Já tentou persuadir alguém apenas pelo impulso do efeito manada ou por obrigação? Difícil, né? Ninguém compra uma ideia quando percebe que quem a vende não transmite confiança ou convicção.
Pense naquele vendedor que empurra produtos só para garantir a comissão. Você pergunta se o item é bom e ele responde: “É ótimo, muito bom!”. Mas a falta de emoção, o olhar desviado e a fala sem firmeza denunciam: nem ele acredita no que está dizendo.
Agora imagine alguém que realmente experimentou o produto e gostou. Sua linguagem corporal muda — o corpo se alinha ao discurso, o olhar é firme, os gestos são naturais e a voz ganha entusiasmo. A congruência entre o que se diz e o que se demonstra é o que realmente convence.
A verdade é simples: dificilmente alguém é capaz de convencer o outro de que algo é bom sem antes ter “comprado” a própria ideia. Seja um produto, uma crença ou uma postura.
Como persuadir alguém a se posicionar politicamente se você mesmo não tem clareza sobre sua posição? Ou incentivar alguém a seguir o cristianismo se você discorda de pontos centrais da trajetória de Cristo?
O mesmo vale para quem tenta defender o veganismo, mas abre exceção para o churrasco do fim de semana. Ou para quem exige pontualidade da equipe, mas vive chegando atrasado.
Até nas pequenas coisas isso se aplica: não adianta recomendar o leite desnatado como mais saudável sem saber explicar o motivo — o discurso não se sustenta sem convicção e coerência.

Para convencer alguém, é preciso acreditar genuinamente no que se diz. É impossível transmitir algo que você mesmo não comprou.
Em suma, a persuasão exige alguns elementos fundamentais:
- Congruência entre discurso e linguagem corporal: não dá para dizer que adorou o presente cruzando os braços e revirando os olhos. Isso quebra o sentido da fala.
- Emoção: quem convence sabe que seu argumento é bom. Fala com entusiasmo, entrega e brilho nos olhos.
- Coerência no comportamento: é incoerente dizer que não quer morar fora do país enquanto vive curtindo conteúdos de quem largou tudo para viver essa experiência.
- Firmeza no discurso: não dá para se declarar contra o aborto e, diante de discordâncias, adaptar a fala para concordar “em alguns casos”.
Para persuadir, é preciso antes comprar a própria ideia. Você não convence alguém a usar uma marca de sabão se nem acredita que ela é a melhor.
Persuasão é uma ferramenta poderosa, mas exige alinhamento entre o que se fala e o que se pratica. Antes de tentar convencer alguém, observe: há congruência, emoção, convicção e coerência no seu discurso e comportamento? Se sim, parabéns — você domina o poder da persuasão. Se ainda não, tudo bem. O primeiro passo é adquirir o conhecimento, o segundo é aplicar.