido

Na Bíblia Sagrada, livro mais vendido do mundo, diz-se sobre o que o criador de tudo e todos pensa sobre nós: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e sub julguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra'”, traz Gênesis, cap. 1:27-28.

O próprio criador da humanidade fala neste livro o que pensa sobre nós. No entanto, somos seres com poder de escolha. Escolhemos o sapato, a roupa, o tipo de corte de cabelo, com quem vamos nos casar, em qual casa vamos morar, que profissão iremos exercer… e também temos a opção de escolher os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes.

Quando nutrimos sentimentos de perdas, frustrações e fracassos, colecionamos traumas na alma e na mente. Esses traumas cristalizam e formam nosso comportamento e até o nosso caráter.

Para tratamento das nossas “dores” internas, é fundamental a identificação e o autoconhecimento. A pastora da Igreja Batista Sobrenatural, palestrante, coach especialista em familia e terapia de casais Seleide Neri fala que Deus criou a família pra ser um lugar de amor, mas quando não há amor nela, os traumas serão reverberados na fase adulta e, para sermos curados, precisamos primeiramente confrontar nossas dores.

“Deus criou a família para ser um lugar de amor. A família é o melhor lugar para aprendermos a amar o outro da forma como Deus ama a cada um de nós. Mas nós, muitas vezes, fazemos nossas escolhas baseadas nas nossas emoções e isso vai escrevendo a nossa história. Tudo começa com os pais, com a nossa família. O extremo do amor e o extremo da indiferença fere os filhos e deixam marcas na sua personalidade. Encare a realidade. Doi encarar, mas cura! Você precisa ter força e decisão pra fazer isso. Não ficar guardando seus traumas, mas confrontar essa realidade. O choro do remorso não move nada”, afirma Seleide, que também é psicóloga em formação.

Seleide Neri. Foto: Divulgação

O juiz Edilson Enedino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), faz questão de lembrar, sempre, sua trajetória: de vendedor de bananas a Juiz de Direito, professor, preletor, escritor, pastor, mestre e doutor em psicanálise. Ele também fala sobre os traumas nos sentimentos.

“É muito comum um líder dar um conselho e ser recebido como uma crítica; um marido falar pra esposa e ser recebido de maneira distorcida; a esposa falar pro marido e ele desconsiderar, mas quando outra pessoa de fora fala a mesma coisa, ele enxergar como uma solução”, exemplifica o magistrado. “O sentimento traumatizado bloqueia as percepções. Quem fica com sentimento traumatizado entende errado, julga errado”, completa.

Juiz Edilson Enedino. Foto: Reprodução/Facebook

Sinais comportamentais de quem possui trauma nos sentimentos:

  • 1 – comprometimento no apetite;
  • 2 – dificuldade para dormir;
  • 3 – dificuldade para prestar atenção ou se concentrar;
  • 4 – dores de cabeça;
  • 5 – agressividade;
  • 6 – problemas de interação nas relações interpessoais;
  • 7 – comportamentos regressos (agir como era na infância, adolescência…);
  • 8 – dor de estômago.

Sinais emocionais ocasionados pelos traumas:

  • 1 – raiva/irritabilidade;
  • 2 – ansiedade;
  • 3 – angustia emocional extrema;
  • 4 – depressão;
  • 5 – choro inconsolável;
  • 6 – pesadelos;
  • 7 – tristeza;
  • 8 – isolamento.

A crença é uma realidade que criamos no percurso da nossa vida. Ela define o nosso comportamento. Os fortes impactos emocionais que adquirimos durante o processo de formação da nossa personalidade irão definir os valores que temos sobre nós mesmos.

Para nos libertar de crenças que nos limitam de sermos o melhor de nós, precisamos de algumas chaves. Aqui vão dez exemplos:

Autoconhecimento – saber a origem dos traumas nos sentimentos e os gatilhos emocionais que nos marcam de forma positiva e/ou negativa.

Aceitação – reconhecer que somos seres únicos, cada um com sua digital fisiológica, psicológica e mental. Somos iguais por sermos diferentes. E todos temos qualidades e defeitos.

Perdão –  para a psicóloga Maria Lúcia Rodovalho, especialista em terapia familiar sistêmica e conferencista internacional na área de crescimento emocional e formação de liderança, o perdão é uma chave libertadora, essencial para se desligar das prisões emocionais e seguir em frente. Em seu livro “Reconstruindo Sua Vida Emocional”, ela, que também é bispa da comunidade evangélica Sara Nossa Terra, diz:

“A mágoa fragiliza o ser humano. Não só a mágoa que temos de nossos pais, irmãos, de alguém que nos fez mal, mas a mágoa que temos de Deus… isso rouba a nossa energia de vida e a nossa alegria de viver. A pessoa presa na mágoa é triste e envelhece mais rápido de cordo com estudos. As pessoas não gostam de admitir que estão feridas porque, se o fizerem, se sentirão inferiores às pessoas que as ofenderam. Quando pedimos perdão e recebemos perdão por algo que fizemos, logo sentimos um imenso alívio. Do mesmo jeito que desfrutamos receber o perdão e seu alívio, devemos perdoar o próximo. A mágoa é um dos sentimentos mais poderosos que o ser humano pode ter e ela pode ser tão poderosa quanto o amor. O amor transforma e cura o homem. Entregar nossas mágoas, que nos aprisionam ao passado vai abrir espaço para termos novos pensamentos e relacionamentos próspero, adequados e supridores.”

Amor – é preciso saber que sem essa atitude não se pode colher bons frutos da vida e que amar é uma escolha, uma decisão, e não um sentimento. “Podemos e precisamos escrever nossa própria história, mesmo que esta seja diferente da história da nossa família. Podemos e devemos ser diferentes. Amar significa desistir de controlar a vida de quem amamos, desistir de tentar fazer com que o outro seja aquilo que gostaríamos que ele fosse”, diz a bispa Maria Lúcia Rodovalho.

Mindset de crescimento – é sair da esfera da mentalidade fixa: “minha situação nunca vai mudar”, “nunca vou conseguir”, ” sempre acontece o pior comigo”, “as pessoas nunca reconhecem meu valor”… E entrar para a esfera do pensamento flexível: “eu não sei fazer, mas posso me capacitar”, “ultimamente as coisas boas estão difíceis de acontecerem, mas dias melhores virão”, “eu não tenho o que gostaria, mas isso não me define porque é algo temporal”.

Ter uma mentalidade aberta para o novo, muitas vezes significa perder para ganhar, deixar o velho para um novo ciclo se iniciar.

Paciência – nunca é no nosso tempo, já percebeu? William Douglas, considerado o guru dos concursos públicos, fala: “Não estude para passar num concurso, estude até passar”.

Não é quando queremos algo, mas quando o universo decide nos entregar nossas conquistas. Toda conquista é certa, só não sabemos quando. Fomos gestados em nove meses, por que não sabemos esperar? Quando plantamos uma semente, precisamos esperar a germinação dela. Não esperar passivamente, mas regar essa semente todos os dias. Entramos na escola e esperamos um ano inteiro de prova em prova até passarmos daquela fase e irmos para outra. O tempo inteiro a vida nos ensina esses ciclos, mas nós quase nunca entendemos o valor do tempo dessa espera. Se arrancamos o fruto verde, ele estará amargo, pequeno e difícil de mastigar, porque não estará no tempo correto para comê-lo.
Saber esperar é ter maturidade pra receber na hora certa e não na hora que queremos.

Confiança – é ter convicção. É crer no impossível, ter fé. É acreditar em si mesmo. É saber o seu valor, a sua identidade, as suas origens e não ter vergonha delas. É amar-se a si mesmo. É amar o seu propósito de vida. Saber que é capaz de fazer algo. Confiança é o oposto de ansiedade. Só assume riscos quem possui essa habilidade.

Aprenda a receber – existem pessoas que estão com a alma tão marcada e ferida, machucada por pessoas que as magoaram, que não conseguem receber sequer um elogio, um abraço, um sorriso e uma saudação de bom dia. Elas ignoram, desconfiam, ou simplesmente não aceitam. Estão na defensiva grande parte do tempo. Aprenda a receber gestos de bondade, carinho e generosidade sem desconfianças, incondicionalmente.

Sorria mais estudos comprovam que sorrir liberam hormônios do bem-estar e prazer, como endorfina e serotonina. O sorriso abre portas. Quantas vezes desviamos nosso caminho de pessoas fechadas que escolheram viver enclausuradas em si mesmas, presas em suas emoções e afazeres da vida e não se abrem porque simplesmente fecham seus semblantes? É difícil se aproximar, tentar dialogar com quem não dá abertura. O sorriso tem a capacidade de contagiar vidas. Com um simples sorriso, você pode fazer o dia de alguém infinitamente melhor.

Coragem é ir como medo mesmo – essa é uma chave milagrosa para as nossas emoções. Coragem é o oposto de medo. “Não precisamos nos sentir mal por não sermos corajosos, por termos temores; o importante é descobrir a chave da coragem para não deixar que os nossos medos paralisam nossas vidas. A coragem nos ajuda a correr riscos, que é o oposto de medo. Infelizmente, nesse mundo, as pessoas têm perdido a noção do valor da verdade e da honra e se tornado cada vez mais desconfiadas. Muitos de nós vivemos sem realmente ser, ou mostrar, nossa essência, como Deus nos criou. Nós aprendemos, no meio da batalha da vida, a nos esconder de nós mesmos e dos outros”, bispa Lúcia. Precisamos assumir que viver é um risco e já que estamos vivendo, vamos vestir a roupa da coragem.

Bispa Maria Lúcia Rodovalho. Foto: Divulgação

E você, tem gerenciado suas crenças? Ou são elas que gerenciam você?

“Esforça-te, tenha bom ânimo e seja corajoso.”

Josué 1:9

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