Muitos acreditam que improvisar é sinal de despreparo durante uma apresentação ou discurso. Mas será que é só isso? Na realidade, podem existir as duas situações.
Quando um palestrante é convidado para falar, parte-se do pressuposto de que ele seja um especialista no assunto. Ou seja, já domina o tema. Ainda assim, mesmo com a agenda apertada, precisa se preparar — e isso inclui levantar informações sobre a plateia: faixa etária, perfil social, desejos, necessidades. Esses dados básicos ajudam o orador a se comunicar de forma mais assertiva.
Mesmo em apresentações já estruturadas, o levantamento prévio pode alterar o rumo da palestra. É nesse ponto que entra o improviso: não existe improviso do nada, sempre há um ponto de partida, um conhecimento mínimo. Se o palestrante se preparou parcialmente e precisa adaptar seu conteúdo a um público específico, não significa que esteja despreparado se surgir uma pergunta inesperada. Nesse momento, entra o jogo de cintura: saber lidar com o imprevisto.
O orador pode recorrer ao próprio repertório — experiências de vida, conhecimento técnico ou cultural — para conduzir a situação. Pode ainda devolver uma pergunta aberta, ganhar tempo, recolher informações e seguir adiante. O que não pode é simplesmente admitir desconhecimento sem estratégia. Em vez disso, pode assumir que não tem a resposta naquele momento de forma elegante e profissional, como:
“Puxa, interessante esse ponto. Nunca pensei por essa ótica. Posso verificar melhor e te responder depois? Passa seu contato para minha produção, quero checar a informação antes de te dar uma resposta.”
Com uma condução desse tipo, dificilmente haverá uma reação negativa da plateia; ao contrário, a postura desperta compreensão e respeito.
Já o verdadeiro despreparo ocorre quando o palestrante não busca qualquer informação sobre o evento: quem promove, qual o objetivo, quem é o público, quantas pessoas estarão presentes, por que foi convidado e qual será o tema. Detalhes básicos, mas que muitas vezes são ignorados por falha de comunicação entre organizadores e palestrante, ou pela correria que impede o alinhamento prévio. Em situações extremas, até a timidez do organizador pode dificultar a troca de informações, deixando o convidado perdido e comprometendo sua reputação e a experiência da plateia.
Os grandes vilões do improviso são:
- falta de comunicação entre organizadores e palestrante;
- desconhecimento do público;
- convite feito a alguém que não é especialista no tema;
- má relação entre palestrante e organização.
Em suma, o orador preparado sabe usar estratégias de improviso para lidar com o inesperado. Já o despreparado geralmente não recebeu as informações necessárias e não tem experiência suficiente para demonstrar jogo de cintura.